segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O BIG BROTHER DOS CÉUS



DE OLHO NO CRIME. O Big Brother dos céus. Avião-robô da FAB ajuda a identificar e a coibir comércio ilegal de animais, mercadorias e drogas na fronteira do Brasil - HUMBERTO TREZZI, ZERO HORA 26/09/2011

A caminhonete percorre uma estradinha de terra às margens do Rio Uruguai, na fronteira com a Argentina. De dentro dela saltam três homens, que retiram da caçamba do veículo pacotes pardos e os depositam em uma clareira. Agem com calma. Não percebem que, dos céus, uma câmera ultrassofisticada filma a operação. Ela está presa a um avião-robô da Força Aérea Brasileira (FAB), desde julho em uso rotineiro na extensa linha fronteiriça do Brasil com países vizinhos.

A cena descrita acima é real e foi exibida a Zero Hora pelas autoridades da FAB, ontem. As imagens foram gravadas há duas semanas por um Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant), a nova arma contra o secular e imbatível – até agora – crime do contrabando. Essa aeronave, operada por controle remoto, desde 12 de setembro é a estrela da Operação Ágata 2, ação conjunta das Forças Armadas Brasileiras contra delitos fronteiriços e ambientais nos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná e do Mato Grosso do Sul.

Sem janelas e sem piloto, o avião é controlado desde um abrigo por dois militares, que manobram joysticks e mouses de computadores junto a uma pista de pouso. Esta semana, o centro de controle está em Santa Rosa (495 km a noroeste de Porto Alegre e a 50 km da fronteira argentina), mas pode ser deslocado para qualquer ponto onde exista infraestrutura para decolagem. Dotado de câmera multidirecional capaz de filmar com nitidez uma pessoa a uma distância de quilômetros, o Vant voa a até 5 mil metros de altitude. É impulsionado por um motor à hélice e pode ficar até 15 horas sem reabastecer.

Quer mais? Pode decolar e pousar de forma pré-programada. E ainda não é detectado por aqueles a quem observa, por dois motivos. O primeiro é que o ruído do motor deixa de ser percebido a uma distância de 1,5 quilômetro. A segunda razão é que é azul claro, confundindo-se com o céu.

– E é econômico. Gasta seis litros de gasolina verde (de aviação) por hora – enfatiza o tenente-coronel Paulo Ricardo Laux, gaúcho de Montenegro, responsável pelo esquadrão da FAB que utiliza os dois Vant disponíveis no país até o momento, ambos sediados no Estado. Um avião normal, à hélice, gasta 260 litros por hora.

E que destino teve a filmagem feita pelo Vant dos contrabandistas flagrados próximos a Santa Rosa? A FAB diz que eles foram rastreados e, sem individualizar os casos, responde com dados: em duas semanas, a Operação Ágata 2 resultou em duas toneladas de maconha apreendidas, oito armas de fogo e 650 kg de explosivos encontrados e 510 kg de agrotóxicos contrabandeados confiscados. Foram revistados ainda 6,6 mil veículos e interceptadas 12 aeronaves.

– Realizamos cem patrulhas aéreas e terrestres, em conjunto. E os Vant tiveram papel fundamental – descreve o major brigadeiro do Ar Flávio dos Santos Chaves, comandante do Quinto Comando Aéreo Regional (V Comar), que coordena as operações aéreas militares no Sul do Brasil.

Sem janela e piloto

- Nome do Vant: Hermes 450
- Fabricação: Elbit, empresa israelense, e AEL, porto-alegrense
- Comprimento: seis metros
- Envergadura (asas): 10 metros
- Velocidade: 110 km/h
- Peso: 450 quilos
- Autonomia de voo: 15 horas
- Alcance: até 250 km
- Armamento: nenhum
- Custo: não revelado



Fortaleza voadora dá apoio à operação

De nada adianta um vigia nos céus se ele não tiver parceria para encurralar o alvo. E o Vant, nesse quesito, está muito bem acompanhado. O apoio para encurralar contrabandistas, traficantes ou potenciais invasores do país é feito por modernos helicópteros UH-60 Blackhawk, os Falcões Negros, comprados recentemente pela FAB e em operação na Base Aérea de Santa Maria.

Os Blackhawk levam no bojo até 16 paraquedistas da Infantaria da FAB, tropa de elite sediada em Canoas. Os militares saltam de paraquedas, descem do helicóptero ainda em movimento e até fazem rapel do aparelho, quando é exigida rapidez na descida e o terreno é impraticável para pouso – num mato, por exemplo. Uma parada dura para os contrabandistas enfrentarem.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Tecnologia policial de ponta sob mãos das Forças Armadas, forças preparadas para a guerra. Enquanto isto as polícias penam para conseguir recursos similares. Mantendo esta estratégia, qualquer dia destes, a segurança pública estará de novo nas mãos dos militares.

sábado, 17 de setembro de 2011

MILITARES COMBATEM CRIME NA FRONTEIRA

EM AÇÃO. Militares combatem crime na fronteira - ZERO HORA 17/09/2011

Militares das Forças Armadas estão varrendo a fronteira do Rio Grande do Sul, por meio da Operação Ágata 2, para combater o crime organizado. Deflagradas oficialmente ontem, as ações incluem barreiras de fiscalização nas estradas, patrulhas nos rios e inspeção de pistas e atracadouros clandestinos. Aviões, carros e barcos suspeitos devem ser interceptados.

Na tarde de ontem, em Porto Alegre, o comandante Militar do Sul (CMS), general de Exército Carlos Bolivar Goellner, destacou os objetivos da Operação Ágata 2, que mobiliza 7 mil homens, também nas fronteiras de Santa Catarina, do Paraná e de Mato Grosso do Sul. O alvo é o tráfico de drogas, de armas e pessoas, mais os crimes ambientais e o contrabando.

A missão faz parte do Plano Estratégico de Fronteiras, instituído por decreto presidencial. Participam da Ágata 2, além das Forças Armadas, a Receita Federal, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Força Nacional de Segurança Pública, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e órgãos estaduais e municipais.

Na ofensiva contra a criminalidade, haverá iniciativas em favor das comunidades pobres, como atendimento médico e odontológico. Numa segunda etapa, o plano prevê cooperação com os países limítrofes ao Brasil, para intensificar o controle nas áreas de fraca presença da lei.

A Operação Ágata 2 dá continuidade à Ágata 1, realizada durante agosto na região Norte do Brasil. A primeira operação concentrou-se na repressão e prevenção de ilícitos transnacionais na Amazônia. Houve destruição de pistas clandestinas e repressão a crimes ambientais, como o garimpo ilegal, o desmatamento e a invasão de reservas indígenas.

Uma das preocupações são os guerrilheiros colombianos, que entram no território brasileiro quando acossados no seu país.

Ontem, durante a apresentação da Ágata 2, o comando do CMS possibilitou uma visita às instalações do Centro de Coordenação de Operações (CCOp). É o cérebro que coordena as ações nas fronteiras do Sul e Centro-oeste.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - As FFAA só deveriam agir contra o crime organizado mediante falência dos aparados de segurança ou em apoio à força policial competente amparadas por leis emergenciais. Esta ação militar só prova que a política de segurança nas áreas de fronteiras é caótica, inoperante e superficial.

OPERAÇÃO MONITORA ÁREA DE FRONTEIRA



Operação monitora área de fronteira. Equipes irão controlar ações em área que totaliza 3,5 mil quilômetros - paulo nunes - correio do povo, 17/09/2011

O segundo andar do Quartel General do Exército, no Centro de Porto Alegre, é o centro de controle da Operação Ágata 2, iniciada ostensivamente ontem. A ação irá monitorar 3,5 mil quilômetros de fronteira - do Chuí a Corumbá. O patrulhamento será realizado nas áreas de fronteira com Uruguai, Paraguai e Argentina. Na sala de controle, o monitoramento é feito em tempo real, mostrando em um mapa a localização das tropas. Um avião não tripulado (Vant) envia imagens do patrulhamento, inclusive durante a noite.

O início das ações foi anunciado ontem, no QG, pelo general de Exército Carlos Bolivar, ressaltando que a fronteira e o espaço aéreo brasileiro estão "fechados" à criminalidade. Além do Exército, participam da operação a Marinha, a Força Aérea Brasileira (FAB), a Receita Federal, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Brigada Militar, a Polícia Civil e o Ibama.

Conforme Bolivar, a Ágata 2 ocorre durante este mês. A iniciativa quer coibir crimes como o tráfico de armas e de drogas, entre outros. "É uma operação de cooperação entre as diversas instituições brasileiras. Representantes dos países que fazem fronteira conosco a acompanham do lado brasileiro. Não há uma ação semelhante nestes países."

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

IMPORTANDO CRACK PRONTO DE PAÍSES VIZINHOS


PF descobre que criminosos estão importando crack pronto de países vizinhos - Edson Luiz - CORREIO BRAZILIENSE, 16/09/2011 07:20


Em apenas dois dias deste mês, a Polícia Federal (PF) apreendeu mais de 250kg de crack — cerca de 30% do que recolheu durante todo o restante do ano. Grande parte da droga vinha de regiões produtoras de coca ou próximas delas. O novo método do tráfico comprova uma suspeita da PF: o alto consumo da pedra da morte no Brasil está fazendo com que alguns países da fronteira, além de produzir o cloridrato — a cocaína em seu estado puro — e a pasta base, também passassem a intensificar a fabricação de crack. Além disso, as operações realizadas pela PF desde o ano passado mostram que há um avanço também nas rotas dentro do país, principalmente entre estados do Nordeste.

Na última terça-feira, ao abordar uma carreta que fazia o trajeto Foz do Iguaçu-Curitiba, policiais federais desconfiaram do nervosismo do motorista e decidiram fazer uma revista no veículo. Para a surpresa dos agentes, foram encontrados mais de 205kg de crack dentro de compartimentos falsos do caminhão, a maior apreensão feita pela PF nos últimos anos.

A droga, provavelmente, foi enviada dos países produtores ao Paraguai, onde foi transformada em pedra e exportada para o Brasil. Isso vem ocorrendo com certa frequência. No mesmo dia, a Polícia Federal descobriu outros 50 quilos da substância em uma caminhonete do Paraná, que estava estacionada em um shopping de Belo Horizonte.

Destino

Além das regiões Sul e Sudeste, a Nordeste passou a ser alvo do tráfico de crack, seja ele interno ou externo. O Rio Grande do Norte é um dos principais destinos. Em uma apreensão em Natal no ano passado, 5,5 quilos do entorpecente chegaram ao estado pelos Correios, e a droga só foi descoberta porque funcionários do órgão notaram um forte odor em uma encomenda remetida de Brasileia, cidade acriana que faz fronteira com Cobija, na Bolívia. A Polícia Federal foi acionada e chegou aos donos do pacote, supostamente enviado por uma pessoa originária do país vizinho.

Outra forma encontrada para levar a droga para Natal foi embalá-la em garrafas pet. Cerca de 40 quilos de crack levados de Rondônia foram recolhidos na capital potiguar dentro de um caminhão, condicionados nos vasilhames de plástico. No Rio Grande do Norte, a PF fez a segunda maior apreensão de crack este ano: 161kg estavam em uma caminhonete vinda de Goiânia.

Nos últimos anos, a Polícia Federal vem concentrando suas ações em torno dos grandes traficantes e no mercado atacadista da droga — que é a pasta base e o cloridrato —, mas as apreensões de crack se tornaram inevitáveis pelo volume que tem circulado no país. Antes, o combate à pedra da morte estava quase restrito às forças de segurança dos estados.

A fabricação do entorpecente se restringia a pequenos laboratórios espalhados pela capitais e a grandes cidades do interior. Mas hoje, a substância chega pronta para o consumo por meio das rodovias que ligam as regiões Norte, Sul e Centro-Oeste. E uma das formas de transporte é a mesma usada em outros tipos de tráfico: pessoas necessitadas que são aliciadas pelos criminosos para se tornarem mulas.

Esse é o caso de uma mulher presa no início do ano em Pelotas (RS) com 2kg da pedra escondidas no corpo. Ela vinha de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e contou à polícia que receberia entre R$ 500 e R$ 2 mil para levar pequenos volume. Os valores dependiam do local da entrega.

As ações da PF têm mostrado também a presença de menores no tráfico internacional, conforme detectado em Foz do Iguaçu (PR), onde uma mulher de 23 anos foi detida com 2kg de crack em maio. Ela estava acompanhada por uma adolescente de 15 anos, que também portava pedras que seriam transportadas a São Paulo. No Espírito Santo, em julho, um adulto e um rapaz de 17 anos foram encontrados com 4kg de crack levados de Ji-Paraná (RO) para o interior capixaba.

O caminho da droga

Rota externa

O transporte do crack vindo dos países da fronteira com o Brasil é feito principalmente pelo Paraguai. As rotas mais frequentes, conforme as ações da Polícia Federal realizadas este ano, são as seguintes:

» Paraguai—Foz do Iguaçu
» Paraguai—Foz do Iguaçu—SP—MG
» Paraguai—Rio Grande do Sul
» Bolívia—Acre—Estados da Região Nordeste
» Bolívia—Rondônia—Região Nordeste

Rota interna

Veja como o crack circula dentro do país, segundo a PF:

» Goiás—Rio Grande do Norte
» Rondônia—Espírito Santo
» Paraná—Rio Grande do Norte
» São Paulo—Sergipe
» Rondônia—Rio Grande do Norte
» Mato Grosso—Estados da Região Nordeste

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

OPERAÇÃO AÇORES PRENDE 13 E APREENDE MAIS DE UM R$ 1 MILHÃO EM BENS


PF apreende mais de R$ 1 milhão em operação de combate ao tráfico internacional no RS. Operação Açores teve ações em Canos, Seberi, Frederico Westphalen e Foz do Iguaçu nesta manhã - zero hora, 15/09/2011 | 09h42min

Deflagrada para desarticular quadrilha que atuava no tráfico internacional de drogas, armas e munições, que ingressavam no Brasil pela fronteira com a Argentina e o Paraguai para serem comercializadas na Região Metropolitana de Porto Alegre e no Vale do Sinos, a Operação Açores, da Polícia Federal, já apreendeu mais de R$ 1 milhão em bens.

Na manhã desta quinta-feira, foram expedidos 14 mandados de busca e oito de prisão preventiva para serem cumpridos nas cidades gaúchas de Canoas, na Região Metropolitana, e Seberi e Frederico Westphalen, no norte do Estado, além de Foz do Iguaçu, no Paraná. Também foram expedidos 11 mandados de apreensão de veículos.

A ação faz parte das atividades da grande operação da Polícia Federal chamada Sentinela, que tem por objetivo a prevenção e repressão de crimes transnacionais, como contrabando, descaminho, tráfico internacional de drogas, armas e munições.

Desde janeiro, foram realizadas 13 prisões em flagrante e apreensões de drogas e armas em Seberi e Ronda Alta, no Norte; Novo Hamburgo, no Vale do Sinos; e Porto Alegre, totalizando 507 quilos de maconha, um quilo de cocaína, armamentos de calibre restrito, munições e seis veículos.

A Operação Açores foi assim denominada pela descendência açoriana dos principais líderes da organização. Em entrevista coletiva às 15h, na Superintendência da Polícia Federal em Porto Alegre, serão divulgados mais dados da operação.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

CONTRABANDO EM COMBOIO DE CARROS



PRF apreende comboio de carros com contrabando no MS - DE SÃO PAULO, FOLHA.COM, 14/09/2011 - 06h17

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreendeu quatro carros que transportavam produtos eletroeletrônicos e cigarros contrabandeados do Paraguai na rodovia BR-163, no km 457, em Campo Grande, na madrugada de terça-feira (13). Três pessoas foram detidas.

Segundo a PRF, os carros viajavam aparentemente em comboio no sentido sul-norte da via quando os policiais fizeram a abordagem.

O motorista de um dos carros não obedeceu ao pedido de parada da polícia e fugiu. O carro foi localizado quilômetros a frente abandonado e sem as chaves. O motorista está foragido.

Os carros com os produtos eletroeletrônicos e aproximadamente 3.000 pacotes de cigarros foram levados para a Receita Federal de Campo Grande.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

TRÁFICO EUROPA-BRASIL


Das baladas eletrônicas direto para a cadeia. Oito foram presos em SC, ontem, suspeitos de participar de esquema que trazia drogas sintéticas - MARJORIE BASSO

Busca por lucro fácil, viagens à Europa e até um falso glamour que envolve as festas eletrônicas. Terminou tudo em prisão para jovens de classe média com idades entre entre 19 e 25 anos. Eles traziam drogas sintéticas para baladas em cinco estados brasileiros.

O esquema internacional, do qual eles faziam parte, sofreu mais um revés ontem. A Operação Voyage, da Polícia Federal (PF), em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), prendeu 28 jovens envolvidos no tráfico internacional no país. Deflagrada em fevereiro, a primeira parte da ação encerrou-se ontem, com a prisão de oito pessoas na Grande Florianópolis.

A Capital foi a base da operação. Daqui, saíam as principais remessas de cocaína e chegavam os carregamentos de ecstasy, LSD e skank trazidos da Europa. Depois, as drogas eram distribuídas em todo o Estado e ainda em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco.

Ao longo desses meses, quase 70 mil comprimidos de ecstasy, 28 mil pontos de LSD, 12 quilos de cocaína quase pura e dois quilos de skunk foram apreendidos em operações nas rodovias e aeroportos de todo o país.

A organização criminosa, que a polícia acredita ter desmantelado com a operação, era composta por vários grupos que se comunicavam. Por isso, não há um cabeça. Os traficantes contratavam mulas, também jovens de classe média, para levar cocaína à Europa e voltar com as drogas sintéticas.

Um caminho, dois sentidos

– Com essa operação se prova que a Europa também está exportando drogas, e não somente o contrário, como as autoridades lá vinham afirmando – destaca o superintendente regional da PF, delegado Ademar Stocker.

Para a PF, a Holanda é o principal fornecedor de drogas sintéticas a outros países. Segundo ele, o país é referência preocupante no tráfico pois há pouca efetividade no combate à produção e ao comércio dessas drogas lá.

Ontem foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão na Grande Florianópolis. Seis carros, eletrônicos e dinheiro foram apreendidos.

Dos 10 mandados de prisão preventiva, seis foram cumpridos e duas pessoas acabaram presas em flagrante. Novas prisões, resultantes desses mandados, podem ser efetuadas nos próximos dias.

A operação levou meses porque a intenção é prender justamente os traficantes que comandavam a importação e exportação dessas drogas, e não apenas as mulas. Com essas 28 prisões a polícia acredita que prendeu os mentores. Três mandados de prisão para pessoas que vivem na Europa já foram expedidos e devem ser cumpridos pela Interpol.

Lucro entre oito e 10 vezes maior

Os jovens se envolviam nesse mundo atraídos pelo lucro fácil. Conforme o procurador do Ministério Público Federal, Marcelo da Mota, os traficantes lucravam entre oito e 10 vezes mais que o preço pago pelas drogas na Europa.

Eles também não tinham dificuldades em ingressar no ramo. Praticamente todos falam inglês e tinham dinheiro para bancar as primeiras remessas. A polícia acredita que durante a operação tirou do mercado cerca de R$ 20 milhões em drogas. As mulas também eram aliciadas com a perspectiva de ganhar dinheiro e conhecer a Europa.

Outro ponto levantado pelas autoridades é o ilusório glamour que envolve os usuários desse tipo de drogas, comumente frequentadores de festas eletrônicas:

– Por estarem muito envolvidas com o glamour das festas eletrônicas, tendemos a achar que essas drogas são mais leves, mas os efeitos psicológicos são profundos, assim como de outros entorpecentes – explica Mota.

Os presos podem ser condenados a até 25 anos de reclusão por tráfico internacional. Devido a um acordo entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal os nomes não foram divulgados. O nome da operação “Voyage” é devido às viagens que eram feitas pelos envolvidos.

Cocaína em forro falso

Um dos mandados de prisão expedido pela Justiça Federal era para um morador de Campinas, em São José, mas o documento sequer foi necessário. Ao chegar à casa, a polícia encontrou 24,3 mil euros (cerca de R$ 60 mil). Havia também uma mala com fundo falso recheado com dois quilos de cocaína de alto grau de pureza, segundo a PF.

A droga estava escondida entre o forro e a parte exterior da estrutura. Em seguida, a mala era fechada com precisão para que não aparentasse ter sido violada. A polícia acredita que ela estava pronta para a próxima viagem à Europa.

Por ser uma mala pequena podia ser levada nos aviões como bagagem de mão e só seria detectada em algum aeroporto se houvesse denúncia.

– Drogas em forros de malas, escondidas em pranchas de surfe, são detectadas mediante denúncia. A Polícia Federal dos aeroportos nem pode estourar todas as malas e equipamentos de esporte, a menos que suspeitem – explica o chefe de Comunicação da PF em Santa Catarina, Ildo Rosa.

Em 2005, a primeira grande ação

A Operação Playboy da Polícia Federal, deflagrada em 2005, é lembrada até hoje como uma das primeiras grandes ações de combate ao tráfico de sintéticos em Santa Catarina. E há, de fato, algumas semelhanças entre as duas ações.

Assim como na Operação Voyage, os envolvidos eram jovens de classe média e alta. Eles levavam cocaína e traziam drogas sintéticas da Europa e da Ásia para o Brasil.

Também na operação de seis anos atrás, os envolvidos circulavam em altas rodas sociais e andavam de carros importados. A principal droga que traficavam era o ecstasy, distribuído em baladas eletrônicas principalmente na região da badalada Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina.

Droga escondida em pranchas de surfe

Os suspeitos eram todos praticantes de esportes radicais e usavam os equipamentos como forma de transportar das drogas. Os volumes eram escondidos dentro de pranchas de surfe, por exemplo.

O grupo teria sido identificado pela Polícia Federal depois da prisão de um paranaense condenado à morte na Indonésia – ele foi flagrado naquele país com cocaína escondida em uma prancha de surfe.

Após essa prisão, teria havido uma briga entre os integrantes, que acabaram entregando como agia o grupo que viria a ser identificado na Operação Playboy.

Pelo menos 12 pessoas foram alvo da investigação na época. Entre eles estava um catarinense preso em Barcelona, na Espanha.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

PRESOS COM MALAS DE DINHEIRO


Três homens são presos com mala de dinheiro em Frederico WestphalenTrio foi pego em blitz da Polícia Rodoviária Federal na BR-386 - Marielise Ferreira - zero hora online, 02/09/2011

Três homens foram presos por transportarem mais de R$ 400 mil em dinheiro e cheques na tarde de quinta-feira. Eles trafegavam pela BR-386, em Frederico Westphalen, norte do Estado, em um veículo BMW com placas de Novo Hamburgo. O trio foi preso por não comprovar a origem nem especificar a finalidade do dinheiro.

A rodovia Sarandi — Seberi é considerada rota de tráfico, pois é passagem a caminho de Paraguai e Bolívia. A Polícia Rodoviária Federal de Seberi faz frequentes apreensões de drogas no local.

Em uma mala preta no porta-malas do carro, foi encontrada a quantia de R$ 336 mil em dinheiro. O dinheiro estava envolvido em pequenos fardos de plástico transparente e os homens não conseguiam comprovar a origem do valor. Levados à delegacia de polícia de Frederico Westphalen, as suspeitas cresceram ao pesquisar os antecedentes dos homens, com envolvimento em tráfico de drogas.

— Estranhamos o fato de haver muitas notas de pequeno valor, como R$ 2, R$ 5 e R$ 10, não tenho notícias de apreensões como estas na região — conta o delegado Dinarte Marshall Júnior, que investiga o fato.

Os homens não conseguiram provar a procedência do dinheiro, mas alegaram que seguiam para o Paraná, onde comprariam uma carreta. Do dinheiro, R$ 130 em notas falsas. Havia ainda R$ 67 mil em cheques de diversas pessoas e de agências bancárias diferentes.

Com prisão temporária decretada, os homens foram levados ao presídio de Frederico Westphalen. Dois deles, de 37 e 40 anos, são irmãos, e o terceiro tem 41 anos. Os nomes não foram divulgados pela polícia.

Homem preso com cerca de R$ 400 mil em dinheiro é conhecido pela polícia no Vale do SinosPrisão de Jair de Oliveira, o Jair Cabeludo, 40 anos, foi feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma abordagem de rotina - 02/09/2011

Homem apontado como um dos maiores traficantes do Vale do Sinos nos últimos anos acabou preso com outros dois homens em um BMW, na tarde de ontem, quando seguia pela BR-386, em Frederico Westphalen. Uma mala carregada com quase R$ 400 mil em dinheiro e sem procedência comprovada foi encontrada no porta-malas. Juntamente com a quantia, foram apreendidos cheques, que totalizavam pouco mais de R$ 67 mil.

A prisão de Jair de Oliveira, o Jair Cabeludo, 40 anos, foi feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma abordagem de rotina. O trio, vindo de Novo Hamburgo, chegou a declarar que iria para Foz do Iguaçu (PR) fazer compras, mas acabaram presos.

A suspeita, confirmada pelo Denarc, é de que os três iriam à fronteira comprar drogas que seriam revendidas na Região Metropolitana.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA

MARIO CESAR FLORES, ALMIRANTE DE ESQUADRA(REFORMADO) - O Estado de S.Paulo - 31/08/2011

A Estratégia Nacional de Defesa (END), em vigor desde dezembro de 2008 e desde então aberta ao conhecimento público, vem interessando à opinião pública? Não. Que repercussão teve no Congresso, corresponsável pela defesa, numa democracia? Nenhuma. Este artigo aborda aspectos da END que, esperançosamente, talvez possam contribuir para despertar interesse pelo tema.

Comecemos com uma observação instigante: a END foi formulada por comitê dirigido pelo ministro da Defesa, coordenado pelo secretário de Assuntos Estratégicos e integrado pelos ministros do Planejamento, da Fazenda e de Ciência e Tecnologia, assistidos pelos comandantes das Forças e ouvidas pessoas de saber nessa área. Chama a atenção a não menção ao ministro do Exterior (à época do preparo do documento, o hoje ministro da Defesa...), cuja participação seria supostamente apropriada.

Na contramão da tradição de autonomia das Forças, a END enfatiza o Ministério da Defesa. Afirma que "o ministro exercerá (...) os poderes de direção (...) que a Constituição e as leis não reservarem (...) ao presidente". Centraliza a "política de compras" e preconiza a "unificação doutrinária, estratégica e operacional" das Forças - ideias que respondem à tecnologia moderna e pretendem integrar as visões corporativas das Forças e suas prioridades. Define que o ministro indica ao presidente os comandantes das Forças - uma ruptura com o passado, ao conferir ao ministro a intermediação entre o poder político e o militar.

Sem citar ameaças, diz a END que as Forças devem ser usadas "para resguardar o espaço aéreo, o território e as águas jurisdicionais brasileiras" e que "convém organizar as Forças em torno de capacidade, não em torno de inimigos específicos. O Brasil não tem inimigos no presente" - conceito em princípio correto (ressalte-se o cauteloso no presente...); mas capacidade referenciada a que tipo e grau de ameaça? Ao criticar a concentração (coerente com o passado) do Exército no Sudeste e no Sul e da Marinha no Rio de Janeiro, afirma que "as preocupações mais agudas estão (...) no Norte, Oeste e Atlântico Sul" e sugere esta distribuição: Amazônia e fronteiras, forças dotadas de mobilidade na região central para emprego onde necessário e (à primeira vista, desconectada das preocupações agudas) forças no Sul/Sudeste para defesa da concentração demográfica e econômica (?), além da maior presença naval no Norte.

A tecnologia e seu desenvolvimento são enfatizados. O compromisso com a não proliferação nuclear é complementado pela "necessidade estratégica de desenvolver e dominar essa tecnologia" - supostamente para fins pacíficos, mas fórmula semântica ambígua, usada por países (Irã...) que querem manter aberta a porta nuclear. À ênfase na tecnologia é acrescentado o estímulo à indústria de interesse militar. Parcerias com empresas estrangeiras são condicionadas à transferência de tecnologia. Embora realçando a indústria privada, atribui à estatal o pioneirismo em tecnologia "que as empresas privadas não possam alcançar ou obter (...) de maneira rentável". Importante: é preconizada a continuidade orçamentária indispensável aos projetos longos - e até mesmo à sobrevivência empresarial -, o que há muito não ocorre.

A END afirma que "o Brasil ascenderá ao primeiro plano (...) sem exercer hegemonia e dominação". Correto, mas conviria mencionar que para ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU é condição a responsabilidade correlata, propiciada também por capacidade militar. Não é cogitada a segurança coletiva como a pretendida no Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar) - sem sentido no pós-guerra fria - e tampouco há menção a substituto sul-americano, acertadamente porque segurança coletiva pressupõe ameaça comum, inexistente. A afirmação de que o Conselho de Defesa Sul-Americano "criará mecanismo consultivo que permitirá prevenir conflitos" aparenta destoar da política regular: prevenir conflitos cabe a organizações políticas - ONU, OEA, Unasul... Sobre esse conselho, é sintomática a frase: "... sem que dele participe país alheio à região", obviamente, os EUA.

A defesa do serviço militar obrigatório responde à responsabilidade de toda a sociedade pela defesa nacional - conceito consensualmente escamoteado: não temos recrutas das camadas superiores da pirâmide social. Entretanto, é preciso conciliá-lo com a tecnologia moderna, que exige capacitação dificilmente adquirida em dez meses de serviço militar por recrutas de instrução modesta. O relevo atribuído à participação em forças internacionais e às forças de pronto emprego e de operações especiais reforça a influência da tecnologia na configuração dos efetivos: elas requerem profissionalização. Diz a END que a tecnologia não é alternativa à mobilização: estará hierarquizando a quantidade sobre a qualidade, ao contrário do mundo de poder militar eficiente? Há que procurar o equilíbrio do ideal republicano com o não comprometimento da eficiência, condicionada pela tecnologia.

Ao afirmar que "o País cuida para evitar que as Forças Armadas desempenhem papel de polícia", a redação "cuida para evitar" aparenta aceitar, a contragosto, o papel de polícia, impróprio numa democracia quando além de episódio crítico que de fato imponha a ação militar transitória. Essa atuação está exigindo, nas palavras da END, "legislação que ordene e respalde as condições específicas e os procedimentos federativos que deem ensejo a tais operações, com resguardo de seus integrantes".

Enfim, o saldo da END é positivo. O reconhecimento da conveniência de sua existência e sua abertura à sociedade já são relevantes, em país onde a defesa nacional não entusiasma a política e a sociedade. Há espaço para aperfeiçoamentos, alguns insinuados neste artigo. Mas é improvável que a END possa satisfazer a dimensão estratégica da inserção internacional do Brasil, a persistir o atual descaso societário e político pela defesa nacional.