sábado, 28 de dezembro de 2013

REPRESSÃO À COCAÍNA

ZERO HORA 28 de dezembro de 2013 | N° 17657

JOSÉ LUIS COSTA

Nova estratégia faz PF impulsionar apreensões
Total da droga recolhida, no Estado, em 2013, perde somente para as 2,1 toneladas de 1993, no Vale do Sinos


A Superintendência da Polícia Federal (PF) no Rio Grande do Sul encerra 2013 com um marca histórica. Atingiu o maior volume de apreensões de cocaína em duas décadas, 12 vezes acima do que foi tirado das ruas em 2000. Os números de 2013 só ficam atrás das 2,1 toneladas recolhidas no Vale do Sinos, em 1993, até hoje o recorde brasileiro de apreensão da droga.

Atonelada apreendida em 2013 representa quase o triplo dos números de 2012 e 2011, quando foram recolhidos 353 e 395 quilos, respectivamente – em 2010, o volume se aproximou devido aos mais de 860 quilos que foram recolhidos, 500 deles encontrados em um armazém de Rio Grande, antes de serem embarcados em um navio para a Europa.

Para o superintendente da PF gaúcha, Sandro Caron, os números superlativos se explicam em iniciativas operacionais bem definidas: ampliação das ofensivas nas fronteiras e uma parceria melhor azeitada com a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai, o maior corredor de drogas da América do Sul.

A ampliação de recursos humanos e materiais para a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) – os efetivos não são divulgados – permitiu maior agilidade e eficiência da DRE, responsável por mais de 80% da cocaína apreendida pela PF no Estado.

– A DRE faz um trabalho maravilhoso, com atuação em todo o Estado, em ritmo forte – enfatiza o delegado.

Caron afirma que a PF organizou uma espécie de cordão de isolamento, abortando carregamentos nas regiões de fronteira no Estado, e, o que passava desapercebido, era apreendido depois, por meio da DRE. Em alguns casos, a PF gaúcha repassou informações para colegas de outros Estados, que resultaram em apreensão de 400 quilos, em cidades do Sudeste.

A troca de informações e a integração com autoridades paraguaias, destaca Caron, foram fundamentais para pelo menos duas ações, em 3 e 20 de dezembro: a Operação Antares, que resultou em cinco prisões simultâneas de traficantes, em Bento Gonçalves, na Serra, e em Ciudad del Este, no Paraguai. E a segunda ofensiva, também em Bento Gonçalves e em Porto Alegre (nessa última foram apreendidos 105 quilos da droga).


Droga em livros e caixas d’água

A criatividade de traficantes para tentar driblar a fiscalização da Polícia Federal (PF) surpreendeu os agentes em 2013. Em junho, 3,8 quilos de cocaína pura foram encontrados impregnados em páginas de três livros volumosos em poder de um paraguaio que embarcaria para Lisboa, com destino à Costa do Marfim, na África.

Em setembro, a PF apreendeu, também no Salgado Filho, 14,7 quilos de cocaína dentro da tubulação da vela de uma prancha de windsurfe. A droga seria levada para Barcelona por um morador de Novo Hamburgo.

Mas o que mais chamou a atenção dos federais este ano foram os 175 quilos de cocaína – a maior apreensão de 2013 – que viajaram em setembro de Ciudad del Este, no Paraguai, até a região metropolitana de Porto Alegre. A droga estava em um motorhome. Duas famílias, incluindo quatro homens, duas mulheres e uma criança, retornavam de uma “viagem de turismo” no Paraguai.

Na BR-386, em Tabaí, foram revistados e, questionados sobre produtos ilegais, apresentaram brinquedos e eletrônicos sem nota fiscal. A atitude levantou suspeitas, e os agentes passaram a vistoriar o motor home até que acharam a droga dentro do reservatório da caixa d’água potável.


Paraguai, ponte brasileira

CARLOS WAGNER

Até o início dos anos 2000, Capitán Bado era apenas mais um lugarejo de ruas de chão batido no território paraguaio, separado por uma avenida de Coronel Sapucaia, uma cidade agrícola no oeste de Mato Grosso do Sul, colonizada por gaúchos. Fugindo da polícia, o traficante carioca Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, instalava-se na região sob a proteção de João Morel, um poderoso distribuidor de drogas do Paraguai. Nos anos seguintes, Beira-Mar mandou matar Morel e tomou conta do comércio. O tráfico, que até então era um negócio de família, tornou-se uma operação empresarial. Beira-Mar consolidou uma aliança com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), um movimento que se desviou dos seus ideais e passou a operar no comércio de cocaína. Ele levava armas, remédios e radiocomunicadores para as tropas e trazia pó como pagamento. Logo, grandes organizações criminosas do Brasil, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, estabeleceram-se no Paraguai.

Hoje, aos 46 anos, Beira-Mar cumpre pena no Presídio Federal de Catanduvas, interior do Paraná. Mas a máquina que fornece droga, instalada no Paraguai, segue funcionando. Não só com o pó colombiano, mas também boliviano e peruano. Na última década, o território paraguaio se consolidou como entreposto da cocaína por ter uma vasta fronteira seca com o Brasil, um dos grandes países consumidores da droga. As apreensões feitas pela PF mostram que o Paraguai é muito mais que uma ponte de produtos pirateados da China.



BRASIL AMPLIA USO DE DRONES EM SUAS OPERAÇÕES




Defesa. Veículos aéreos não tripulados são usados em missões de vigilância terrestre e marítima de fronteiras, além de varreduras antibomba e perícias de obras de engenharia civil.

por Gabriel Bonis e Marsílea Gombata — publicado 17/12/2013 06:19


PATRIK STOLLARZ / AFP

Drone controlado remotamente transporta pacote em Bonn, AlemanhaLeia também

De Londres e São Paulo

Desde a última semana, um cenário futurista começa a se materializar nos Estados Unidos. A loja virtual Amazon anunciou que vai iniciar testes para entrega de produtos leves utilizando drones (aeronaves não tripuladas). Esta é apenas mais uma função para a tecnologia, famigerada por sua aplicação militar, especialmente para bombardeios norte-americanos em áreas tribais do Paquistão. Os drones, militares ou civis, já estão presentes em mais de 75 países, segundo um relatório de 2012 do Congresso dos EUA. Em 2005, apenas 40 países detinham esse tipo de equipamento.

O Brasil está entre os Estados que utilizam drones, sem armamentos, para missões militares e fins civis. O País deve, inclusive, começar a desenvolver suas próprias aeronaves,também chamadas de veículos aéreos não tripulados (Vants),em 2014. Recentemente, a Embraer anunciou um acordo com a empresa israelense Elbit Systems para produzir drones no Brasil. A parceria será feita por meio da empresa de defesa Avibras, que integra a Harpia Sistemas, criada pela Embraer em 2011 em conjunto com uma subsidiária da Elbit, a AEL Sistemas.

A parceria pode ser representativa para o Brasil, pois Israel é um dos líderes no desenvolvimento de tecnologias para drones. “Israel e EUA são os países com grandes vantagens comparativas em tecnologia neste setor. Israel tem vários casos de sucesso ao colocar drones no mercado público. O país tem vendido drones para várias nações e arrebatado, na prática, mais mercado de vendas externas que os EUA”, explica Michael J. Boyle, professor-assistente de Ciências Políticas da Universidade de La Salle (EUA) e analista de política externa norte-americana.

Para Boyle, o Brasil também teria a oportunidade de entrar no mercado global de drones. “Israel tem trabalhado com diversas companhias locais em uma estratégia para vender tecnologia a autoridades locais. Essa tecnologia também é construída no país que a está comprando”, afirma.

Outro aspecto positivo da parceria ainda deve ser analisado: o impacto comercial para o setor. “Ainda que o Brasil possa se beneficiar em termos de defesa nesta aliança, a parceria é uma vitória maior para o desenvolvimento comercial. Ela vai criar empregos e novos empreendimentos”, destaca Mary Cummings, professora do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e da Universidade de Duke, ambas nos EUA, além de ex-piloto militar dos EUA.

O Brasil tem ao menos dois drones israelenses desde 2011. Naquele ano, o País firmou um acordo de cerca de 350 milhões de dólares com Israel para produzir aviões não tripulados em solo brasileiro com transferência de tecnologia. Um dos contratos foi com a estatal IAI e o outro com a Elbit. O objetivo é exportar, mas a venda da tecnologia para países como Venezuela e Bolívia está vetada por Israel.

Segundo o Ministério da Defesa, as Forças Armadas usam drones em missões de reconhecimento, aquisição de alvos, apoio a direção de tiro, avaliação de danos e vigilância terrestre e marítima de fronteiras, especialmente na Amazônia. Eles também são utilizados em grandes eventos, como a Copa das Confederações, quando ajudaram a fazer a segurança durante a competição esportiva. O mesmo deve acontecer na Copa do Mundo e nas Olimpíadas de 2016. Na área civil, os drones foram usados como apoio em casos de desastres naturais, como incêndios florestais e enchentes.

A Marinha brasileira utiliza pequenos aviões não tripulados desde os anos 90 para treinamento de tiro a partir de navio. Os fuzileiros navais também usam os aparelhos em missões de observação desde 2006, além de um Vant nacional. Já a Polícia Federal utiliza os drones na elucidação de crimes, em varreduras antibomba, e em perícias de obras de engenharia civil, como terraplanagem e meio ambiente. Em edição de novembro de 2013, a revista Perícia Criminal destacou que, dentre os modelos em uso pelo Brasil, estão o Multirrotor (com pouso e aterrissagem automáticos, para aplicações periciais como mineração de pequeno e médio porte, acidentes de trânsito e local de crime); o Asa Fixa (com menor custo de investimento, maior autonomia e utilizado para casos de incêndio florestal, desmatamento e construção de estradas). Além disso, citam modelos em teste ainda como o Air Drone 2 (que custa cerca de 300 dólares) e o Protótipo KJ-2 (com câmeras acopláveis por cerca de 500 dólares).

As primeiras iniciativas empresariais para desenvolvimento de drones no Brasil são recentes, dos anos 2000. A partir dali, cerca de uma dezena de iniciativas públicas e privadas ocorreram no setor. Mas a fabricação de Vants ainda é incipiente. “Diversas empresas estão atingindo elevado grau de capacitação tecnológica na área, mas poucas unidades de série foram comercializadas”, aponta Geraldo Branco, gerente da Divisão de Tecnologias Sensíveis do Ministério da Defesa.

A empreitada da Harpia no setor deve contar com a produção do modelo Falcão, um drone desenvolvido pela Avibras para as Forças Armadas. O avião será usado em missões de reconhecimento e de vigilância terrestre e marítima. O Falcão tem cerca de 800 quilos e autonomia de 16 horas de voo, além de capacidade de carregar cerca de 150 quilos de equipamentos. Ele será o primeiro drone para uso militar brasileiro e sua unidade inicial deve começar a ser testada em 2014. “O maior obstáculo para a expansão na utilização de Vants no Brasil é um problema comum a todos os países: a falta de regulamentação específica que permita a operação segura dessas aeronaves sobre áreas povoadas”, diz Branco.

Drones se espalham pelo mundo

Apesar dos problemas de regulamentação, os drones têm ganhado espaço civil e militar em diversos países na última década. A tecnologia tem amadurecido, mas o maior atrativo ainda são as vantagens econômicas. “Há uma crença de que os drones são mais baratos [que outros tipos de aeronaves]”, destaca M. Shane Riza, autor do livro Killing Without Heart: Limits on Robotic Warfare in an Age of Persistent Conflict (Matando sem Coração: Limites da Guerra Robótica em uma Era de Persistente Conflito,em tradução livre), e ex-comandante militar nos EUA.

A revista Perícia Criminal ressaltou que uma operação com um Vant pode custar menos que uma hora de voo de um aeronave tripulada. Os custos mais baixos para diversas operações militares são um atrativo, mas Boyle destaca outro fator para o sucesso dos drones. “Caso haja a necessidade de enviá-los a uma missão que acabe os destruindo, não haverá nenhuma perda humana.” Segundo o professor, as pessoas também estão descobrindo que os drones podem ser usados para uma grande variedade de atividades, como proteção ambiental e operações humanitárias.

Ainda que o uso militar seja criticado em alguns casos, Cummings acredita que o aumento do número de países com drones não deve se tornar “uma força desestabilizadora” do sistema internacional. “Ainda é muito difícil opera-los em uma capacidade de lançamento de armas. E essas capacidades vão permanecer com aqueles países com forças aéreas estabelecidas.”

Para Riza, contudo, os impactos dessa expansão ainda são difíceis de analisar. “O que isso vai implicar para a segurança internacional ainda é incerto. Não creio que alguém já possa responder essa questão, mas não a consideramos em todas as proporções que deveríamos.”



quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

MULTINACIONAL DO CRIME



ZERO HORA 18 de dezembro de 2013 | N° 17648

THIAGO TIEZE

Quadrilha agia no Uruguai e no Paraguai

Organizado em uma espécie de consórcio, bando desarticulado ontem era especializado em roubo e clonagem de veículos, tráfico de drogas e de armamento pesado e assaltos a bancos na serra gaúcha



Após dois anos de investigações, a Polícia Civil conseguiu desarticular uma quadrilha que agia em pelo menos 19 cidades do Rio Grande do Sul. Responsáveis por traficar armas e drogas em quase todas as regiões do Estado, os criminosos chegavam a movimentar R$ 2 milhões em um mês.

Oritual do bando, de comprar drogas no Paraguai e armas no Uruguai, não é novidade, mas a distribuição dos bandidos e o alcance da quadrilha chamaram a atenção da polícia.

– Atingimos o primeiro e o segundo escalões do bando. Acreditamos ter dado um duro golpe numa cadeia de crimes – afirma o delegado Mário Souza, da 1ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (DIN) do Departamento Estadual de Investigaçõs do Narcotráfico (Denarc).

A Operação Expansão, realizada na manhã de ontem, conseguiu prender 42 pessoas, ao longo da investigação outras 14 já haviam sido presas. Nesse período, segundo Souza, o grupo criminoso teria participado do assalto a uma fábrica de joias em Cotiporã, na serra gaúcha, no final de dezembro do ano passado, quando três bandidos acabaram morrendo em confronto com a Brigada Militar.

O mesmo bando ainda teria participado do assalto a agências do Banrisul e do Sicredi em Pedras Altas, na Região Sul, realizado em abril deste ano, além de tentar sequestrar um empresário em Vera Cruz, no Vale do Rio Pardo. Considerado um grupo grande, a quadrilha contava com pelo menos 11 líderes, que negociavam as ações criminosas. De acordo com a investigação, o grupo mantinha contatos com organizações criminosas de fora do Estado.

Segundo apontou a investigação, os bandidos clonavam carros que, por meio de uma duas revendas no Vale do Sinos, eram trocados por drogas no Paraguai. Com o dinheiro adquirido no tráfico de entorpecentes, eles compravam armas pesadas no Uruguai (fuzis, rifles e pistolas) e distribuíam para os integrantes da quadrilha no Estado, ou ainda, alugavam e revendiam para outros bandos.

– A especialização dos líderes, que respondiam ou pelas armas, ou pelas drogas, ou ainda pela contabilidade, demonstra a organização de uma grande rede de crimes, alimentados, de uma forma ou de outra, pelo tráfico – define o delegado Heliomar Franco, diretor do Denarc.


Executivos do tráfico

CARLOS WAGNER

A paciência é o pilar da investigação. A Operação Expansão é uma das raras ocasiões em que a polícia consegue derrubar os cabeças, como são definidos os donos do capital, das armas e das estratégias que determinam os alvos a serem atacados pelas quadrilhas.

Esses homens presos operam nas sombras. Os chamados “capangas” (ou “operacionais”) são os bandidos que atacam os alvos, geralmente jovens em busca de aventura e de dinheiro fácil. É muito comum ouvir, pelos corredores das delegacias, a expressão “enxugar gelo” para descrever a continuidade dos crimes, que é creditada às leis que tratam com pouca severidade os criminosos. Eis um lado da questão.

O outro é que as pessoas presas simplesmente já haviam substituído os capangas que foram presos durante assaltos anteriores e assim por diante. Desta forma, foram precisos dois anos, e muita paciência, para a polícia conseguir desarticular esse grupo. Mas o trabalho ainda não está completo. Será preciso mais uma dose de paciência para conhecer e esmiuçar o sistema de lavagem de dinheiro que eles montaram.

Se esse sistema não for destruído, o dinheiro continuará abastecendo esses criminosos. E mesmo na cadeia eles continuarão financiando o crime. Aliás, o sistema de comprar armas no Uruguai e drogas no Paraguai, usando como moeda de troca carros clonados, não é novo. Seguindo a lógica do crime, um outro grupo de financiadores de criminosos deve substituir o que foi preso. Destruir esse sistema é o sonho de consumo dos policiais. A Operação Expansão foi uma pedrada bem dada nos “cabeções”.


Investigação durou dois anos

As investigações da 1ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (DIN) do Departamento Estadual do Narcotráfico (Denarc) apontaram que a quadrilha lavava o dinheiro do crime em uma rede de lojas administras por comparsas.

Conforme a polícia, o lucro resultante do tráfico e de assaltos era investido em revendas de carros no Vale do Sinos, padarias, confeitarias, cafeterias e lojas de roupas na Capital, Região Metropolitana e Vale do Taquari. Somente em um mês, com esse sistema, os traficantes teriam movimentado R$ 2 milhões.

De acordo com o delegado Mário Souza, da 1ª DIN do Denarc, a investigação começou após a prisão de um traficante em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana. A partir desta prisão, o esquema começou a ser mapeado pelos agentes.

Ao longo do monitoramento, a polícia conseguiu identificar pelo menos 11 líderes na quadrilha, sendo três responsáveis individualmente pelas armas, drogas e contabilidade, e outros oito chefes regionais do bando, que somente não atuava na Fronteira Oeste e região Norte.

Comando Vermelho e PCC auxiliavam grupo no Estado

Na ação, a polícia conseguiu prender criminosos suspeitos de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), criada a partir dos presídios de São Paulo, e com o Comando Vermelho (CV), que atua no Rio de Janeiro e controla o tráfico de drogas as favelas cariocas. Eles também teriam participado de ações como o assalto em Cotiporã, no final de 2012.

– Essa quadrilha mantinha contato com outras organizações criminosas, mas aparentemente não era auxiliada por elas – afirma o delegado Souza.

O próximo passo é identificar as contas bancárias do bando e todas as empresas utilizadas pela quadrilha para lavar dinheiro. Até o momento, já foram mapeadas seis contas, mas a polícia acredita que haja outras. Ao todo, a Operação Expansão, realizada na manhã de ontem em 16 municípios, resultou na prisão de 56 pessoas ao longo de dois anos. Sessenta quilos de maconha, 5,5 quilos de crack e 2,5 quilos de cocaína, além de espingarda, pistola 9 milímetros, munição, dinheiro e carros foram apreendidos.

Pouco antes da operação ter iniciado, os policiais realizaram um minuto de silêncio em homenagem a dois colegas mortos recentemente: Carlos Heitor Bossler, 58 anos, assassinado ao reagir a um assalto no bairro Santo Antônio, e Marcos Kaefer, 43 anos, morto após ser atingido, em frente a um hospital, por um tiro disparado por um PM em Alvorada.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

MILITARES SÃO AVISADOS POR INDÍGENAS SOBRE GUERRILHEIROS E CRIMES NA SELVA

G1 09/12/2013 15h10

Indígenas isolados avisam militares sobre guerrilheiros e crimes na selva. Alerta sobre o Sendero Luminoso provocou mobilização de tropas em 2012. Exército estimula entrada de indígenas nas tropas que protegem fronteiras.

Tahiane StocheroDo G1, em Amazonas e Roraima




Professor de comunidade indígena em Querari, na fronteira com a Colômbia, afirma que militares impedem o avanço de guerrilha em território brasileiro, mas diz que falta progresso ao povo (Foto: Tahiane Stochero/G1)





Em dezembro de 2012, informes enviados por tribos indígenas na região de Santa Rosa do Purus, na divisa do Acre com o Peru, alarmaram a cúpula do Exército brasileiro em Manaus. As mensagens, segundo o general Guilherme Theópilo, responsável pela logística militar na Amazônia, diziam que caminhonetes com suspeitos de integrar o Sendero Luminoso haviam entrado no Brasil.

"Havia informações da presença de pessoas uniformizadas e fardadas entrando e circulando na região, com suspeita de serem do Sendero Luminoso. Montamos uma grande operação, com deslocamento de tropas para lá, mas nada foi confirmado oficialmente", disse o general Eduardo Villas Boas, comandante militar na Amazônia.

Considerada uma das organizações terroristas de maior atuação na América Latina até 1990, quando seus principais líderes foram presos ou mortos, a guerrilha do Sendero Luminoso ressurgiu no Peru em 2012, envolvida com a produção de cocaína. Em agosto, o Exército do Peru matou dois chefes militares do grupo armado.

Indígenas em pelotão de fronteira do Exército, na
fronteira com Venezuela (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Nunca desperdiçamos a informação de um indígena, eles confiam na gente, são nossos olhos onde não estamos. Sempre que nos derem uma informação, iremos lá conferir" - Sergio Luiz Goulart Duarte, general comandante de pelotões especiais de fronteira no Amazonas

Cabo da etnia yanomami serve como tradutor para
tribo e guia na selva (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Eu gosto do quartel e estou morando aqui onde é minha casa. Como yanomami, é bom saber atirar. Nós somos amigos, temos que defender nossa terra. Yanomami não deixa minerador e nem madeireiro em nossa terra" - Xaporita Yanomami, cabo indígena do Exército brasileiro

Soldado indígena já atuou em três pelotões de
fronteira do Exército (Foto: Tahiane Stochero/G1)

A grande maioria dos nossos soldados tem origem indígena, e isso é diretriz do comando da Amazônia: ter parte do povo local trabalhando conosco. Marco Machado, comandante do 8º Batalhão de Infantaria da Selva, na região de Tabatinga

Em outro episódio, ocorrido há três anos, uma aldeia indígena na Cabeça do Cachorro, área próxima a São Gabriel da Cachoeira, na tríplice fronteira de Amazonas com a Colômbia e a Venezuela, enviou um alerta a militares com a suspeita de que 500 integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs) estavam no Brasil. Segundo o general Sergio Luiz Goulart Duarte, comandante de seis pelotões especiais de fronteira (PEF) no estado, foram enviados às pressas para a região carros blindados, aeronaves de combate e dezenas de soldados.

"Fizemos uma verdadeira operação de guerra para levar o efetivo para lá, mas nada foi encontrado. Eram apenas suspeitas. Nunca desperdiçamos a informação de um indígena, eles confiam na gente, são nossos olhos onde não estamos. Sempre que nos derem uma informação, iremos lá conferir. Eles precisam saber que sempre estaremos presentes quando precisarem, que podem contar conosco", disse Duarte.

Aldeias informantes

Aldeias da região amazônica possuem rádios e enviam alertas e informes para a Fundação Nacional do Índio (Funai) e para os militares. Agentes da Funai fazem contatos direitos com os oficiais, repassando dados relevantes. Alguns dos 24 pelotões de fronteira estão em área indígena, como é o caso de Surucucu, localizado em terras da etnia yanomami na divisa de Roraima com a Venezuela, onde há, inclusive, indígenas incorporados como soldados.

Em março, a Hutukara Associação Yanomami na Amazônia, que reúne mais de 20 mil índios, anunciou a expansão do sistema de radiofonia nas aldeias para acelerar a comunicação em terras homologadas. "Recebemos muitas denúncias de garimpeiros que circulam ilegalmente em nossas terras", afirmou na ocasião o diretor da associação, Dário Vitório Kopenawa Yanomami, para quem o rádio possibilita o envio de dados aos órgãos públicos e também o pedido de ajuda em casos de problemas de saúde.

"Eu gosto do quartel e estou morando aqui onde é minha casa. Como yanomami, é bom saber atirar. Nós somos amigos, temos que defender nossa terra. Yanomami não deixa minerador e nem madeireiro em nossa terra", diz o cabo Xaporita Yanomami, que incorporou no Exército em 2009 e serve como tradutor e guia na selva em Surucucu.

A tribo ainda usa poucas roupas – algumas mulheres e crianças ainda andam peladas ou com pequenos adereços – e não permitem que os brancos tirem fotos, por acreditar que os roubará a alma.

Toda vez que chega um avião da FAB ao local, eles se reúnem ao redor dos visitantes, tentando trocar flechas e cocares por sabonetes e arroz. A pista de Surucucu é uma das mais difíceis, dentre os 24 pelotões de fronteira, para os militares pousarem: fica em uma subida e possui um declive acentuado.

"A terra é dos índios yanomâmis. Militares só ajudam a gente a defender", afirma Xaporita, que diz que aprendeu a atirar e a fazer guerra durante o treinamento militar.

Em março e setembro, as Forças armadas fizeram operações, com apoio da Funai e da Polícia Federal, para prender mineradores e madeireiros que atuavam irregulares e também para destruir pistas de pouso ilegais usadas por garimpeiros na calha do rio Unaricoera, no município de Amajari. Uma delas era usada desde 2003 e só foi descoberta com apoio de indígenas.

"A grande maioria dos nossos soldados tem origem indígena, e isso é diretriz do comando da Amazônia: ter parte do povo local trabalhando conosco. Eles recebem conceitos, são treinados e ficam até sete anos conosco, em condições de voltarem para as comunidades depois e trabalharem como multiplicadores de valores", diz o coronel Marco Machado, comandante do 8º Batalhão de Infantaria da Selva, responsável pela região de Tabatinga.

Pedido de 'progresso'
Na comunidade indígena de Querari, que tem cerca de 400 moradores e fica localizada a 15 minutos de voo de São Gabriel da Cachoeira, na divisa com a Colômbia, o professor Maurici Thales de Luna, de 42 anos, diz que o povo da etnia Kubeu aceita bem a presença militar na área, mas pede maior "progresso".

Hospital em Yauretê deveria atender indígenas das
aldeias amazônicas (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Temos macas, cadeiras para dentista, material cirúrgico, mas nada podemos fazer aqui. Nunca tivemos médicos nem enfermeiros. Tudo tem que ser levado para os militares ou organizações missionárias que apoiam a região - Rosetti Borges Brandão, administradora do hospital "fantasma"

Administradora diz que hospital de área indígena
nunca teve médicos (Foto: Tahiane Stochero/G1)

"Temos luz apenas algumas horas por dia, pegamos do gerador do quartel. A internet também usamos dos militares, e no fim de semana não dá, porque é proibido entrar lá. A escola está abandonada, porque falta apoio para recuperar. Precisamos de muita coisa aqui", afirma.

"Não queremos que os militares vão embora, não. Eles defendem nossas fronteiras e não temos mais notícias de guerrilheiros na região. Mas falta progresso para nós", completa o professor.

Já em Yauretê, tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Venezuela, a reclamação da população indígena de cerca de 7 mil pessoas é um hospital "fantasma". O prédio foi construído em 2002 e equipado, mas nunca recebeu médico, segundo Rosetti Borges Brandão, que administra a unidade.

"Temos macas, cadeiras para dentista, material cirúrgico, mas nada podemos fazer aqui. Nunca tivemos médicos nem enfermeiros. Tudo tem que ser levado para os militares ou organizações missionárias que apoiam a região", diz ela.

Os moradores pegam dias de viagem pelos rios até São Gabriel da Cachoeira, para serem atendidos no único hospital público da região, que é administrado pelo Exército desde 2013, segundo o coronel Roberto Albuquerque.

"Tivemos que assumir a unidade devido ao clamor popular. 75% dos atendimentos que fazemos aqui de emergência, como partos e cirurgias, é da população indígena. Tem grávida que vem de Yauretê de barco e chega aqui depois de três para morrer na nossa porta, enquanto já poderiam ter recebido um atendimento lá na região", afirma.

Problemas de relação

Mas nem sempre a convivência entre índios e soldados é pacífica. Neste ano, representantes da aldeia yanomami em Santa Isabel do Rio Negro, próximo a São Gabriel da Cachoeira, na tríplice fronteira com Colômbia e Venezuela, chegaram a ameaçar a tropa do pelotão de Maturacá, responsável pela área, caso não recebessem energia elétrica.

A base militar conta com uma pequena usina, que não está operando devido ao alto custo de manutenção, segundo o general Guilherme Theophilo, responsável pela logística das unidades de fronteira na Amazônia.

"Os índios derrubaram postes de iluminação que colocamos ao longo da região reivindicando para eles também. Ainda bem que nosso capitão que conversou com eles era alto", brinca o general, mostrando um vídeo em que os indígenas dizem que, se não tiverem luz, ninguém mais terá. "Quem tem que se preocupar com isso é o Estado, não sou eu. Índio também quer progresso", aponta o general.

O governo do Amazonas informou que "as regiões de fronteiras são controladas pelo governo federal, sendo que, no caso de áreas fronteiriças com presença de populações indígenas, o controle também é feito pelo governo federal, via Funai". Segundo o governo do Amazonas, apesar disso, o estado, por meio da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), "realiza diversas ações de saúde e cidadania que beneficiam as comunidades indígenas do Alto Rio Negro". A Secretaria de Saúde e também a empresa Eletrobras Amazonas Energia não se pronunciaram até a publicação desta reportagem.

DOIS PELOTÕES TENTAM EVITAR PLANTIO DE COCA NO LADO BRASILEIRO

G1 09/12/2013 15h11

Exército teme que plantação de coca do Peru 'transborde' para o Brasil. Vale do Javari fica no Amazonas, na tríplice fronteira com Peru e Colômbia. Dois pelotões do Exército tentam evitar o plantio de coca no lado brasileiro.

Tahiane StocheroDO G1, no Amazonas e em Roraima





O longínquo e inóspito Vale do Javari, na tríplice fronteira do Brasil com Peru e Colômbia, é a região que, atualmente, mais preocupa os militares brasileiros responsáveis pela defesa das divisas amazônicas. A área indígena localizada no extremo oeste do Amazonas foi apelidada de "novo eldorado do narcotráfico", onde uma variedade da planta de coca, modificada para resistir ao clima úmido, está sendo cultivada ao longo da faixa fronteiriça.




A repressão à atuação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs) fez a área de coca plantada no país vizinho cair mais de 25% em 2012. Com isso, o foco dos militares brasileiros voltou-se para o lado peruano do Vale do Javari. O Exército teme que a plantação transborde para o território brasileiro.

"Estamos fazendo de tudo para impedir que a plantação de cocaína no Peru, na fronteira com o Brasil, transborde para nossa área. Estamos tomando todas as medidas possíveis neste sentido", disse o general Eduardo Villas Boas, comandante militar da Amazônia. "Claro que o risco de confronto [entre soldados brasileiros e narcotraficantes] é real".

Segundo o coronel Marco Machado, comandante do 8º Batalhão de Infantaria da Selva, que cuida da área, não há plantações de coca conhecidas do lado brasileiro até agora. "Hoje, eu te digo, com quase toda certeza, que não existe plantação de coca nesta área do lado brasileiro. Toda suspeita, vamos lá e conferimos. Até agora, nada foi confirmado", afirmou.

Em um estudo publicado pela revista “Science” em novembro, cientistas apontaram a área do Vale do Javari como uma das dez regiões protegidas mais "insubstituíveis" do mundo, devido à biodiversidade que possui.

'Consequências graves'

De acordo com o general Villas Boas, há "uma preocupação muito grande" para evitar que o Brasil passe a ter plantações. "Queremos evitar que haja a vinda de plantações para o lado brasileiro. Se isso acontecer, o Brasil deixará de ser apenas consumidor para ser produtor de coca. E isso pode nos trazer consequências graves e pressão no âmbito internacional", disse.

Base miltiar em Estirão do Equador, que cuida do Vale
do Javari. Do outro lado do rio área peruana
(Foto: 8º Batalhão de Infantaria de Selva/Divulgação)

Villas Boas afirma que a coca, no Peru, faz parte da cultura da população. Pela localização e fácil escoamento pelo rio, a droga produzida na fronteira acaba introduzida quase totalmente em território brasileiro, em direção ao Nordeste do país. "O narcotráfico é intenso nesta faixa de fronteira", disse o general.

"As organizações ainda são incipientes, mas estão caminhando para uma organização. A facção criminosa que age dentro e fora dos presídios em São Paulo já possui um braço armado aqui no Amazonas. É evidente que, em um momento ou outro, pode haver este conflito", acrescentou.

Problemas nas bases
O Exército conta com duas pequenas bases avançadas na região, chamados de pelotões de fronteira, em Estirão do Equador e em Palmeiras do Javari. O primeiro tem dificuldades para dar apoio à tropa: a única pista de pouso existente está em condições precárias e fica a 7 km da sede militar, isolada por um rio, já que a única estrada de terra de acesso está ruim e não pode ser usada.

"A mata pegou de volta", disse o coronel Marco Machado. As obras para melhoria da pista e da rodovia devem começar em 2013 e levar até dois anos para serem concluídas, segundo o coronel.
Militares pintam rostos com camuflagem para a selva
antes de patrulha no Vale do Javari
(Foto: 8º Batalhão de Infantaria de Selva/Divulgação)

Uma ponte, que ligaria a estrada ao pelotão do Exército, também caiu devido às chuvas. O acesso agora é só por barco – são mais de 8 horas para transpor cachoeiras, pedras e águas caudalosas, impedindo a chegada de equipamentos pesados a partir da pista de pouso localizada nas proximidades.

Pela água, a partir de Tabatinga, cidade irmã com a vizinha Letícia, na Colômbia, são sete dias de viagem de voadeira – espécie de embarcação de madeira movido a motor a diesel – ou uma hora de avião, dependendo da disponibilidade da Aeronáutica.

"Esta área é considerada o novo eldorado da cocaína, é a mesopotâmia da droga do século XXI. Aqui você tem insumo para fazer fabricação, como gasolina e cimento baratos. Você tem facilidade de escoamento – bateu na calha do Rio Solimões, chega a Manaus – e há muita mão de obra disponível e barata. As pessoas da região não têm do que sobreviver", afirmou machado. Ao longo do Rio Javari há oito comunidades brasileiras e 87 peruanas.

Em 2012, as apreensões da Polícia Federal (PF) e do Exército de pasta base de cocaína em Tabatinga (AM) somaram 248.619 quilos. Só nos primeiros 10 meses de 2013, o número quase duplicou: foram 557.740 quilos.

Segundo os militares, os traficantes pararam de atuar em grandes laboratórios, o que passou a dificultar a apreensão em larga escala. "Não tem nenhuma tropa militar de Forças Armadas do Peru nesta área. Eles estão voltados para o sul do país, combatendo o ressurgimento do Sendero Luminoso [grupo terrorista peruano] em uma área de plantação de coca no vale de Quatro Rios", afirmou Machado.

"Então tudo isso cria condições para que, no futuro, o Vale do Rio Javari se torne um grande problema para nós. É uma área estratégica que temos que nos preocupar", acredita ele.

O G1 questionou o Ministério da Defesa e as Forças Armadas do Peru sobre a situação na região. O Exército peruano disse que iria se manifestar sobre o tema, mas, até a publicação desta reportagem, não se pronunciou.

Pelotão isolado

Ao longo da fronteira amazônica com cinco países, o Brasil possui 24 pelotões especiais de fronteira (PEF), sendo que a base de Estirão de Equador, responsável por cuidar do Vale do Javari, é a que está em piores condições. Com 65 soldados, é o posto mais isolado

Além do narcotráfico, outra questão que preocupa é a exploração de petróleo e gás, que é autorizada pelo Peru, mas não é aceita pelos indígenas, que ameaçaram começar uma guerra. Na região, militares reprimem também o corte ilegal de madeira e a exploração de minério. Toda embarcação que passa pelo rio tem que ser parada e revistada. Porém, há um problema legal: como uma faixa do rio fica do lado peruano, algumas embarcações alegam que não estão no lado brasileiro e se negam a cumprir as regras.

Segundo coronel Machado, várias reclamações e abaixo assinados foram feitos contra os militares por peruanos querendo derrubar a determinação. "Os mesmos que reclamam de nossa atuação, procuram nossa ajuda nas horas de crise", disse o oficial. Isso porque os peruanos que se deslocam para a região para trabalhar para garimpeiros e madeireiros procuram a tropa brasileira pedindo ajuda devido a problemas de saúde.

As bases do Brasil em Estirão do Equador e em Palmeiras do Javari são os únicos locais onde os moradores encontram um médico. Só em 2013, o Exército brasileiro já teve que evacuar de avião cinco peruanos em situações graves de emergência após a população atravessar o rio procurando apoio do lado brasileiro.

"O que o pelotão faz o dia inteiro, 360 dias por ano, 24 horas por dia, é o controle da calha do Rio Javari. Todas embarcações são paradas e revistadas. Temos poder de polícia, mas nós não somos polícia de fronteira. Não estamos aqui para substituir os outros órgãos do Estado brasileiro que deveriam estar presentes na fronteira e não estão", afirmou o coronel Machado.

Questionado sobre a necessidade de manter agentes da Polícia Federal na área, o delegado da PF em Tabatinga, Gustavo Pivoto, que responde pelo Vale do Javari, diz que "o Exército já trabalha de forma ostensiva na área e possui boa rede de informações, garantindo a soberania e defesa do país na região".

Segundo Pivoto, a distância impede a PF de manter efetivo no local. “Não estamos falando de uma rua, mas de uma área sem estrutura no meio do nada. A presença do Estado brasileiro se faz por meio do Exército", disse.

SOLDADOS QUE DEFENDEM FRONTEIRAS DA AMAZÔNIA VIVEM NA "IDADE DA PEDRA"

G1 -  09/12/2013 15h08

G1 visitou seis das 24 bases do Exército na divisa da selva com 5 países.Vigilância militar é diária para reprimir crimes e tráfico de armas e drogas.

Tahiane StocheroDo G1, em Amazonas e Roraima



Soldado do Exército brasileiro faz guarda em área de fronteira com a Colômbia (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Vinte minutos para abrir uma página na internet. Racionamento de energia elétrica, provida por até 16 horas diárias por um gerador. Sinal de celular, nem pensar. Telefonia fixa? Apenas um orelhão. Água da chuva para beber e água do rio para tomar banho, lavar roupa e louça. Abastecimento de comida e remédio a cada 30 ou 45 dias, dependendo da disponibilidade de um avião.




Militares ficam isolados na mata, na cabeceira dos
rios da divisa do país (Foto: Tahiane Stochero/G1)


Grande parte da Amazônia ainda vive como se estivesse na idade da pedra, pois o poder público não está presente. Quem visita estas unidades volta com um sentimento de indignação"
Guilherme Theophilo de Oliveira, general responsável pela logística em estados do Norte

Esta é a realidade dos militares que vivem em bases isoladas nas fronteiras para defender a Amazônia. São 24 pelotões especiais de fronteira (PEF), com efetivo entre 20 e 80 soldados cada um. Eles começaram a ser criados em 1921 nas divisas do Brasil com Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela e Guiana para reprimir narcotráfico, contrabando de armas, biopirataria, exploração ilegal de madeira e minérios, além de impedir invasões estrangeiras.

"Grande parte da Amazônia ainda vive como se estivesse na idade da pedra, pois o poder público não está presente. Quem visita estas unidades volta com um sentimento de indignação", diz o general Guilherme Theophilo de Oliveira, responsável pela logística nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas e Roraima. "Eu não admito hoje, no século XXI, que um pelotão sobreviva da caça e da pesca, como os índios viviam", afirma.

O G1 visitou seis pelotões, alguns localizados nas tríplices fronteiras, onde os militares vivem em condições piores do que as enfrentadas pelos colegas que vão para a missão de paz no Haiti. Em 2012, em uma série de reportagens sobre a situação de sucateamento do Exército, o G1 mostrou que o país possui munição para se defender por apenas uma hora de guerra e que a Amazônia é preocupação número 1 dos militares.

"Na Amazônia, a logística é uma dificuldade natural, pois os meios de transporte são precários. Não há rodovias e o sistema hidroviário não é equipado para usarmos. Além disso, em grande parte do ano, os rios não são navegáveis. Mas essas dificuldades não nos atrapalham na defesa das fronteiras", garante o comandante da Amazônia, General Eduardo Villas Boas.

Em 16 de novembro, os geradores de dois pelotões pararam ao mesmo tempo, devido ao uso de combustível adulterado. O general Theophilo teve que pedir ajuda à FAB que, apesar das restrições de horas de voo, ajudou, em caráter de urgência, a repô-los. A tropa ficou mais de 24 horas sem energia e a carne congelada foi mantida sob gelo. Outros dois pelotões estão com pistas de pouso ruins e curtas demais, sem condições para grandes aeronaves. Por isso, ao invés de 60 homens, apenas 17 são mantidos no local. Familiares que viviam com eles foram retirados.

Nos últimos 10 anos, a percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) investido em defesa gira em torno de 1,5%, segundo números do Ministério da Defesa. Em 2013, o orçamento aprovado foi de R$ 64,9 bilhões - sendo R$ 46,332 bilhões para pessoal e encargos sociais e outros R$ 18,635 bilhões para custeio e investimento. Contudo, houve contingenciamento de recursos. Desde 2010, este bloqueio vem atingindo altos patares, chegando a até 22% do total.

Para 2014, o Projeto de Lei Orçamentária prevê a destinação de R$ 72,8 bilhões, sendo 68,6% para despesas com pessoal e R$ 16,2 bilhões para custeio e investimento. Os comandantes das Forças Armadas reclamam, porém, que a verba é insuficiente e seria necessário quase o dobro – R$ 29,8 bilhões para atender às ideias da Estratégia Nacional de Defesa, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1998 e ajustada ano a ano.

A Estratégia Nacional de Defesa, que ainda caminha devagar e pouco saiu do papel, prevê o Brasil com capacidade para controlar todo o espaço aéreo, marítimo e os 17 mil kms de divisas terrestres com 10 países até 2030, em busca de um assento no Conselho de Segurança da ONU. Um dos projetos do documento é o "Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron)", que pretende vigiar com radares e sensores os 17 mil quilômetros de divisas com 10 países ao custo de R$ 12 bilhões até 2030. A iniciativa começou a ser implantada no Centro-Oeste em 2013 e chegará em 2014 ao Acre e a Rondônia.

Dinheiro, pra quê?
Devido a restrições orçamentárias, a Aeronáutica faz só uma viagem por mês a cada unidade. Quem precisa sair de férias ou precisa de algo da cidade, como medicamento, tem que esperar o próximo avião chegar. Por estarem na fronteira, os soldados recebem um adicional de 20% no salário, que é guardado ou serve para ajudar a família. De 24 pelotões, apenas 13 possuem terminais do Banco do Brasil, mas em só 1 ele está ativo. O dinheiro fica na carteira. Até porque não há nenhum bar, farmácia ou loja por perto na selva.

Em Boa Vista, o avião que apoia 6 pelotões de Roraima teve um problema e permaneceu parado para manutenção por mais de uma semana. "Reduzi o efetivo e tirei os familiares de pelotões onde a pista está com problema, pois não temos condições de mandar comida para todos. Ao invés de pousar um avião capaz de levar 6 ou 7 toneladas, a FAB só pode operar com aeronaves menores, que levam até 600 quilos", avalia o general Theopilo.

Garrafas de refrigerante e cachaça servem para
guardar vinagre em base (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Em Pari-Cachoeira, na divisa com Colômbia, militares
reclamam de alojamentos (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Cantis usados na selva são guardados em base
militar de Vila Bittencourt (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Só neste ano o Exército conseguiu fazer um levantamento da infraestrutura disponível em cada um dos 24 pelotões da Amazônia: no total, há 38 geradores, mas menos da metade (16) está disponível para uso. Eles são de 13 marcas diferentes, o que dificulta a manutenção.

Uma empresa colocou sistemas de internet em 23 deles – mas em apenas 7 está operando. Há 20 anos, 6 pequenas centrais hidrelétricas foram instaladas em 6 pelotões, mas, distantes das bases, foram inutilizados devido às dificuldades de apoio e o alto custo de manutenção. A ideia do general Theophilo é repassá-las agora para concessionárias estaduais.

Os investimentos nos pelotões são feitos pelo programa Calha Norte do governo federal, que busca habitar áreas remotas do Norte do país para garantir soberania. Em 2012, o programa recebeu R$ 72 milhões para pequenos investimentos e resolver problemas pontuais, como goteiras e remendos. Contudo, até dezembro, apenas 80% dos recursos havia sido liberado. E a estimativa é que seria necessário ao menos R$ 150 milhões anuais só para manter o que existe.

Atualmente, o Exército possui 12 helicópteros em Manaus, como o Black Hawk e o Cougar, mas eles são usados apenas em operações e não para logística (como distribuição de comida), devido ao alto custo da hora de voo, que chega a US$ 4.500 (R$ 10.620). Segundo o general Villas Boas, a partir de 2014 chegarão a Amazonas 8 novos helicópteros franceses de maior capacidade e também balsas, que serão usadas para apoiar as tropas isoladas. Em 2013, duas lanchas blindadas foram compradas da Colômbia, mas nem começaram a ser usadas nas fronteiras.

Histórico de confrontos 

Apesar das dificuldades, as histórias de confrontos com guerrilheiros, traficantes ou criminosos na Amazônia rodam de boca em boca entre os soldados. O temor de reações às tropas, que param todas as embarcações que passam pelos rios nas divisas, é real.

O maior confrono ocorreu em 1991, quando integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) atacaram o pelotão Traíra, matando três militares brasileiros, ferindo outros 29 e roubando armas e munições. Na ocasião, o então presidente Fernando Collor autorizou uma retaliação, e os militares fizeram uma operação na Colômbia para tentar recuperar o material levado.

Depois disso, outros dois incidentes ocorreram, ambos em pelotões visitados pelo G1: em 2002, o Exército matou guerrilheiros que navegavam pelo Rio Japurá, perto do pelotão de Vila Bittencourt, onde 49 soldados guardam a divisa com a Colômbia.

Com cerca de 200 moradores e localizada a cerca de 1.498 km de Manaus, o único acesso à comunidade é por avião: leva-se uma hora de voo a partir de Tabatinga, cidade amazonense que faz fronteira com a colombiana Letícia. Lá, o único orelhão não funciona e a população usa a internet da base militar com banda de 64 Kbps (kilobits por segundo). Para se ter uma ideia, é considerada banda larga web com velocidade de transmissão de dados ao menos quatro vezes superior, de 256 Kbps.

"Temos só dois caixas eletrônicos aqui, do Banco do Brasil, que foram instalados em 2009. Nenhum deles têm dinheiro para sacar. Só é possível fazer transferência em um deles, porque o tenente deu um jeito nisso", afirma a professora Maria do Socorro, de 50 anos. Os caixas ficam dentro da academia dos soldados.

Dos 24 pelotões de fronteira, 13 têm caixa eletrônico.
Desses, um funciona, mas nele não é possível sacar
dinheiro (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Em Cucuí, tríplice fronteira com Venezuela e Colômbia,
avião da FAB pousa em clareira de 800 metros
(Foto: Tahiane Stochero/G1)

Araras andam soltas e brincam com militares em
Yauretê, comunidade na Cabeça do Cachorro, fronteira
com a Colômbia (Foto: Tahiane Stochero/G1)

O tenente Éricson Maciel, comandante do pelotão do Exército, é a única autoridade no local. "A maior dificuldade aqui é logística. Estamos distantes de tudo, a 50 minutos de voo de Tabatinga ou 8 horas de rio da primeira cidade. O rio é cheio de pedras, com cachoeiras, é complicado navegar. Só recebemos comida para a tropa, mas por vezes precisamos apoiar a população. Água para a comunidade somos nós que fornecemos, porque tiramos do rio e não existe tratamento. Para beber, é da chuva (tratada com hipoclorito de sódio). A própria natureza já toma conta disso", afirma o tenente.

Outro confronto lembrado pelas tropas brasileiras na Amazônia ocorreu em 2006, segundo o tenente David Dias, que comanda o pelotão de Cucuí, à beira do Rio Negro, e na tríplice fronteira do Brasil com a Venezuela e Colômbia. Na época, o oficial que comandava a base militar no local teve a iniciativa de atacar uma embarcação com criminosos que estavam trazendo droga para o Brasil, matando alguns suspeitos.

O pelotão de Cucuí é o mais vigiado de todas as visitadas pela reportagem: canhões de luz ficam postados nas margens e seis soldados e um sargento ficam de prontidão 24 horas fortemente armados. Um deles leva uma submetralhadora.

"Aqui, nossa missão é difícil, combatemos transporte de ilícitos, como contrabando de animais silvestres, armas e drogas. Toda embarcação é obrigada a parar para ser revistada. Quem descumprir a ordem, vamos atrás ou avisamos as tropas localizadas em bases mais à frente para tentar para-los", explica o tenente Dias.

O isolamento em Cucuí é enorme e é preciso uma verdadeira maratona para chegar na base militar: de São Gabriel da Cachoeira, cidade de 36 mil habitantes localizada na tríplice fronteira, são mais 30 minutos de voo. Avista-se, aberta em uma clareira no meio da selva, uma pista de asfalto ruim, esburacada, não sinalizada e curta - cerca de 800 metros - onde só aviões da Aeronáutica conseguem pousar. De lá, mais um quilômetro de caminhada na mata fechada para, enfim, chegar à beira do rio e embarcar em uma voadeira - um pequeno barco de madeira movido a motor a diesel.

Soldados defendem fronteira com Colômbia e
Venezuela em Cucuí, onde Exército afundou barco
com drogas em 2006 (Foto: Tahiane Stochero/G1)

São mais 30 minutos de voadeira até chegar ao monte Cucuí, que abriga o pelotão. Do outro lado do Negro, a Venezuela. À frente, a Colômbia.

Uma antiga ponte, que ligava uma estrada de chão à comunidade, foi incendiada pelos índios em 2010, após a morte de um deles acidente ao cair da ponte. Desde então, a área, que chegou a ter até 5 mil moradores, viu a população diminuindo aos poucos: hoje menos de 800 pessoas. A única rodovia que permitiria o acesso a Cucuí, a BR-307, foi planejada durante o regime militar e ficou pela metade, por incluir áreas indígenas e de conservação ambiental.

Em julho, um homem foi preso e outro morto após troca de tiros com agentes da Polícia Federal no rio Solimões. Com eles, havia drogas, armas e munição. A mesma lancha havia escapado de uma abordagem em maio, após tiroteio. Histórias semelhantes são ouvidas nos quartéis, mas ninguém confirma datas ou suspeitos mortos.

Em Vila Bittencourt, o soldado Valdecir Curico de Souza, de 26 anos, tem a missão de "dar o primeiro tiro" caso alguma embarcação suspeita não pare ao ser abordada na entrada do Brasil. Ele diz, porém, que o maior perigo não é o criminoso, mas os insetos.

"Aqui neste pelotão é tranquilo o trabalho. Em algumas outras bases, os insetos atacam o dia inteiro", diz. "O que precisa melhorar aqui? Muita coisa... o colchão que eu durmo veio há mais de 20 anos e está um buraco só. E a farda já está amarelada, como o senhor pode ver".


AEROPORTO: CUMBICA TEM TAXA DE CRIMES 3 X MAIS ALTA QUE CONGONHAS

O ESTADO DE S.PAULO, 08 de dezembro de 2013 | 22h 03

Cumbica tem taxa de crimes contra passageiro 3 vezes maior que Congonhas. Segurança. A cada 100 mil passageiros do aeroporto internacional, 5,5 ocorrências foram registradas entre janeiro e outubro deste ano

Mônica Reolom - O Estado de S.Paulo


Um passageiro no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, têm quase três vezes mais chances de ser vítimas de crimes do que um viajante em Congonhas, zona sul da capital. A taxa de criminalidade no terminal internacional é de 5,5 ocorrências por 100 mil passageiros, enquanto em Congonhas é de 2 por 100 mil.



Epitacio Pessoa/Estadão
Na volta dos EUA. Fernanda teve 4 malas violadas: ‘Levaram roupas, perfumes, presentes’



O cálculo foi feito com base nas ocorrências, de janeiro a outubro deste ano, registradas pelas Polícias Civil e Federal. A reportagem contabilizou crimes que têm pessoas como vítimas - furto, roubo, homicídio, lesão corporal e desacato - e dividiu os registros pelo número de passageiros em cada terminal.

Especialistas em segurança atribuem o índice de Cumbica ao fluxo de pessoas. "O risco de o criminoso ser pego em Guarulhos é menor. As quadrilhas são mais disfarçáveis em aeroporto internacional e há mais vias de acesso e saída. Em Congonhas, é mais fácil cercar alguém", diz o consultor e coronel Carlos Alberto de Camargo, ex-comandante da Polícia Militar.

O consultor em segurança Hugo Tisaka diz também que estrangeiros são alvos fáceis. "Em Cumbica, há mais estrangeiros que não conhecem o aeroporto nem os costumes locais." Além disso, os passageiros transportam bens mais valiosos.

População flutuante. O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, da Divisão de Portos, Aeroportos e Proteção aos Turistas, responsável pelos dois aeroportos, explica que a população flutuante interfere no número de crimes em Cumbica. "Uma pessoa vai viajar e dez a acompanham para dar tchau. Na volta, tem mais 15 para recebê-la", diz.

O volume de passageiros por dia é de 98 mil em Cumbica, mas o número de pessoas que passa pelo local pode chegar a 150 mil, equivalente à população de São Caetano do Sul, no ABC paulista. Em Congonhas, são 46 mil passageiros por dia e população flutuante de 60 mil.

Os furtos e roubos nos terminais acontecem principalmente no saguão, nos balcões de check-in e nas praças de alimentação, onde os criminosos se aproveitam da distração dos passageiros. Nico afirma que as "gangues andinas" - formadas por colombianos, peruanos, bolivianos e chilenos - são responsáveis por 90% das ocorrências nos dois aeroportos.

Vítima. O executivo Paulo Reis, que viaja toda semana por Congonhas, conta que esperava um carro quando um jovem se aproximou e pediu informações. Enquanto isso, um comparsa furtou sua pasta. "Foi no ponto cego das câmeras, na última porta do desembarque. Com toda a paciência, ainda expliquei como chegar ao centro. Até falei em espanhol", diz Reis.

A maior reclamação da polícia é não conseguir prender os ladrões. Os bandidos presos em flagrante por furto podem pagar fiança e ser liberados. "Tem um peruano que já prendemos três vezes neste ano. Ele é solto e volta com nome diferente", diz Cícero Simão da Costa, delegado titular de Congonhas.

O desmantelamento de quadrilhas é apontado pela polícia como importante fator para derrubar a criminalidade. É isso o que explicaria que de 2012 para 2013 o número de furtos e roubos diminuiu 18% em Cumbica - de 1.594 para 1.315 - e 47% em Congonhas - de 350 para 186.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

MEDIDA ARGENTINA REDUZ MOVIMENTO NA FRONTEIRA


JORNAL NOROESTE quinta-feira, 5 de dezembro de 2013 21:12

Medida argentina reduz movimento em Porto Mauá

Movimento de compradores de produtos argentinos diminuiu na Aduana.



Desde a ultima sexta-feira vigoram as novas regras impostas pelo governo da Argentina para os brasileiros que pretendem se deslocar àquele país para fazer compras. Agora para ir e retornar no mesmo dia com compras, só é permitido para turistas que tenham domicílio comprovado a uma distância mínima de 100 quilômetros da fronteira. E mesmo cumprindo as determinações, só poderão retornar ao Brasil em horários estipulados (8h às 9h30min e das 15h às 16h30min). Quem passar fora do horário estabelecido, terá que pagar uma taxa de 50% sobre o valor da nota.

Já para os moradores da área fronteiriça só poderão fazer compras na Argentina se permanecerem no país no mínimo 24 horas. A alegação dos argentinos diante da medida é que ela visa evitar um eventual desabastecimento neste período de festas natalinas e de final de ano.