terça-feira, 3 de abril de 2012

O EFEITO SÃO BORJA


WANDERLEY SOARES, O SUL
Porto Alegre, Terça-feira, 03 de Abril de 2012.


A política da transversalidade gaúcha, na área da segurança pública, antes de sentar da mesa com Santa Catarina e Paraná, quer se acolherar com Argentina, Uruguai e até com o Paraguai.

Fora os efeitos psicológicos e a repercussão midiática da megaoperação da Polícia Civil realizada, sexta-feira última, na cidade de São Borja, que, num repente, parece ter sido identificada como o centro do tráfico internacional de drogas no RS, ainda não há uma radiografia exata dos sucessos reais da mobilização gigante da pasta da Segurança que anunciou a desmobilização de treze grupos de traficantes, com a prisão de chamados 79 suspeitos. É certo que tais suspeitos, em maioria, poderão permanecer presos por um prazo máximo de sessenta dias. Gradativamente, por força de lei, deverão sair para responder processo em liberdade. De outra banda, o tráfico tem como combustível permanente os consumidores que injetam, permanentemente, dinheiro vivo no crime organizado e isso faz com que a máquina se refaça rapidamente, pois a polícia não tem efetivo para manter operações de grande porte quer em São Borja quer no resto do Estado, inclusive em Porto Alegre e Região Metropolitana. Sigam-me.

Acolherar

Um dos resultados burocráticos da megaoperação realizada em São Borja é a festejada, mas ainda não definida em todos os seus termos, ação conjunta contra o tráfico que estabeleceria um elo entre Brasil, Argentina, Uruguai e, para espanto dos conselheiros da minha torre, com a participação do Paraguai. Ora, sabemos todos que acordos de organizações policiais em nível internacional são extremamente complexos devido, em primeiro plano, à diversidade das legislações. Há o risco de que o que começa com a caça a bandidos possa atingir a área dos segmentos políticos e até das vinditas pessoais. Acrescente-se ainda que não é notável um entendimento nacional entre as organizações policiais. A política da transversalidade gaúcha, antes de sentar da mesa com Santa Catarina e Paraná, quer se acolherar com Argentina, Uruguai e até com o Paraguai.

Copa

Sexta-feira última, pouco depois das 22h, escapei da minha torre e, na condição de um humilde marquês, dei uma circulada, a pé e solito, por parte do Centro Histórico da Porto Alegre que se prepara para a Copa e que tem, inclusive, profissionais do policiamento ostensivo especializados no evento que está para acontecer. Encontrei estudantes, trabalhadores, senhoras com crianças, todos apressados pelas ruas ou angustiados nos terminais de ônibus e lotações. Cheguei ao meu destino com a mesma pressa e angustia daquela gente, sem ver absolutamente nada de policiamento.

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