quinta-feira, 20 de outubro de 2011

PARAGUAI - BEIRA-MAR OFERECE REFÚGIO A BANDIDOS DO RIO


Investigação da PF. Traficante Fernandinho Beira-Mar oferece refúgio a bandidos do Rio no Paraguai - O GLOBO, 19/10/2011 às 23h24m; Antônio Werneck. COLABOROU Rafaela dos Santos

RIO - Traficantes de drogas do Rio que fugiram durante a ocupação dos complexos do Alemão e da Penha, em novembro passado, estariam migrando para a região da fronteira do Brasil com o Paraguai. Os bandidos buscaram refúgio e proteção na estrutura mantida na região pelo traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que está num presídio federal de segurança máxima. Uma fazenda de Beira-Mar, na cidade de Capitán Bado, no Paraguai, na fronteira com Mato Grosso do Sul, seria a base de operações dos bandidos.

Apesar de acompanhar a movimentação de traficantes dos complexos do Alemão e Penha, os policiais federais caçam na região pelo menos dez bandidos que antes comandavam o crime em favelas como Mangueira e Jacarezinho. O assunto está sendo investigado por policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal. Os agentes também investigam a presença cada vez maior de bandidos da principal facção criminosa de São Paulo no Rio. Eles teriam se associado aos traficantes da facção que controlava o Alemão e a Penha.

- Estamos sufocando o tráfico no Rio, investigando praticamente bandidos em todas as favelas, sem dar espaço e trégua. Atuamos na prisão de Polegar e vamos chegar a outros alvos - disse o delegado Victor Poubel, da coordenação de Combate ao Crime Organizado (Dcor) da PF do Rio.

A fuga de traficantes do Rio para o Paraguai aumentou com a expansão das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A fazenda de Beira-Mar na fronteira é usada como refúgio. Ela foi descoberta pela PF em 2007, durante a deflagração da Operação Fênix, que atacou a estrutura financeira da quadrilha de Beira-Mar. Além da fazenda, a PF identificou uma rede de doleiros e casas de câmbio em Rio, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Paraguai, por onde o bandido, mesmo preso, fez, em um ano, remessas de até US$ 2 milhões para Colômbia, Venezuela e Bolívia.

Na fazenda, com pista de pouso, bois, vacas e peixes

Parte do dinheiro foi usado para pagar dívidas com fornecedores de cocaína, maconha e armas, segundo documentos apreendidos pela PF. Numa só remessa, feita de uma casa de câmbio em São Paulo, pouco antes da deflagração da Operação Fênix - que levou à prisão 12 pessoas -, Beira-Mar usou dois "laranjas" de sua quadrilha e mandou US$ 500 mil para o Paraguai. Segundo policiais federais, ele também investiu dinheiro comprando terras, gado, casas e carros fora do Brasil. E essa estrutura montada pelo traficante no Paraguai para lavar dinheiro agora estaria sendo usada pelos traficantes cariocas.

Nas análises dos documentos apreendidos pela PF, Beira-Mar também passou a destinar parte de sua fortuna para engordar boi e criar cavalos de raça na fazenda Estância Campanai, de sua propriedade no Paraguai. Na época da Operação Fênix, a PF pediu o sequestro da propriedade à Justiça do Paraguai, mas até hoje a fazenda continua sendo usada por integrantes de sua quadrilha. A fazenda, por exemplo, tem três milhões de hectares e uma pista de pouso maior que a do Aeroporto Santos Dumont. Segundo os dados obtidos pelos policiais federais, naquela época o traficante tinha 1.891 vacas selecionadas, sendo 105 prontas para reprodução; 542 bois para engorda; e 18 mil tilápias.

Quando os federais chegaram à fazenda e identificaram toda sua estrutura econômica, Beira-Mar cumpria pena na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), considerada de segurança máxima. Era da cadeia que ele controlava seus negócios, passando recados para membros de sua quadrilha, parentes, amigos e advogados.

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