quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

MONITORAR AS FRONTEIRAS É IMPRESCINDÍVEL


JORNAL DO COMERCIO 26/12/2012

EDITORIAL


O Brasil enfrenta a sua guerra interna contra as drogas e a delinquência conspurcando até mesmo agentes da polícia, incluindo o Rio Grande do Sul, lamentavelmente. No Rio e em São Paulo, isso - também tristemente - virou algo não tão incomum, a mistura entre agentes da lei e marginais. É que sempre funciona a jamais revogada lei da oferta e da procura. Enquanto tiver quem pague aos que vendem tudo o que é tipo de veneno para os que querem se esquecer dos problemas da vida, por bem ou mal, haverá quem venda. Temos que educar, dar trabalho e colocar serviços públicos junto das pessoas, especialmente das mais necessitadas. Isso vale tanto para o Rio de Janeiro como para Porto Alegre e a Região Metropolitana. Enquanto isso é feito e demanda mais tempo, organização e preparação de efetivos, as fronteiras nacionais devem ser bem vigiadas. O Brasil, hoje, é acessado por traficante em todos os pontos cardeais. Há muitos rios, estradas e vias secundárias aonde não chegam as forças da lei nacionais. No entanto, temos agora o Plano Estratégico de Fronteiras.

Pois em um ano e cinco meses da Operação Ágata, uma vertente do Plano Estratégico de Fronteiras, foram apreendidas 350 toneladas de drogas, o que representa aumento de 329,5% em relação ao período de janeiro de 2010 a maio de 2011. O trabalho é coordenado, em linhas gerais, pelo vice-presidente da República. Ele ressaltou o aumento de investimentos e disse que os números de apreensão de drogas e armas foram impressionantes. “Essas operações são extraordinárias. Houve um crescimento bastante expressivo em matéria de segurança, não apenas de apreensões”, disse. Além das 350 toneladas de drogas, ocorreu a apreensão de 2.235 armas, 7.500 veículos e R$ 10,5 milhões de atividades ilícitas. O total de prisões foi de 20 mil pessoas.

São números impressionantes e provam que a criminalidade importa de tudo para praticar o seu nefasto negócio. Até 2014, o governo pretende formar mais 3 mil homens para a Polícia Federal e 4,5 mil para a Polícia Rodoviária Federal para atuarem nas fronteiras. No próximo ano, quando o Brasil sediará a Copa das Confederações, 20 mil homens devem participar de operações nas fronteiras. Apesar do empenho, ainda há falhas na política de defesa do País, pois temos 16 mil quilômetros de fronteiras. É realmente um grande desafio, mas está sendo superado com a integração de forças. São duas operações, a Sentinela e a Ágata. A primeira está funcionando desde o início de 2010, mas teve elevação de 100% do efetivo empregado. A Operação Ágata está sendo realizada de forma pontual e com duração determinada em locais definidos como áreas que necessitam de ações naquele momento. Há um Centro de Operações Conjuntas (COC) reunindo comandantes das forças que atuam nas operações Ágata e Sentinela para fazer o planejamento e acompanhamento das ações desenvolvidas. As fronteiras não podem servir para dar proteção ao crime, mas, sim, para combatê-lo. Armas, drogas e produtos não podem ter contrabando livre para o Brasil.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Este blog vem denunciando há muito tempo a falência das políticas de segurança nas fronteiras do Brasil. O monitoramento a PF e as FFAA já estão fazendo, mas é preciso muito  mais. É imprescindível patrulhar de forma permanente as linhas de fronteiras e controlar os acessos com postos de fronteiras por uma corporação formada, treinada, capacitada, comprometida e especialmente dedicada a estas missões. E esta atividade só será eficaz com emprego de uma POLÍCIA NACIONAL DE FRONTEIRAS recebendo o apoio logístico e da inteligência da Polícia Federal e das FFAA. O monitoramento das fronteiras tem sido inoperante e o Plano Estratégico de Segurança é uma falácia, já que as ações são superficiais e sem a permanência e o comprometimento necessários aos resultados que a segurança precisa obter contra o crime organizado.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O PERIGO DOS NARCOVIZINHOS


REVISTA VEJA, EDIÇÃO 2285 , de 5/09/2012

Entrevista DOUGLAS FARAH

por Duda Teixeira



O consultor de segurança americano diz que o Brasil é um dos maiores prejudicados pela aliança que os governos de países da América Latina estabeleceram com traficantes

Douglas Farah é pago para redigir relatórios de segurança para empresas privadas e órgãos do governo americano, como o Departamento de Segurança Interna e o Departamento de Defesa. Membro do Centro de Avaliação Estratégica Internacional (Iasc), de Washington, o consultor americano é especialista em identificar as áreas de influência de cartéis mexicanos, gangues salvadorenhas e grupos terroristas na América Latina. Também revela as armas, os centros de lavagem de dinheiro e os contatos no governo e na Justiça usados por esses criminosos. Autor do livro Merchant of Death (O Mercador da Morte), sobre o traficante de armas russo Viktor Bout, Farah foi criado na Bolívia, onde seus pais, missionários americanos, trabalharam.

Como explicar o avanço do crime organizado na América Latina?

Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York, os governos dos Estados Unidos e de países da Europa concentraram suas atenções no islamismo radical e no terrorismo. Desde então, o combate ao crime organizado ficou de fora da lista de prioridades e diferentes grupos com atividades ilícitas puderam agir com uma liberdade sem precedentes. Eles fizeram contatos entre si e assumiram o controle de panes vitais da economia de muitos países. Na América Latina, houve um fenômeno ainda mais preocupante. Os criminosos foram convidados pelos governantes de países ditos "bolivarianos", liderados pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, para compartilhar o poder político. Assim, conquistaram uma força inédita na região.

Como é a parceria entre os governos e os criminosos?

Narcoestado é o nome que se atribui a um país em que a cúpula governamental dá proteção às atividades dos traficantes ou mantém alguma participação direta no negócio clandestino. Nesses lugares, os criminosos são utilizados como instrumento de política interma e externa e apoiam o poder central. Em troca, cometem seus crimes com total segurança. A existência desse tipo de acordo explica o espetacular crescimento do papel da Venezuela como local de passagem da cocaína para outros países. O mesmo ocorreu com o Equador e a Bolívia. Nesses países, quando funcionários do primeiro escalão são flagrados em operações ilegais, jamais são investigados ou punidos. Ao contrário, são promovidos. Quem é castigado nos narcoestados são os jornalistas ou os políticos da oposição com coragem para divulgar as relações entre o poder político e o crime organizado. Foi o que aconteceu com o senador boliviano Roger Pinto, que entregou denúncias ao presidente Evo Morales e, por isso, passou a ser perseguido pelo governo. O político acabou se refugiando na Embaixada do Brasil para escapar da retaliação.

Quais são as principais autoridades envolvidas com narcotraficantes?

São muitas. O ministro da Defesa da Venezuela, Henry Rangel Silva, deu apoio material para que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) transportassem drogas, segundo o Departamento de Tesouro americano. O juiz Eladio Aponte, que trabalhou sete anos no Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela e está exilado nos Estados Unidos, também afirma ter provas do envolvimento de altos membros do governo de Hugo Chávez com narcotraficantes. Até fugir para Miami, ele era fiel ao presidente. Na Bolívia, Juan Ramón Quintana, ministro da Presidência, e Sacha Llorenti, ex-ministro de Governo, são suspeitos de manter relações escusas com o crime organizado. Llorenti acaba de ser nomeado embaixador da Bolívia na ONU. No Equador, dois aliados do presidente Rafael Corrêa. Gustavo Larrea, ex-ministro de Segurança Interma e Externa, e José Ignácio Chauvín, ex-subsecretário de Governo, mantinham vínculos diretos com traficantes das Farc.

O crime organizado sempre procurou infiltrar-se no poder oficial, não?

Sim, mas a natureza desses laços mudou. Tradicionalmente, os cartéis das drogas buscavam instalar-se em setores estratégicos do estado para abrir brechas nas alfândegas e nos postos de imigração, e para controlar alguns tribunais de Justiça. Não se preocupavam em dominar a cúpula nacional. No México ainda é assim. Já nos países bolivarianos o crime organizado espalhou-se de alto a baixo na estrutura de poder. No modelo antigo, sempre havia um setor do estado que não tinha sido contaminado e podia reprimir os criminosos com a polícia ou as Forças Armadas. Nos narcoestados, essa capacidade de reação praticamente deixa de existir.

Como foi forjada a aliança desses governos com os narcotraficantes?

Quando iniciaram o seu mandato, eles não tinham essa ambição. A questão é que o modelo econômico que adotaram não funcionou. Nas empresas nacionalizadas houve uma queda na produção. Os investidores, internos e externos, sumiram. A corrupção se alastrou e os profissionais mais talentosos se mudaram para outros países. Com a economia desmoronando, esses governantes buscaram alternativas. Encontraram o crime organizado.

Como a sociedade brasileira é afetada pelos narcoestados da vizinhança?

O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de cocaína do mundo, e conquistou esse posto porque houve uma mudança na forma de pagamento da droga entre os traficantes. Até os anos 80, quando ainda dominavam o tráfico de cocaína, os colombianos recompensavam seus intermediários em dinheiro. Com isso, a maior pane da droga apenas fazia escala no Brasil, de onde era enviada para outros países. Nos anos 90, os mexicanos mudaram as regras e passaram a pagar de 20% a 50% do valor em mercadoria. Isso obrigou seus parceiros em vários países a arrumar uma maneira de vender a cocaína. Assim cresceram os mercados domésticos para a droga e suas variações, como o crack. com o impacto conhecido na criminalidade. Quando um viciado fica sem dinheiro, rouba oi comete outros crimes. Os pontos de venda passam a ser disputados e os bandos começam a se armar com fuzis AK-47 e lançadores de granadas. Quando eles entram em combate com policiais armados apenas com pistolas o desequilíbrio de forças é tremendo. Não há um único caso no mundo em que o crescimento do consumo de drogas ilícitas não tenha sido acompanhado de aumento da criminalidade.

De que maneira a conivência do estado com o tráfico prejudica os cidadãos venezuelanos, bolivianos e equatorianos?

Onde há narcotráfico, há lavagem de dinheiro, tráfico de seres humanos e prostituição. O avanço das atividades ilícitas sempre é acompanhado por surtos de riqueza surpreendentes, que não podem ser explicados pela economia formal. No Panamá, estão sendo construídos arranha-céus que depois ficam totalmente vazios. Trata-se de lavagem de dinheiro pura e simples. Como os donos das construtoras que erguem esses prédios podem trabalhar no prejuízo. acabam competindo deslealmente com as empreiteiras honestas. As atividades econômicas legitimas, portanto, são prejudicadas. Essa distorção ocorreu na Colômbia nos anos 80 e agora é a regra nos países bolivarianos. Será muito difícil reverter essa situação e recuperar a pane legítima da economia, tomando-a apta para competir no mercado global.

Por quê?

Porque os criminosos e seus aliados no poder criam laços, fazem negócios e trocam experiências com outros bandos e com o governo de outras nações. Cria-se assim uma rede internacional de proteção mútua. Se Evo Morales cambaleia no poder. Chávez aterrissa em La Paz com um cheque ou aparece a presidente argentina Cristina Kirchner oferecendo novos projetos. Esses governos já resistiram a vários momentos de aguda crise interna por causa dessa rede de apoio, cuja fachada é a afinidade ideológica. No fim de 2010, quando Chávez ficou sem dinheiro (a economia estava em recessão pelo segundo ano seguido), os chineses lhe deram 20 bilhões de dólares. Em troca, garantiram o abastecimento de petróleo venezuelano por muitos anos. Os novos narcoestados latino-americanos também forjaram uma aliança poderosa com o Irã. Ela é feita de acordos que, embora não tragam benefícios econômicos notáveis, têm um sentido estratégico.

O Irã tem petróleo e está muito longe daqui. Qual é o seu interesse na América Latina?

Um dos objetivos claros do Irã é driblar as sanções internacionais. Na Venezuela, criaram-se instituições financeiras de fachada, como o Banco Internacional de Desenvolvimento, que Chávez sempre disse que não era iraniano. Eu tive acesso aos papéis de sua fundação, contudo, e verifiquei que todos os dezessete diretores eram iranianos. Tinham passaporte e nomes persas. O banco era usado para movimentar o dinheiro das transações internacionais do Irã. especialmente as relacionadas ao seu programa nuclear. Depois que esse esquema foi descoberto. o Irã e a Venezuela inventaram outros. Um deles consiste em criar um fundo binacional, ou seja, uma conta conjunta. supostamente para promover a agricultura, na qual cada país deposita alguns bilhões de dólares. Depois esse fundo simplesmente desaparece e o dinheiro some. É uma maneira de fazer com que o capital iraniano possa circular com um rótulo diferente, com outra denominação de origem. No Equador, os iranianos utilizam bancos nacionais que não funcionam mais, mas ainda existem no papel. Bem mais difícil é saber o que eles querem na Bolívia. Há 140 diplomatas iranianos que oficialmente atuam como assessores comerciais no país, mas o comércio bilateral não passa de alguns poucos milhões de dólares. Não há justificativa para tanto funcionário ligado à embaixada.

O senhor arrisca uma explicação?

Temo que o Irã queira usar a América Latina para ameaçar ou chantagear os Estados Unidos. Os generais venezuelanos carregam nos bolsos um pequeno livro com as doutrinas do Hezbollah, um grupo fundamentalista xiita apoiado pelo Irã. O texto contém a meta de derrubar o império americano com armas de destruição em massa. O intercâmbio com os países bolivarianos serviria, então, para montar um perigoso arsenal, talvez químico ou biológico, no quintal dos americanos.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse estar disposto a iniciar negociações com as Farc. Quais são as chances de isso dar certo?

Qualquer negociação séria teria de conseguir que as Farc abandonassem o narcotráfico, o que é impossível. Muita gente depende dessa rede que se alastra por todo o planeta. A questão do narcotráfico muito provavelmente ficaria de fora em uma negociação de paz. As lideranças das Farc nunca demonstraram disposição para abrir mão dessa que se tomou sua principal atividade.

O Plano Colômbia, assinado com os Estados Unidos em 1999 com o objetivo de reduzir a produção e o tráfico de cocaína, foi bem-sucedido?

Quem ler as metas que foram escritas no tratado de 1999 poderá concluir que se tratou de um fracasso espetacular. Os dois países previam baixar a exportação de cocaína pela metade e falavam em muitos outros objetivos que ao final não se concretizaram. Fora do papel, o plano fez história. Nos Estados Unidos, o consumo de cocaína caiu mais de 20% em dez anos.

Na Colômbia, o risco de o estado ruir não existe mais. As Farc estão debilitadas e não há mais grandes cartéis com liberdade para fazer seus negócios. Com apoio americano, os colombianos se puseram a trabalhar para fechar as feridas das décadas de confronto com a guerrilha.

Os Estados Unidos financiaram menos de 10% do Plano Colômbia. A maior pane dos recursos veio dos colombianos. que aumentaram os impostos pagos pela própria população para assumir as despesas da guerra interna. Eles reduziram a violência sem fazer nenhum pacto com os narcotraficantes. Demonstraram com isso uma capacidade que ainda falta aos mexicanos. Infelizmente, outros países da região escolheram seguir o rumo oposto.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

UM GOLPE NO IMPÉRIO DO BARÃO GAÚCHO DA COCAÍNA


ZERO HORA 29 de novembro de 2012 | N° 17268

PEIXE GRANDE

Bando liderado por ex-parceiro de Beira-Mar abastecia com drogas o Vale do Sinos e a Região Metropolitana

EDUARDO TORRES


A Polícia Federal desbaratou uma das principais quadrilhas responsáveis pelo abastecimento de cocaína no Vale do Sinos e na Região Metropolitana. O grupo, com tentáculos na Bolívia e no Paraguai, era liderado pelo gaúcho Irineu Domingos Soligo, o Pingo, ex- parceiro de Fernandinho Beira-Mar, e um dos filho dele.

Adescoberta de 16 quilos de cocaína com alto teor de pureza em Santo Antônio da Patrulha, em agosto, foi o ponto de partida da Polícia Federal. Transportado desde o Mato Grosso do Sul, o pó era levado para um sítio. Quem transportava a droga era um homem apontado pela polícia como um dos principais subordinados de Pingo – um dos maiores barões da droga na fronteira entre o Brasil e o Paraguai.

Com a apreensão, que resultou também na descoberta de um casal responsável pela distribuição, sobretudo no Vale do Sinos, os investigadores começavam a abalar o império dos Soligo. A Operação Grumatã (peixe de grande porte e de difícil captura), desencadeada pela PF, prendeu Jonathan Winck Soligo, o Pinguinho, filho de Soligo, em Aral Moreira (MS), onde a família mantinha três fazendas supostamente dedicadas à produção de soja. O pai dele foi retirado pelos agentes de uma prisão agrícola em Piraquara, no Paraná, onde cumpria pena em regime semiaberto, e encaminhado ao Presídio Federal de Segurança Máxima de Catanduvas (PR).

Justiça sequestrou bens avaliados em R$ 20 milhões

Eles eram os principais alvos da ação policial que derrubou os ramos intermediários e a ponta da rota. Suspeitos ainda foram presos em Parobé, no Vale do Sinos, Gravataí, na Região Metropolitana, e Santana do Livramento, na Fronteira Oeste. A última prisão aconteceu em Curitiba (PR).

– Conseguimos ir além da simples ponta do tráfico e chegar a patrões que, segundo as nossas estimativas, enviavam uma tonelada de cocaína para o Brasil a cada mês – afirmou o delegado Aldronei Rodrigues.

Juntamente com as prisões, foram determinados pela Justiça os sequestros das três fazendas dos Soligo em Mato Grosso do Sul e de outra em Santo Antônio da Patrulha, além de gado, veículos e imóveis, totalizando um patrimônio avaliado em R$ 20 milhões.

Segundo o delegado que comandou a operação no Estado, a apreensão de agosto era continuação de uma investigação iniciada em março, no Vale do Sinos, com escutas telefônicas. Desde então, foram apreendidos 108,2 quilos de cocaína ligados ao grupo, com a prisão de outras nove pessoas.

domingo, 21 de outubro de 2012

BM PRENDE CHINESES QUE ATRAVESSARAM O RIO URUGUAI

ZERO HORA. 21 de outubro de 2012 | N° 17229

COIOTES DA FRONTEIRA

PF prende chineses em Uruguaiana


Seis chineses foram presos na manhã de sábado quando tentavam entrar ilegalmente no Brasil.

Eles atravessavam de barco o Rio Uruguai – que liga Paso de Los Libres, na Argentina, a Uruguaiana, na Fronteira Oeste – e foram pegos próximo à margem brasileira por volta das 7h. A Polícia Federal notificou o grupo, que registrava passagem pelos Emirados Árabes, e deu um prazo de três dias para que deixem o país.

A prisão foi feita pela Brigada Militar. Após receber denúncia anônima, os policiais se deslocaram para uma área próxima de onde costuma ocorrer o desembarque de imigrantes conduzidos por coiotes. O crime tem se tornado comum na região e vários casos foram registrados desde março, quando o movimento migratório irregular se intensificou. De acordo com a PF, em média 10 imigrantes por mês são impedidos de entrar no país.

Falando em mandarim e com dificuldades de comunicação em outras línguas, os imigrantes silenciam sobre os agenciadores da viagem. O coiote que conduzia o grupo dos seis chineses conseguiu escapar. No final de agosto, uma operação da PF deteve 13 chineses com entrada clandestina.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

FAB USA AVIÕES SEM PILOTO PARA VIGIAR FRONTEIRAS




REVISTA ÉPOCA, 18/10/2012 21h09 - Atualizado em 18/10/2012 21h12

FAB usa aviões sem piloto pela primeira vez para vigiar fronteiras. Imagens captadas pelas aeronaves permitiram a polícia interceptar um veículo suspeito. Operações combatem o tráfico na região do Peru e Bolívia

REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA EFE



Operação com o Vant foi feita na fronteira da Bolívia com o Brasil (Foto: CB Silva Lopes/FAB/EFE)


A Força Aérea do Brasil (FAB) usou pela primeira vez aviões não tripulados na vigilância da fronteira com a Bolívia. Os militares usaram duas unidades do Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) em uma operação de treinamento conjunta realizada com a Polícia Rodoviária Federal nesta quarta-feira (17) nas imediações da cidade de Cáceres, no Mato Grosso.

As imagens feitas pelos Vants permitiram a polícia interceptar um veículo suspeito que tentou fugir de uma reserva montada pelo Exército em uma estrada, segundo um comunicado da FAB.

O exercício ocorreu no marco da Operação Ágata VI, que mobilizou rumo às fronteiras com o Peru e a Bolívia cerca de 7,5 mil soldados para reforçar as operações contra o narcotráfico e o contrabando.

Os Vants têm uma autonomia de voo de 16 horas e podem filmar imagens em alta resolução de dia e de noite de uma altitude de 5,5 mil metros.

Na operação, participam soldados do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que contam com apoio de caças-bombardeiros, helicópteros de combate, lanchas de patrulha e blindados.

As tropas foram deslocadas ao longo dos 4.216 quilômetros de fronteiras amazônicas com o Peru e a Bolívia e calcula-se que permanecerão ali durante duas semanas.

AC

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

TRÁFICO DE PESSOAS

ZERO HORA 17 de outubro de 2012 | N° 17225



475 brasileiros foram aliciados em seis anos


Entre 2005 e 2011, pelo menos 475 brasileiros foram aliciados e vendidos por quadrilhas de traficantes para serem explorados como mercadoria no Exterior. 

A maior parte das vítimas (337) sofreu exploração sexual enquanto um grupo de 135 pessoas foi submetido a trabalho escravo. 

Os dados fazem parte do diagnóstico sobre tráfico de pessoas no Brasil, elaborado pelo Ministério da Justiça em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).

QUADRILHA TRAFICOU DOIS MIL ANIMAIS EM SEIS MESES


ZERO HORA 17 de outubro de 2012 | N° 17225

COMÉRCIO ILEGAL. Operação Pampa Verde apreendeu aproximadamente 600 espécies

ROBERTO AZAMBUJA


Operação da Polícia Federal (PF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) prendeu, ontem, oito pessoas suspeitas de tráfico internacional de animais silvestres. Ao menos duas quadrilhas, lideradas no Estado, teriam ramificações no Uruguai, na Argentina e em São Paulo.

OIbama acredita que, ao longo dos seis meses de investigação, as duas células criminosas tenham contrabandeado cerca de 2 mil animais, entre exóticos e nativos. Ontem, 10 mandados de busca e apreensão recuperaram aproximadamente 600 exemplares em poder de ambos os grupos durante a Operação Pampa Verde. Outras três ações prévias teriam apreendido mais 600 espécies, na maioria aves, somando um total de 1,2 mil animais recuperados.

Um uruguaio que residia em Porto Alegre seria o principal líder de uma das quadrilhas, conforme a PF. A mulher e o filho dele também fariam parte do grupo, especializado na compra dos animais capturados em cidades da Campanha, bem como aqueles criados em cativeiro no Uruguai e na Argentina. Dali, seguiam para distribuição em São Paulo e outras regiões do Brasil.

A PF apurou que alguns investigados do outro grupo também atuavam no tráfico de armas e munições do Uruguai para o Brasil.

– As quadrilhas se inter-relacionavam. Uma era especializada em remeter a distribuidores no Brasil. A outra vendia diretamente a pet shops – afirma a titular da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente da PF, delegada Aletea Marona Kunde.

Transporte era feito em condições precárias

O tráfico era realizado por meio de carros populares, “sem camuflagem”, para não levantar suspeitas, segundo a PF. Os suspeitos preferiam viajar durante a madrugada, pois a fiscalização é menor, e transportavam centenas de animais espremidos em gaiolas minúsculas. Em algumas ocasiões, cerca de 60% dos espécimes chegavam ao destino final já mortos, explica a delegada Aletea:

– Às vezes, (os animais) saíam da Argentina com uma temperatura muito baixa e não aguentavam as oscilações climáticas até São Paulo, por exemplo.

Régis Fontana Pinto, chefe de fiscalização do Ibama no RS, lamenta o fato de os suspeitos presos serem os mesmos que atuam no Estado há mais de 20 anos. Segundo ele, a legislação de crime ambiental mais branda e a falta de estrutura para monitorar os casos de tráfico de animais têm dificultado a repressão no Brasil.

– A maioria dos compradores ainda é pessoas que buscam ter um bichinho de estimação, mas que não os legalizam – sinaliza.

– A sociedade precisa entender que, se existe o traficante, há o consumidor. O nosso objetivo é coibir e intimidar a prática – completa o superintendente do Ibama em Porto Alegre, João Pessoa Moreira Júnior.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

LEI PARA DESENVOLVER AS FRONTEIRAS

ZERO HORA 12 de outubro de 2012 | N° 17220. ARTIGOS

Ana Amélia Lemos*

Ao sancionar a lei que autoriza a instalação de lojas francas nas cidades gêmeas, na fronteira do Brasil com outros países, a presidente Dilma Rousseff não só acolheu iniciativa do Congresso, mas teve sensibilidade de atender uma antiga demanda da fronteira gaúcha e brasileira, onde o padrão de desenvolvimento continua muito baixo. Mais do que os ganhos para o comércio e o turismo de mais de 30 cidades gêmeas brasileiras na fronteira com municípios de países vizinhos, trata-se de um estímulo social com impactos diretos na autoestima dos moradores, trabalhadores, produtores rurais, comerciantes e empreendedores das cidades. Além disso, os consumidores estrangeiros que visitarem o Brasil terão acesso aos produtos oferecidos pelas lojas francas. A Lei 12.723/2012, mais conhecida como Lei dos Free Shops, de autoria do presidente da Câmara Federal, deputado Marco Maia (PT-RS), deverá ser relevante instrumento para desenvolver a fronteira, hoje desassistida e abandonada.

No caso do Rio Grande do Sul, Estado que mais se beneficia com essa legislação, os ganhos serão ainda maiores. Nas 10 cidades gaúchas (Aceguá, Barra do Quaraí, Chuí, Itaqui, Jaguarão, Porto Xavier, Quaraí, Santana do Livramento, São Borja e Uruguaiana), beneficiadas pela nova lei, as vantagens vão desde a melhoria de perspectivas e oportunidades até o enfrentamento da concorrência desleal sentida pelos municípios gaúchos em relação às cidades estrangeiras com estruturas semelhantes à de shopping centers. Os moradores da fronteira, desprovidos, até então, de marcos legais focados no comércio fronteiriço, estavam limitados e sem poder abrir lojas, gerar empregos, estimular o crescimento do município ou trabalhar para o enriquecimento das populações fronteiriças. A ausência de uma lei ou de uma norma estimuladora para o desenvolvimento foi barreira aos avanços sociais e econômicos dessa parte importante, mas sempre esquecida, do Rio Grande do Sul.

A Receita Federal ainda irá definir a regulamentação e o formato de funcionamento dos free shops. Mesmo assim, os avanços serão visíveis. Economistas e estatísticos avaliam que ainda é cedo para quantificar, em números, o volume dos recursos e mercadorias que passarão a circular nas economias das cidades de fronteira do Rio Grande do Sul, a partir desta nova oportunidade de negócios. Informações extraoficiais estimam que somente nos free shops uruguaios são comercializados anualmente US$ 1 bilhão, dos quais US$ 700 milhões na fronteira do Rio Grande do Sul. Como se trata de um modelo novo, bem diverso do funcionamento padrão das lojas francas dos aeroportos, os ajustes serão construídos e os esforços afinados a partir de agora, com a necessária consulta à comunidade interessada, como requer a democracia.

O primeiro passo para essa transformação importante foi dado. Após três anos de articulações e acordos no Congresso Nacional, conseguimos a aprovação antes do término das eleições municipais. Normalmente, projetos dessa natureza ficam décadas à espera de um consenso.

Podemos dizer que parte do “mapa do desenvolvimento fronteiriço” está pronto. Prefeitos e vereadores, novos e reeleitos, terão agora a opção de começar 2013 mais confiantes com as possibilidades que uma lei como essa abre aos municípios das cidades de fronteira. Poderá ser o fôlego que faltava para melhorar a confiança dos gaúchos, especialmente daqueles com talento para o empreendedorismo.

*Senadora (PP-RS), relatora da Lei dos Free Shops no Senado Federal

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Mais uma razão para o Brasil criar a POLÍCIA NACIONAL DE FRONTEIRAS. 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

EUA ADVERTE SOBRE USO DE MIILITARES EM AÇÕES POLICIAIS


EUA advertem América Latina sobre uso de militares em ações de policiais. Exército contra o tráfico pode não ser uma solução a longo prazo, diz Panetta

O Globo
Com agências internacionais
Publicado: 8/10/12 - 11h28



Leon Panetta, ao lado da embaixadora americana para o Uruguai, em Punta del Este: contra Exército agindo como polícia AFP


PUNTA DEL ESTE, Uruguai - O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, alertou os países latino-americanos nesta segunda-feira a tomarem cuidado com o uso de forças militares no desempenho de funções destinadas à polícia, acrescentando que as autoridades civis deveriam ser reforçadas na aplicação da lei. No encontro de ministros da Defesa do continente, na cidade uruguaia de Punta del Este, Panetta disse que o fato de muitos países da região usarem as Forças Armadas para lidar com problemas como o tráfico de drogas ou guerrilheiros “pode não ser uma solução a longo prazo”.

Na Décima Conferência de Ministros de Defesa das Américas, Panetta reconheceu que algumas vezes é difícil definir se ameaças à paz e à estabilidade do país devem ser tratadas por militares ou pela polícia - um debate que também dividiu os EUA após os ataques de 11 de setembro de 2001.

- Em alguns casos, os países desviaram suas forças de defesa para apoiar autoridades civis. Para ser claro, isso pode não ser uma solução a longo prazo - disse.

Seus comentários tinham como destino países latino-americanos que têm empregado o Exército particularmente no combate a cartéis de drogas e outros tipos de atividades criminosas para restabelecer a paz. Além das críticas, Panetta levou promessas de ajuda:

- Como parceiros, os Estados Unidos vão fazer o possível para cobrir brechas de capacitação entre as forças armadas e civis. Estamos comprometidos a ajudar de uma forma que respeite os direitos civis, o domínio da lei e a autoridade civil - declarou. - Podemos estender a mão, mas as autoridades civis devem ser capazes de carregarem esse fardo sozinhas.

No encontro, ele pressionou por uma colaboração maior entre os países em questões de defesa, como parte de uma nova estratégia do Pentágono. E defendeu a criação de uma base de dados que permita às nações se coordenarem melhor na resposta a desastres naturais.

A nova estratégia busca renovar os laços do Pentágono com a América Latina após uma década em que Washington se concentrou nas guerras no Iraque e no Afeganistão.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

TRÁFICO DE ESCRAVAS SEXUAIS

 USA TODAY, NEWS - Updated 3h 4m ago

Sex trafficking in the USA hits close to home

by Yamiche Alcindor, USA TODAY


H. Darr Beiser, USA TODAY
Asia Graves, 24, is a survivor of human trafficking. She works for Fair Girls, a nonprofit that helps human trafficking victims.



WASHINGTON -- Asia Graves looks straight ahead as she calmly recalls the night a man paid $200 on a Boston street to have sex with her.

She was 16, homeless, and desperate for food, shelter and stability. He was the first of dozens of men who would buy her thin cashew-colored body from a human trafficker who exploited her vulnerabilities and made her a prisoner for years.

"If we didn't call him daddy, he would slap us, beat us, choke us," said Graves, 24, of the man who organized the deals. "It's about love and thinking you're part of a family and a team. I couldn't leave because I thought he would kill me."

By day, she was a school girl who saw her family occasionally. At night, she became a slave to men who said they loved her and convinced her to trade her beauty for quick cash that they pocketed. Sold from Boston to Miami and back, Graves was one of thousands of young girls sexually exploited across the United States, often in plain sight.

A plague more commonly associated with other countries has been taking young victims in the United States, one by one. Though the scope of the problem remains uncertain -- no national statistics for the number of U.S. victims exist -- the National Center for Missing and Exploited Children says at least 100,000 children across the country are trafficked each year.

On Tuesday, President Obama announced several new initiatives aimed at ending trafficking nationwide, including the first-ever assessment of the problem in this country and a $6 million grant to build solutions.

"When a little girl is sold by her impoverished family, or girls my daughters' ages run away from home and are lured -- that's slavery," Obama said in an address to the Clinton Global Initiative. "It's barbaric, it's evil, and it has no place in a civilized world."

Schools in at least six states and the District of Columbia have turned their focus to human trafficking, launching all-day workshops for staff members, classroom lessons for students and outreach campaigns to speak with parents about the dangers American children face.

The efforts by high school and middle-school officials in Washington, D.C., Virginia, Connecticut, Oregon, Wisconsin, California and Florida come as experts say criminals have turned to classrooms and social media sites to recruit students into forced domestic sex and labor rings.

"They are as horrific and brutal and vile as any criminal cases we see," said Neil MacBride, the U.S. Attorney for the Eastern District of Virginia. "If it can happen in affluent Fairfax County, it can happen anywhere."

Across the nation, the stories arrive with varying imprints of the callousness and depravity of the sex traffickers. One girl was sold during a sleepover, handed over by her classmate's father. Another slept with clients during her school lunch breaks. A third was choked by her "boyfriend," then forced to have sex with 14 men in one night.

Young people at the fringes of school, runaways looking for someone to care and previously abused victims fall into the traps of traffickers who often pretend to love them.

The perpetrators -- increasingly younger -- can be other students or gang members who manipulate victims' weaknesses during recess or after school, law enforcement officials say. They often bait victims by telling them they will be beautiful strippers or escorts but later ply them with drugs -- ecstasy pills, cocaine, marijuana and the like -- and force them into sex schemes.

'Too pretty to stay outside'

For Graves, who grew up in inner city Boston, her troubles began early in life. Her mother was addicted to drugs, and a dealer molested Graves as a little girl. She bounced between living with an aunt, grandparents, an alcoholic father and a sometimes-recovering mother.

At 16, Graves was homeless and had been wearing the same clothes for months when a group of girls who had dropped out of school took her in and cleaned her up. "They said they were escorts and that they made $2,000 a night," she recalled. "I figured if I go out one night, I'll never have to do it again."

She followed the girls to the "track," a term used for streets where prostitutes gather. When a terrified Graves only brought back $40 from begging, the girls abandoned her. The next night, she says she was alone on a corner in Boston during a snowstorm when her first trafficker picked her up.

"He said I was too pretty to stay outside, so I ended up going home with him because he offered me a place to sleep and clothes to put on," she said.

The man said he wanted to take care of her but that she would have to earn her keep. "He showed me the ropes," she said. "How much to charge for sex" and other sex acts.

Then came the violence. Her attempts to leave were met with brute force. "He punched me," she said. "He stripped me down naked and beat me."

In one incident, her captor took a potato peeler to her face then raped her as she bled. Years later, the light scar remains just below her left eye. Other violent episodes left her with eight broken teeth, two broken ankles and a V-shaped stab wound just below her belly button.

She stayed, however, and found comfort in other girls -- called "wife in-laws" -- who went to area schools, got their hair and nails done together and then worked the streets for the same man. "You think what you're doing is right when you're in that lifestyle," Graves said. "You drink alcohol to ease the stress. Red Bulls kept you awake, and cigarettes kept you from being hungry."

For two years, she was sold from tormentor to tormentor, forced to sleep with men in cities like New York, Atlanta; Philadelphia; Atlantic City; Miami. She posed for Craigslist and Backpage.com ads and set up "dates" six days a week for up to $2,500 a night.

A captive Graves did what experts say others have done: she recruited others. "We'd go to malls, schools, group homes, bus stations and look for girls who were by themselves or looked very vulnerable," she said.

For some of the time, Graves herself remained in high school, attending classes sporadically in boy shorts, small tank tops and worn heels.

"In the schools, they thought I just dressed provocatively," Graves said of the teachers and staff who missed chances to help her. "Now, people are actually understanding that these girls are victims."

Raising 'the compassion bar'

Graves' journey eventually led her to work for Fair Girls, a non-profit based in Washington, D.C. One of several organizations working to educate schools and students about the issue, Fair Girls has designed a four-hour lesson plan called "Tell Your Friends" for high school and middle-school students.

"I want to raise the compassion bar so that any girl who becomes a victim is never seen as a girl who asked for it," said Andrea Powell, executive director of Fair Girls, which launched the curriculum in 2008.

The model reaches more than a 1,000 students a year at a dozen schools in Washington, as well as young people in homeless shelters and foster homes.

Polaris Project, a non-profit that runs the national human trafficking hotline, has received 58,911 calls since December 2007. At least 2,081 callers have identified themselves as a student and 341 callers identified as school staff members.

Globally, the International Labor Organization estimates that about 20.9 million people are trafficked and that 22% of them are victims of forced sexual exploitation.

The growing number of human trafficking cases handled by U.S. Attorney MacBride's office -- 14 in the last 18 months -- reflects the domestic trend, experts say.

In one case this year, Justin Strom, 26, a gang member in Fairfax County, Va., was sentenced to 40 years in prison for forcing girls from local high schools and a juvenile detention center to work as prostitutes.

The familiar echo of these crimes reaches the other side of the country, too, says Alessandra Serano, an Assistant United States Attorney for the Southern District of California.

"You can sell drugs once," she said. "You can sell a girl thousands of times."

A search of Backpage.com's adult section reveals thousands of ads for young women claiming to be escorts, strippers and massage therapists. The women in suggestive poses and little clothing offer good times for a price. "Multiple Females Multiple Hours." "Sexy White Chocolate." "Delicious Petite Blonde Barbie."

Advocates such as Powell say such websites depict modern-day slavery. She scrolls through them often looking for new girls to help. Fair Girls works directly with victims to find them jobs, housing, lawyers and medical resources. They've gone from serving 20 girls in 2011 to 50 this year -- all with a limited budget.

"We just don't have the resources for all these girls," Powell said. "But we can't turn them away."

In classroom lessons, staffers define trafficking, show a video about experiences and ask students to react. As 50 Cent's "P-I-M-P" song thumps in the background, students are asked what they think traffickers and victims look like. They then talk about abusive relationships and how to avoid them, and they are presented with resources they can use if they are being exploited.

A few weeks ago, at Bell Multicultural High School in Washington, nine girls sat around a long wooden table talking about trafficking with Graves, who teaches at 12 public high schools in the District of Columbia.

"If you want attention and you see that you're getting it, you just follow your feelings," senior Araceli Figueroa, 17, said. "It's sad."

Graves knows. She can still see the face of a fellow victim whose body she identified. The girl's body had been discarded in an Atlantic City drain pipe.

In Connecticut, Love146, another non-profit focused on trafficking, teaches Fair Girls' "Tell Your Friends" curriculum in 11 schools, said Nicole von Oy, the group's training and outreach coordinator. They've talked to more than 4,000 students in schools, shelters and other places using that curriculum and other initiatives.

Others hope to spread the message to more students.

Since 2006, the U.S. Department of Education has focused on the problem and worked on training with several schools, said Eve Birge, who works for the agency's Office of Safe and Healthy Students.

In doing so, they collaborate with the White House, the FBI, the Departments of State and Justice as well as other agencies.

"For a lot of these kids, school can be the only safe place they have," Birge said.

With their help, schools tell teachers, social workers, counselors and others to look for the signs of a possible victim:

-- Multiple unexplained absences from school.

-- A repeated tendency to run away from home.

-- Frequent travel to other cities.

-- Older boyfriends or girlfriends.

-- A sudden ability to have expensive items.

-- Appearing depressed or suffering physical injuries.

Escaping the 'invisible chains'

For Katariina Rosenblatt, who spoke at a recent training session for Miami-Dade County Public Schools, the issue is personal.

Twenty-seven years ago, traffickers in Miami tried to sell her virginity for $505. She was only 13. She ran from them then but fell victim six months later when a classmate's father sold her during a sleepover.

From ages 14 to 17, she says she was drugged, abused, raped and trafficked by several people including that father's friends, a neighbor who ran a trafficking house, and man who offered her a role in a movie.

Rosenblatt, now an adjunct professor at Trinity International University, runs a non-profit called There Is H.O.P.E. For Me.

"They give you money, drugs and a fun time, but in the end they want your dignity and your self-respect," she said. "It's invisible chains that these kids are tied with."

Graves understands. At Fair Girls, she works directly with victims and unwinds her long, painful story with the hope that it will lift these tortured souls.

After she suffered a miscarriage during a beating in July 2005, Graves finally went to police and worked with the FBI and state attorneys to get six men charged with human trafficking. All pleaded guilty or were convicted of conspiracy or sex trafficking. They were sentenced to four to 25 years in prison.

The agencies helped her get housing, and officers even today check on the now poised young professional. She's earning a political science degree and says she wants to start a non-profit much like Fair Girls.

One recent afternoon, her low hazel eyes pierced through a busy Washington street and focused on a young woman's face she recognized from Backpage.com. She paused.

Graves sees trafficking when no one else can.

"My main priority is making sure no child has to go through what I went through," she said. "If I can save one girl from not going into it or one girl who has already been in from going back, then I'm already doing more than enough."(Polaris Project's national trafficking hotline number: 1-888-373-7888)

COMENTÁRIO (VIA FACE) - 

Afrânio Bressan (Grupo Inteligência e Estratégia) 27 de Setembro de 2012 11:37

Vejam esta reportagem e reflitam bastante. O tráfico sexual atinge agora os Estados Unidos da América. É sabido que o Brasil é país foco de suprimento de escravas sexuais para o mundo afora. Para quem ainda não conhece essa triste e degradante realidade, sugiro que assistam a dois filmes: Tráfico Humano com o Donald Sutherland e a Mira Sorvino, e também Busca Implacável com o Liam Neeson. São dois filmes que retratam a realidade do tráfico sexual através do mundo, sendo o primeiro filme bastante forte e recomendo até mesmo certa cautela para assistir. Temos que resguardar as nossas fronteiras, temos que dar assistência à população abandonada de nossas fronteiras. Temos que valorizar as nossas Forças de Defesa (Forças Policiais e Forças Armadas).

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

SEM MANUTENÇÃO, AVIÃO ANTITRÁFICO NÃO VOA DESDE JANEIRO

 
FOLHA.COM 24/09/2012 - 06h00


MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO


Uma das estrelas da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2010, o avião não tripulado que seria a principal arma para combater o tráfico de drogas nas fronteiras não voa desde janeiro deste ano por falta de contrato de manutenção.

Uma cláusula da compra do sistema, feito junto à empresa israelense IAI (Israel Aerospace Industries), impede a aeronave de voar sem o contrato de manutenção.

A manutenção não é só para eventuais reparos do avião em caso de acidente. Ela inclui a checagem do equipamento, altamente sofisticado, antes de toda decolagem.

Os Vants (veículos aéreos não tripulado) são aeronaves controladas remotamente, a partir de uma base em terra. A versão comprada pela PF é capaz de fotografar o rosto de um traficante a 9.000 metros de altitude, segundo a empresa israelense.

O sistema completo consumiu cerca de R$ 80 milhões, de acordo com a PF. Inclui uma estação terrestre, equipamentos ópticos que registram e transmitem imagens para uma base terrestre e um segundo Vant que ainda não chegou ao Brasil.

No primeiro ano do governo Dilma, a PF anunciou que o projeto inteiro estava orçado em R$ 655 milhões. O pacote incluía 14 Vants e quatro estações terrestres: no Paraná, em Brasília, em Rondônia e no Estado do Amazonas.

O conjunto seria suficiente para patrulhar os 15.791 quilômetros da fronteira terrestre brasileira, de acordo com o projeto original.

Uma única estação saiu do papel, em São Miguel do Iguaçu (PR), ao lado de Foz de Iguaçu, na tríplice fronteira. Foi inaugurada em novembro de 2011, pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso. Desde então, o projeto já sofreu com falta de combustível e até de uma carreta para transportar o Vant.

O avião voou 400 horas e identificou cerca de 1.200 alvos críticos, como portos e barcos clandestinos. Parou no fim do ano passado porque acabaram as horas de treinamento que a empresa israelense incluiu na venda. Daí a necessidade do contrato de manutenção.

A PF diz que não pode informar sobre o futuro cronograma do projeto por se tratar de "informação reservada". O contrato de manutenção ainda não foi finalizado, segundo a polícia, porque está em fase de "discussão técnica". A instituição considera "normal" o prazo da administração pública.

A manutenção será feita por uma empresa brasileira, que receberá treinamento do fabricante israelense.

A Folha apurou que a PF teme os termos do contrato depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) considerou desproporcional o custo do treinamento dos 13 pilotos que estavam previstos no projeto original: R$ 24,3 milhões, ou R$ 1,9 milhão por piloto. O treinamento consumiu 31% do custo total do projeto.

O preço supera o valor gasto pela Força Aérea Brasileira (FAB) para treinar seus pilotos de Vants. Defensores do projeto da PF dizem que o Vant da instituição é mais complexo que o da FAB.

O custo ficou alto, segundo essa visão, porque o treinamento levou em conta que o projeto seria implantado integralmente, com 14 aviões e quatro bases terrestres. Se isso tivesse ocorrido, o treinamento corresponderia a 3,8% dos R$ 655 milhões previstos.

domingo, 2 de setembro de 2012

LIMITES DO COMBATE ÀS DROGAS

02 de setembro de 2012 | 3h 09


OPINIÃO O Estado de S.Paulo

O Brasil, maior mercado consumidor de drogas da América Latina, passou a atuar além de suas fronteiras para dificultar o cultivo e o comércio de entorpecentes. As operações são feitas pela Polícia Federal (PF) em conjunto com agentes locais, segundo acordos formalmente estabelecidos, mas é inevitável que a presença dos brasileiros cause mal-estar nesses países, embora nem de longe lembre a oposição hostil à agora decrescente atuação dos EUA com iguais objetivos.

Como mostrou a Folha (19/8), policiais peruanos, por exemplo, externaram sua desconfiança em relação aos brasileiros, que apelidaram a ação de "nosso Plano Colômbia". É uma referência ao plano de ajuda dos EUA aos colombianos, no valor de US$ 7 bilhões, para combater o narcotráfico e os grupos guerrilheiros que se financiam por meio dele. A iniciativa, que completou uma década e costuma ser qualificada de "imperialista" por seus opositores, reduziu à metade a área de coca plantada no país e minou as narcoguerrilhas. Mesmo assim, o plano ficou longe de atingir o principal objetivo, que era reduzir o consumo de cocaína nos EUA: 95% da droga vendida para os americanos ainda vem da Colômbia.

Além disso, com o desmantelamento dos grandes cartéis colombianos, o comércio das drogas se fragmentou pela América Central e pelo México, tornando muito mais complicado combatê-lo. Por esse motivo, parece claro que o Brasil, que de simples corredor do narcotráfico passou a grande consumidor, não pode deixar de agir de modo mais abrangente contra esse crime - cujo perfil internacional demanda das autoridades ações extraterritoriais, com todos os riscos que isso implica, a começar pelo problema de ser visto como ameaça à soberania alheia.

"Erradicar as plantações é mais eficiente do que simplesmente apreender a carga. Esses pés (de coca) estão próximos à fronteira com o Brasil, ou seja, vão abastecer o mercado brasileiro", justificou o diretor de Combate ao Crime Organizado da PF, delegado Oslain Santana. A Polícia Federal constatou que as áreas de plantação de coca nos países vizinhos vêm avançando na direção da fronteira com o Brasil nos últimos cinco anos, o que motivou, desde 2008, a cooperação entre os países da área. Em 2011, Brasil e Peru fizeram um acordo que permite a entrada de brasileiros para destruir laboratórios e plantações em território peruano - origem de 38% da cocaína vendida aqui. Nas últimas duas semanas, foram destruídos 100 hectares de plantações. Além de brasileiros e peruanos, atuaram agentes colombianos e da DEA, a agência americana antinarcóticos.

O maior problema brasileiro, no entanto, está na Bolívia, responsável por 54% da cocaína que entra no Brasil. Há apenas 1.400 policiais brasileiros para controlar os 16 mil km de nossas fronteiras. Contudo, o presidente boliviano, Evo Morales, ainda não avalizou a cooperação, e ainda há a agravante de que a DEA foi expulsa de lá em 2008, sob acusação de fomentar a oposição. Em 2011, porém, Morales aceitou assinar, a pedido dos brasileiros, um acordo com Brasil e EUA pelo qual os americanos fornecem equipamentos e financiamento para monitorar o plantio de coca na Bolívia.

Parece haver firme determinação do governo brasileiro de atuar com mais rigor no combate ao narcotráfico, ainda que ao custo de parecer "imperialista". Além da ação fora do território nacional, houve, desde agosto do ano passado, uma série de grandes operações ao longo da fronteira, numa demonstração de força que envolveu milhares de soldados do exército e agentes da Polícia Federal. Por outro lado, porém, um dos principais projetos da presidente Dilma Rousseff para aprimorar essas ações - o uso dos Vants (veículos aéreos não tripulados) para flagrar traficantes - ainda não foi lançado, por causa de disputas na Polícia Federal e por negligência do governo, respeitando o conhecido padrão de incompetência da administração petista no uso de dinheiro público.

Por fim, o narcotráfico só retrocederá de fato no Brasil quando o mercado consumidor daqui deixar de ser atraente, seguindo a velha lei da oferta e da procura. Como mostra o fiasco dos EUA, no entanto, esse desafio requer muito mais do que a simples repressão.

sábado, 1 de setembro de 2012

CAMINHÃO DA FRONTEIRA ENCONTRADO COM DROGAS EM PORTO ALEGRE

 
ZERO HORA 01 de setembro de 2012 | N° 17179

CARGA ILEGAL. Versão mais potente da droga abasteceria bocas de fumo de Porto Alegre


EDUARDO TORRES

Um caminhão cor de laranja, com placas de Foz do Iguaçu (PR), parado em um posto de combustíveis da Avenida Assis Brasil, no bairro Sarandi, na zona norte de Porto Alegre, chamou a atenção da polícia. Por volta das 4h de ontem, traficantes fechavam os últimos detalhes de uma encomenda de maconha, escondida nos tanques do veículo. Mas agentes do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) chegaram ao local e acabaram com a operação criminosa.

Aação resultou na apreensão de mais de 400 quilos de maconha do tipo “skunk” (mais potente e cultivada em estufas), que abasteceriam bocas de fumo de pelo menos um bairro integrado pelo programa RS na Paz (policiamento comunitário), em Porto Alegre – o nome do Território da Paz não foi divulgado pelos policiais.

Foram presos três “brasiguaios” (pessoas com cidadania brasileira e paraguaia), contratados para transportar a droga, um paranaense, que seria o negociador, e um gaúcho, que teria chegado ao posto para fazer o pagamento e a distribuição da droga. De acordo com a polícia – que não divulgou os nomes dos suspeitos –, todos tinham antecedentes por tráfico.

– Eles vinham de Ciudad del Este (Paraguai), e atendiam a uma encomenda de traficantes daqui. Vínhamos monitorando esses contatos e agora desarticulamos mais uma quadrilha – explicou o delegado Rodrigo Zucco.

Traficantes criaram compartimento falso

Oficialmente, o caminhão tinha uma carreta carregada com sucatas para reciclagem. A droga estava escondida entre os dois tanques de combustíveis. Os criminosos criaram um compartimento falso dentro dos tanques. Em vez de circular com a carga máxima de combustível, mais de dois terços do tanque eram isolados para abrigar os tijolos de maconha.

Segundo o delegado, a investigação prossegue para desarticular outros ramos da quadrilha, e por isso o Denarc não divulgou qual seria o destino da droga. A ação da madrugada de ontem tem relação com as apreensões feitas uma semana antes, em uma operação desencadeada entre São Leopoldo e Novo Hamburgo.

– São traficantes que se beneficiam do mesmo esquema, que investigamos há mais de um ano e estamos próximos de encerrar – apontou o delegado.

Na semana anterior, entre os cumprimentos de mandados de busca no Vale do Sinos, os agentes encontraram um corpo enterrado sob uma casa que servia como boca de fumo. O cadáver, supostamente de um gerente do tráfico, continua sem identificação no Departamento Médico Legal de Novo Hamburgo.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

COIOTES PASSAVAM CHINESES NA FRONTEIRA

ZERO HORA 23 de agosto de 2012 | N° 17170

PRISÕES NA FRONTEIRA

PF detém “coiotes” em Uruguaiana

Uma operação da Polícia Federal deteve 13 chineses com entrada clandestina em Uruguaiana, na Fronteira Oeste. Eles estavam em um hotel da cidade e têm até três dias para deixar o país, sob pena de serem deportados.

Um paraguaio e um argentino foram presos, suspeitos de atuarem como “coiotes”, ocultando os estrangeiros. Eles também responderão por formação de quadrilha. A suspeita principal é que os dois façam parte de um bando que tem atuado nas fronteiras brasileiras. 

Nos últimos meses, outros estrangeiros ilegais, inclusive da África e da Ásia, foram notificados. Além deles, outras 20 pessoas não puderam entrar no Brasil.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

BALANÇO DA OPERAÇÃO ÁGATA 5

CORREIO DO POVO, 21 DE AGOSTO DE 2012

Operação Ágata tem 31 prisões

Em duas semanas de atividades, a Operação Ágata 5, realizada em 3,9 mil quilômetros de fronteiras, resultou em 31 prisões e na apreensão de 6.087 quilos de drogas, 117 mil quilos de explosivos, munições e R$ 40 mil em notas falsas. 

A ação, comandada pelo Ministério da Defesa, foi realizada entre Chuí e Corumbá (MS), e mobilizou mais de 19,5 mil pessoas, de oito ministérios e 30 agências reguladoras ou organismos federais, estaduais e municipais.

No balanço divulgado ontem, foram feitas 192 mil inspeções, vistorias e revistas em acampamentos, carros, motos, caminhões, ônibus, barcos e aviões. Foram recolhidos 182 veículos e embarcações. O trabalho teve ainda foco no combate e na prevenção a crimes ambientais.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

NOSSO "PLANO COLÔMBIA"

FOLHA.COM. 20/08/2012 - 06h30

PF avança a fronteira para combater tráfico de drogas

FERNANDO MELLO
MÁRCIO NEVES
DE BRASÍLIA


A Polícia Federal lançou mão de uma nova tática para combater o tráfico de drogas nas fronteiras: os policiais brasileiros entram no território de outros países, como Peru e Paraguai, para destruir plantações de maconha e da folha de coca, matéria-prima da cocaína e do crack.

A estratégia surgiu após a PF identificar um problema -o de que, há cinco anos, a coca vem sendo plantada cada vez mais perto da fronteira, o que facilita a entrada no país.

Em 2008, o Brasil começou a fazer acordos de cooperação com os vizinhos para trocar informações de inteligência sobre traficantes internacionais.

No ano passado, foi fechado o acordo com o Peru tratando especificamente da entrada dos brasileiros em território peruano para a destruição de plantações e laboratórios -o contrário não está previsto.

Os acordos são acompanhados pelo Itamaraty.

Entre agentes, a tática é chamada de "nosso Plano Colômbia" -referência à ação dos EUA para combater o narcotráfico em solo colombiano.

O projeto ainda é visto com desconfiança por policiais peruanos com quem a Folhaconversou. Eles não quiseram se pronunciar oficialmente, sob argumento de que ainda é cedo para prever resultados.

Nos últimos 15 dias, a PF realizou uma operação em Tabatinga (AM), batizada de Trapézio, em referência à fronteira com Peru e Colômbia.

Em solo peruano, a PF destruiu 100 hectares de plantação de folha de coca, que gerariam mais de 700 kg de droga. A planta leva ao menos dois anos para crescer de novo.

Com a ajuda de agentes peruanos, colombianos e da DEA (agência antidrogas dos EUA), os brasileiros explodiram ainda laboratórios do tráfico.

Márcio Neves/Folhapress

PF patrulha o rio Solimões em operação para destruir áreas de plantação coca na divisa com Peru e Colômbia


A PF também tem acordo para entrar no Paraguai. A ideia é repetir a tática na Colômbia e, principalmente, na Bolívia, o que depende do aval do governo Evo Morales. Como a Folharevelou em julho, 54% da cocaína que entra no Brasil vêm da Bolívia e 38% do Peru.

"Erradicar as plantações é mais eficiente do que simplesmente apreender a carga. Esses pés estão próximos à fronteira com o Brasil, ou seja, vão abastecer o mercado brasileiro", disse o Diretor de Combate ao Crime Organizado da PF, delegado Oslain Santana.

O Brasil tem 16,8 mil km de fronteiras e só cerca de 1.400 policiais no controle. Só o limite com a Bolívia tem o tamanho da divisão entre EUA e México. Os americanos, porém, têm mais de 20.000 agentes lá.

"Não se combate crime organizado só com trabalho ostensivo. No caso do tráfico, é preciso identificar quem comete o crime", diz Santana.

PROJETO DE CONTROLE AÉREO DA FRONTEIRA ESTÁ ATRASADO

Um outro projeto da PF para as fronteiras, o uso dos Vants (aviões não tripulados), está atrasado.

Ele começou na gestão do ex-diretor Luiz Fernando Corrêa, mas só um avião está apto. Há pendências com o Tribunal de Contas da União, que considerou desproporcionais os gastos com treinamento e manutenção.

Missões em outros países envolvem riscos. Em 2011, dois agentes foram mortos durante investigação na fronteira com o Peru. O traficante peruano responsável pelas mortes foi preso.


Análise: Ocupar vácuo que os EUA vêm deixando traz risco

FLÁVIA MARREIRO
DE SÃO PAULO

Segundo maior consumidor individual de cocaína do mundo e vizinho dos maiores produtores globais da droga, o Brasil não tem escolha a não ser ter um papel mais ativo no combate do problema.

A questão é saber se a estratégia que se desenha tem potencial para ter resultados ou é uma espécie de reprodução do modelo que os EUA utilizam desde os anos 70 com efeitos, no mínimo, controversos.

A operação da Polícia Federal no Peru é positiva porque aumenta a coordenação entre as polícias e a DEA, a agência antidrogas norte-americana, e dá flexibilidade para ações transfronteira.

Mas traz riscos também. Ocupar o vácuo que os EUA vêm deixando, com redução de financiamento e operações, pode fazer o Brasil herdar os questionamentos a respeito de soberania e subordinação entre as forças de segurança.

Editoria de arte/folhapress



Sem falar da Colômbia, onde combater híbridos de narcotraficantes e guerrilheiros em operações conjuntas acarretaria consequências imensamente mais complexas.

Na Bolívia, "x" do problema porque vem de lá a maioria da cocaína consumida aqui, uma operação como a do Peru tampouco seria possível, já que a DEA não poderia atuar -foi expulsa pelo governo Evo Morales, acusada de "ingerência".

Numa prova de que há novos desenhos a serem testados, mesmo sem a DEA, Brasil e EUA estão atuando juntos no combate às drogas na Bolívia.

Os três países assinaram um acordo em janeiro que prevê uma divisão de tarefas na qual Washington paga a tecnologia de monitoramento de plantio de coca, o
Brasil a aplica e compartilha os No entanto, mesmo que esses esquemas funcionem às mil maravilhas, são claramente insuficientes.

Como lembra Kathryn Ledebur, diretora da ONG Rede Andina da Informação, especializada no tema na Bolívia, é "um mito pensar que se pode controlar o fluxo de drogas" numa fronteira como a de Brasil e Bolívia. Vide o caso americano-mexicano.

Sem atacar a demanda, que só cresce no Brasil, e debater novos paradigmas do tema, é difícil apostar na redução do problema.

ABASTECIMENTO PELA FRONTEIRA

ZERO HORA 20 de agosto de 2012 | N° 17167

DROGAS NO INTERIOR. Alvo da Interpol de volta à ativa

CARLOS WAGNER

Três meses depois de ter um laboratório de crack desbaratado e mais de 400 quilos de drogas apreendidos em um sítio em Candelária, região central do Estado, o traficante Osni Valdemir de Melo, 50 anos, conhecido como Sapo, deu mostra de ter voltado às atividades. Investigações da Polícia Civil apontam que distribuidores do Vale do Rio Pardo e outras regiões voltaram a ser abastecidos de cocaína e maconha pela quadrilha do criminoso, que está na lista de procurados da Interpol (polícia internacional).

Os agentes acreditam que Sapo tenha transferido as suas operações para a fronteira do Brasil com o Paraguai. Ali, os traficantes recebem cocaína de Colômbia e Bolívia e maconha plantada no território paraguaio. Dali, a droga é distribuída pelo Brasil. Graças às conexões com os traficantes dessa região, a polícia gaúcha pediu a ajuda da Interpol para capturá-lo.

– Nós o consideramos o maior traficante gaúcho da atualidade. Ele opera no atacado, abastecendo os distribuidores. E sabíamos que era uma questão de tempo para voltar a fornecer a droga aos seus distribuidores – comentou o delegado Heliomar Athaydes Franco, diretor de investigação do Departamento Estadual de Investigação do Narcotráfico (Denarc).

No início da semana passada, agentes da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Santa Cruz do Sul detectaram a chegada das drogas enviadas por Sapo. O mercado consumidor de drogas do Vale do Rio Pardo é visto pelos criminosos como um dos mais prósperos do Rio Grande do Sul.

O delegado Luciano Menezes, da Defrec, investiga as atividades do traficante há mais de cinco anos. Na época, o traficante era um vendedor de carros usados em Candelária. Em junho, no mesmo município, uma operação da polícia desarticulou parte da quadrilha. Desde então, Sapo está com prisão preventiva decretada pela Justiça.

domingo, 19 de agosto de 2012

NOVA ROTA PARA O TRÁFICO DE ARMAS

CORREIO DO POVO, 19/08/2012


Pistolas foram enviadas dos EUA
Crédito: fábio teixeira / ae / cp


A apreensão de 11 pistolas de fabricação russa no terminal de cargas dos Correios no aeroporto Tom Jobim, no Rio, pode revelar uma nova rota de contrabando de armas de guerras. O caso é investigado por fiscais da Receita Federal e policiais federais.

Os pacotes foram postados por pessoas físicas dos estados do Texas e de Illinois, nos EUA, para endereços no Rio, em São Paulo, Santa Catarina e no Espírito Santo. Segundo o inspetor-chefe da Alfândega no Tom Jobim, Cláudio Rodrigues Ribeiro, as pistolas estavam em pacotes separados, em nomes de pessoas físicas. 

"Chamou a atenção a forma como tentaram ludibriar a fiscalização, declarando o conteúdo das caixas como equipamento esportivo, pregador de ar comprimido e réplicas de objetos de filmes para coleção." As pistolas de fabricação russa são de dois modelos: Ekol Firat Magnum e Ekol Firat Compact, ambas calibres 9 mm, consideradas preferidas pelos agentes secretos e policiais.

Para um delegado federal que preferiu não se identificar, o caso é grave. "Principalmente numa cidade que irá recepcionar autoridades e atletas em eventos internacionais", disse. Autoridades policiais norte-americanas serão acionadas.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

MILITAR NA FRONTEIRA COM COMIDA E LUZ RACIONADAS

G1 BRASIL - 14/08/2012 07h35

Militar na fronteira vive com comida racionada e luz por apenas 9 horas. Pelotões criam porcos para comer caso mantimentos demorem a chegar. 'Se alguém tentar invadir o Brasil, eu atiro', diz soldado recruta de 18 anos.

Tahiane StocheroDo G1, em São Paulo




A vida em um destacamento militar nas fronteiras do país não é fácil: horas de luz são cronometradas, e a comida é racionada quando o avião que leva mantimentos uma vez por mês não pousa no dia marcado. Apesar do adicional de 20% sobre o soldo base, quem aceita trabalhar nessas regiões enfrenta dificuldades de transporte e de comunicação, tendo que suportar a incômoda distância da “civilização” e dos familiares.

O G1 publica, ao longo da semana, uma série de reportagens sobre a situação do Exército brasileiro quatro anos após o lançamento da Estratégia Nacional de Defesa (END), decreto assinado pelo ex-presidente Lula que prevê o reequipamento das Forças Armadas. Foram ouvidos oficiais e praças das mais diversas patentes - da ativa e da reserva -, além de historiadores, professores e especialistas em segurança e defesa. O balanço mostra o que está previsto e o que já foi feito em relação a fronteiras, defesa cibernética, artilharia antiaérea, proteção da Amazônia, defesa de estruturas estratégicas, ações de segurança pública, desenvolvimento de mísseis, atuação em missões de paz, ações antiterrorismo, entre outros pontos considerados fundamentais pelos militares.

Ao contrário dos soldados que se alistam para uma missão de paz, como no caso do Haiti, onde o Brasil construiu uma base com academia, ar-condicionado e rede de internet sem fio, os pelotões de fronteira são carentes de infraestrutura básica, como redes de esgoto, água e energia. Carros e barcos usados no dia a dia estão defasados. Os militares criam porcos para comer em caso de necessidade.

“A maior dificuldade aqui é termos apenas nove horas de energia. O material que precisamos é trazido uma vez por mês, em avião da FAB. Sabemos quando deve vir porque nos perguntam, uma semana antes, o que precisamos. Daí ficamos esperando. Não tem data prevista. Um vez o avião atrasou dois meses e tivemos que fazer racionamento”, conta o tenente Renzo Silva, de 23 anos, subcomandante do Pelotão Especial de Fronteira (PEF) de Bomfim - na fronteira de Roraima com a Guiana -, que comandou, por um ano, o PEF na unidade indígena de Auaris - na divisa de Roraima com a Venezuela.

A oferta de luz depende da quantidade de combustível disponível para o gerador. Normalmente, são duas horas pela manhã (das 9h30 às 11h30), duas horas e meia à tarde (das 13h30 às 16h) e mais quatro horas e meia à noite (18h30 às 23h).

”Quem tem insônia tem que ficar deitado na cama, esperando o tempo passar”, diz Renzo Silva.

Quando o G1 visitou o PEF de Bomfim, em maio, a mulher do comandante da unidade havia sido picada na noite anterior por um escorpião e teve de ser levada para a capital Boa Vista. O militar teve de deixar o posto para acompanhá-la.

“Aqui tem animal peçonhento, cobra, escorpião. Meu maior medo é que minha filha de 10 meses coloque algo na boca. Não há acesso fácil a uma unidade de emergência”, diz a sargento Aline Marriette, de 29 anos.

Ela e o marido, o sargento paraquedista Pedro Rogério Martins Rosa, viviam em Nova Iguaçu (RJ) e trabalhavam em quarteis da capital fluminense até que decidiram, em janeiro de 2012, pedir transferência para a fronteira.

“Viemos para conhecer uma outra realidade do nosso Brasil. O Exército nos dá a oportunidade de conhecer cada pedacinho do país. A família sente saudades, mas aqui, pelo menos, não tem a violência que tínhamos no Rio. É uma vida mais sossegada”, diz Aline. “A babá que veio comigo do Rio enlouqueceu em um mês. Não quis ficar mais aqui e voltou”, relembra.

A babá que veio comigo do Rio enlouqueceu em um mês. Não quis ficar mais aqui e voltou”. Aline Marriette, sargento



O maior problema para a atuação nas fronteiras é a ausência do Estado. São mais de 17 mil quilômetros de divisas, com 10 países, que são fluxo de criminalidade, com tráfico de drogas, armas, contrabando. Para vigiar as fronteiras, o Exército pretende implantar, até 2024, o Sistema Nacional de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), que promete ver tudo o que ocorre nessas regiões e que começará a ser implantado ainda em 2012, em Mato Grosso do Sul.

Na fronteira da Amazônia, o Exército conta, atualmente, com 21 pelotões - bases avançadas para a vigilância das divisas do país. Segundo o general Eduardo Villas-Boas, comandante militar na região, a construção de cada unidade custa mais de R$ 20 milhões. Há um projeto para inaugurar outras 28 até 2030.

Cada unidade abriga entre 20 e 60 soldados, que seguem uma rotina baseada no triângulo “vida, trabalho e combate” - uma espécie de mantra para o militar não “enlouquecer” na selva.

“O Exército tem poder de polícia numa faixa de 150 quilômetros da fronteira para dentro do país. Se não é a gente aqui, passa contrabando, drogas, armas. Destroem nossas matas, nossa floresta. Nós vivemos e morremos por essa mata”, diz o cabo Samuel Nogueira.
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Em Cleverlândia do Norte, em um destacamento militar no Oiapoque, fronteira do Amapá com a Guiana Francesa, o soldado Fernando Ferreira, de 18 anos, recruta e com apenas 3 meses de treinamento, é o sentinela. “Tem alguém tentando invadir o Brasil?”, pergunta um oficial. “Não senhor!”, responde ele.

“Se alguma embarcação ou aeronave entrar no nosso território, eu tento o contato para mandar parar. Se não responder, eu posso atirar. Estou defendendo meu país”, afirma Fernando Ferreira. O trânsito no Oipoque é intenso por causa de garimpos no Rio Sequri, em território francês, que atraíram mais de 20 mil brasileiros. Também há relatos de tráfico de mulheres e crianças entre os dois países.

Na região, as operações para reprimir garimpos e desmatamento são intensas. Para levar comida, remédios e utensílios às tropas que passam dias em mata fechada, o soldado Edvin Benaiu, de 22 anos, foi treinado para pilotar as lanchas e barcos diante das piores adversidades. “Para chegar nos postos de Grand Rochele e Salto do Caxiri, onde alguns dos nossos militares ficam, tem que enfrentar o rio Oiapoque com correnteza e encachoeirado. Para não encalhar, tem que tirar tudo do barco, colocar nas costas, transpor as pedras, e seguir rio acima. É uma aventura”, conta.

O barco a motor leva quatro mil quilos de mantimento e demora até seis dias para chegar nas unidades. Por causa das corredeiras ou quando o rio está cheio, em alguns pontos só é possível navegar com "ubás", barcos indígenas que usam um tronco de madeira único. Embarcações de alumínio não resistem ao choque com as pedras e acabam danificadas.


Sargento Aline Mariette deixou o Rio com o marido para trabalhar na divisa da Amazônia; soldado atua
como sentinela em posto da fronteira do Amapá com Guiana Francesa (Foto: Tahiane Stochero/G1)

“Na Amazônia, a logística é feita de barco para os pelotões de fronteira ou, em grandes quantidades, de avião, onde não tem como chegar via fluvial”, diz o general Villas-Boas.

O Batalhão de Aviação do Exército, sediado em Manaus, conta com apenas 12 helicópteros para atender as tropas de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. Os veículos são usados apenas para operações. “Não podemos fazer logística com helicóptero, levar mantimentos. O custo é muito caro. Para isso, usamos embarcações”, afirma o general Villas-Boas.

A Estratégia Nacional de Defesa pauta-se por dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras terrestres e desenvolver as capacidades de monitorar e controlar o território"

Trecho da Estratégia Nacional de Defesa

A previsão é de que oito novos helicópteros estejam disponíveis até o fim de 2012. Na Amazônia, a hora de voo de um helicóptero varia entre R$ 11.588,70 (Cougar) e R$ 14.183,65 (Black Hawk). Já a hora de voo de um avião cargueiro como o Hércules, capaz de levar até 18 toneladas de mantimentos para os pelotões de fronteira, custa US$ 7.800 (cerca de R$ 15.800), incluindo manutenção, gasolina e pagamento de pessoal.

Região de disputas

Na fronteira do Pará com a Guiana Francesa e o Suriname, em área de difícil acesso disputada por garimpeiros, o PEF de Tiriós é a única base em mais de 1.300 quilômetros.

A região, vista como um ponto cego pelos militares, preocupa o comando da Amazônia que, em maio, mandou que homens especializados desbravassem a região. Foi a primeira vez que o Exército pisou na tríplice fronteira, inexplorada até então pelos órgãos públicos, segundo o general Villas-Boas.

No PEF do Brasil, a 12 km do Suriname, não há como chegar por estradas nem por rio. A base começou a ser usada pelos militares em 2003, mas a pista de pouso, que permite que os militares recebam mantimentos, só foi construída em 2010.

Ao contrário dos outros PEF, onde os militares passam um ano e moram com as famílias, a falta de infraestrutura faz com que o remanejamento dos soldados seja feito a cada 60 dias. “Uma vez tentamos vir pelo rio Paradoeste, a partir de Belém. Levou 42 dias e perdemos várias embarcações. As hélices das voadeiras batem nas pedras e acabam danificadas”, relembra o tenente Helder Reinaldo, de 23 anos, comandante do pelotão.

Rios amazônicos são perigosos para navegar, com cachoeiras e pedras (Foto: Tahiane Stochero/G1)

O efetivo ideal da unidade seria de 40 homens, mas sempre está defasado (chegou a ter apenas 17). A extensão da área significa que, se fossem espalhados, cada um dos 35 militares seria responsável pela cobertura de 39,5 quilômetros quadrados de fronteira.

Aqui, o papai do céu ajuda muito. Sempre dá um jeito”. Iara Simão, tenente médica

Em maio, quando o vice-presidente, Michel Temer, visitou a unidade, o general Carlos Roberto de Sousa Peixoto aproveitou para pedir socorro. “Chega a ter quatro horas de luz por dia aqui e eu não consigo mandar um gerador mais potente, porque não vem avião com peso sobrando”, desabafou.

Já a tenente médica Iara Simão teve de aprender a atirar e anda sempre acompanhada de seguranças quando atende militares e indígenas na mata. A jovem de 29 anos morava com o marido, agente da Polícia Federal, no Rio de Janeiro. Eles foram transferidos para o Oiapoque no início de 2012.

“Às vezes os militares tem de ser retirados da selva para a base com doenças graves, como leishmaniose, malária, picadas de animais ou outras complicações. O trajeto de barco até nossa base pode demorar até seis horas. A gente faz de tudo para salvá-los. Aqui, o papai do céu ajuda muito. Sempre dá um jeito”, diz Iara.

“Eu e meu marido decidimos vir para cá buscando uma experiência nova, mas não é fácil abrir mão da família, da nossa casa, de restaurantes bons. Aqui, a gente precisa do básico para sobrevier”, acrescenta a oficial.

Setor fluvial no Oiapoque tem barcos de madeira para patrulhar área amazônica (Foto: Tahiane Stochero/G1)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

BORDER MANAGEMENT


Information, Integration and Rapid Response

Now in its 2nd year, the Border Management Conference & Technology Expo is the largest growing event for discussions on effective practices and technologies needed to ensure our borders are safe from recent security threats.

What makes IDGA’s Border Management Conference & Technology Expo your must-attend event for 2012?

  • Exposure to the top government agencies and law enforcement officers dedicated to securing our nations’ borders
  • Updated DHS mission priorities and information to support the latest developments in border technologies
  • Discuss the latest implementation strategies and program initiatives to ensure the flexibility and preparedness of agencies working together to battle violent crime on the border
  • Examine the complexity of securing America’s borders on the ground, in the air, and by sea
The Border Management Conference & Technology Expo 2012 event will provide a platform to discuss strategies that enhance operational efficiency and advance border security. You will also have the opportunity to collaborate and network with representatives from the border management community, as well as personnel from various government agencies, local and federal law enforcement, manufacturers/contractors, and technology service providers. Attendees will include thought leaders and decision makers involved in air, land, and maritime border operations.

Main Conference & Focus Day

  • Hear from over 30+ speakers addressing the hottest issues in border management and security
  • 8 specialized presentations on a separate Unmanned Aerial Systems Focus Day
  • Receive an up-to-date overview on 2013 procurement and acquisition strategies
  • Understand current and future requirementsof the Department of Homeland Security
  • Hear strategic plans to contend with border threats

Exhibition and Presentation Theatre
FREE TO ATTEND -

  • Get exclusive access to the latest technologyneeded to secure U.S. ground, air and maritime borders
  • Interact with over 100 vendors and thousands of attendees on the exhibit hall floor
  • Secure a front row seat to 6 educational sessions, 4 keynote presentations and 2 interactive panel discussions in the Exhibit Hall Presentation Theatre
  • Network and build partnerships across government agencies
  • Examine ways industry can help by concentrating on resource needs and gaps

New Discussions that will be Featured at Border Management Conference & Technology Expo 2012:

  • Current and future requirements of U.S. Customs and Border Protection
  • The new Border Patrol strategy: A risk based management approach
  • Riverine operations and major ports of entry
  • Effectively tapping on new technologies and new applications for biometrics
  • Northern border flaws and solutions
  • Coast Guard recapitalization
  • Joint efforts with the goal of securing our nations’ borders
  • Proven border technologies: Mobile Surveillance Systems, Unmanned Aircraft Systems, Thermal Imaging Devices, and Tower-Based Remote Video Surveillance Systems

Sponsors

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Media Partners

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