sábado, 8 de fevereiro de 2014

EXÉRCITO VAI DESATIVAR DESTACAMENTOS NA FRONTEIRA




TV CENTRO OESTE, 31 de janeiro de 2014 – 08h24


O destacamento do Exército na localidade de Corixa, em Cáceres, será desativado pelo 2º Batalhão de Fronteira (Befron), considerado um dos mais importantes no tocante a proteção da região Oeste. A desativação já tem até mesmo data marcada: 28 de março. Hoje, esses postos militares atuam na segurança da fronteira Brasil/Bolívia com efetivo de 15 militares em cada posto. Além de Corixa, serão também desativos os postos de Palmarito, que fica a quatro quilômetros da Bolívia; e ainda Santa Rita e São Simão.

No Estado serão mantidos apenas três destacamentos: os de Casalvasco, Fortuna e Guaporé. Eles ficam nos municípios de Vila Bela da Santíssima Trindade, Porto Esperidião e Comodoro. Esses postos serão reestruturados fisicamente e passarão a contar com 60 militares. Eles serão transformados em Pelotões Especiais de Fronteira.

As leis complementares 97, 117 1 136, de 1999 e de 2004, regulam o emprego das Forças Armadas. A 117, especificamente, autoriza que o Exército exerça o papel de polícia em áreas de fronteira.

A notícia do fechamento do destacamento de Corixa, em Cáceres, preocupa as autoridades locais e foi um dos temas da reunião realizada na no gabinete do prefeito Francis Cruz. A reunião contou com a presença de representantes da PRF, Câmara de Vereadores, Rotary Clube, seguradoras,Federação da Agricultura(Famato), Sindicato Rural de Cáceres e de São José dos Quatro Marcos, Exército, Polícia Federal e Cruz Vermelha.

O prefeito Francis Cruz afirmou que vai buscar, junto aos ministérios competentes, uma forma do destacamento da Corixa também se transformar em Pelotão Especial. “Tentaremos o que for possível” – disse.

Hoje, a extensão da BR-070 que dá acesso à Bolívia por Cáceres, é a única rodovia asfaltada e uma das mais utilizadas. O trecho está sem a presença de nenhuma força policial, a não ser a do Exército na Corixa. O trecho é considerado o “corredor” para os crimes transfronteiriços, especialmente a passagem de veículos roubados/furtados, o descaminho e a entrada da cocaína. Também faz parte da rota de atuação do PCC-Primeiro Comando da Capital, facção que teve origem em São Paulo e hoje atua dentro de presídios e cadeias em todo o país.

Ainda na BR-070 foi retirado o grupamento do Grupo Especial de Fronteira. Hoje, o Gefron e a Polícia Militar se revezam em outros três pontos: os postos do Indea na Corixa, na Corixinha e Avião Caído. Ainda assim, com a função específica de dar segurança aos agentes do Indea, nas ações relativas a defesa fitossanitária. Nos três postos, os policiais que atuam recebem diárias pagas pelo Indea, mas também exercem o papel de polícia e realizam várias apreensões de drogas e recuperação de carros roubados.

A região que fica na extensão dos 150 km de fronteira seca abrange 22 municípios e milhares de propriedades rurais. Só em São José dos Quatro Marcos, são mais de 3 mil, e mais de 4 mil em Cáceres, segundo dados dos respectivos sindicatos rurais. E está praticamente desguarnecida de segurança. Órgãos como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal estão com falta de efetivo suficiente para atender a demanda. Nas rodovias federais da região, a 070 e a 174, o tráfego diário é de 3 mil veículos.

Do final de 2013 para cá, começou de novo uma ação criminosa que foi intensa anos atrás nas propriedade rurais da região: o assalto para roubar máquinas agrícolas, especialmente tratores. As quadrilhas invadem as fazendas já perguntando:”onde estão os traçados”. A porta de saída dos tratores é por Pontes e Lacerda, pela MT 265, através das localidades conhecidas como Baia Velha e Avião Caído. A situação é tão grave que as seguradoras tem restrições e muitas já não fazem seguro de tratores e máquinas agrícolas. As que fazem, aumentaram -e muito- o valor do seguro.

Hoje o Gefron, uma polícia criada para atuar especificamente na fronteira, tem postos fixos apenas em Vila Cardoso (Porto Esperidião) e Matão (Pontes e Lacerda).



COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A segurança nas fronteiras não é atribuição das FFAA, mas competência policial. Até agora as FFAA fizeram ações superficiais, temporárias e midiáticas, sem qualquer eficácia para a finalidade que se destinava. A PF que detém esta atribuição está sobrecarregada e não tem efetivos suficientes para cumprir mais esta missão. A nação precisa de uma Polícia Nacional de Fonteiras, estruturada, treinada, qualificada e capacitada em efetivos, recursos e bons salários para fazer o policiamento ostensivo permanente e vigilante nas fronteiras do Brasil.

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