quarta-feira, 10 de agosto de 2011

GUERRA CONTRA AS DROGAS PASSA POR FRONTEIRAS


EDITORIAL O GLOBO, 09/08/2011 às 16h10m

As autoridades precisam cuidar das fronteiras para evitar a entrada de drogas (e, por extensão, de armas para o crime organizado) no Brasil. São uma obviedade tanto a preocupação com as portas abertas para o contrabando de entorpecentes quanto o conselho para asfixiar, com o controle das áreas de limite com outras nações, o abastecimento aos principais mercados do país. A novidade é que, no caso, as recomendações partem de alguém com inegável conhecimento de causa - o ex-traficante Tuchinha, que foi chefe do comércio de drogas na Mangueira e agora, após 21 anos de prisão, renega o passado ligado ao banditismo para trabalhar com o AfroReggae.

Os dois mais importantes centros brasileiros de receptação de drogas e armas, as regiões metropolitanas de Rio de Janeiro e São Paulo, têm registrado estimulantes reduções dos indicadores da criminalidade decorrente do tráfico. Mas são números que ainda estão aquém dos limites aceitáveis para uma sociedade em que a violência deixe de ser a causa de frequentes tragédias. Em grande parte, ações de combate ao crime em todo o país são comprometidas pela inexistência de uma política de segurança estratégica, de que o controle de fronteiras deve ser um princípio, em vez de episódicas iniciativas policiais.

O tamanho do problema é proporcional à extensão das nossas áreas limítrofes. São quase 17 mil quilômetros, dos quais 11 mil quilômetros ligam o Brasil aos três maiores produtores de cocaína do mundo - Peru, Bolívia e Colômbia. Somente os dois primeiros respondem por 60% a 70% desse tipo de droga que entra no território nacional. São carregamentos para o mercado interno e outras regiões do mundo. Segundo um relatório das Nações Unidas sobre drogas e crime, o Brasil tornou-se o maior intermediário sul-americano do tráfico para a Europa em termos de cargas apreendidas.

Um perfil moldado pela tíbia fiscalização de fronteiras. O ex-traficante Tuchinha deu seu parecer sobre a entrada de drogas no país poucas semanas depois de o governo brasileiro ter medido na prática a importância do controle dos limites geográficos.

Graças a uma operação de fiscalização ostensiva, aliada a ações de inteligência e de colaboração com outros países, forças de segurança conseguiram aumentar, entre junho e julho, as apreensões de drogas em áreas limítrofes críticas. O volume de cocaína apreendida cresceu 233 vezes em relação a igual período de 2010, ao passo que a quantidade de maconha subtraída ao tráfico aumentou 65% desde o início de 2011. Tais números mostram que são fundamentais ações concretas de fiscalização na guerra contra o tráfico. Também embutem outra evidência: movimentos pontuais levam a resultados imediatos, mas é inescapável que o país precisa de uma política estratégica, de Estado, com iniciativas permanentes de controle de fronteiras e programas que incluam não só a atuação da Polícia Federal, mas a essencial colaboração das Forças Armadas como forças auxiliares. É importante também incrementar a presença das instituições do Estado nos municípios fronteiriços. É uma questão a ser tratada como prioridade pelo poder público. O novo ministro da Defesa, Celso Amorim, deveria tratar do assunto com prioridade.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - PARABÉNS, EDITORES DO O GLOBO! é preciso "cuidar das fronteiras para evitar a entrada de drogas (e, por extensão, de armas para o crime organizado) no Brasil." É "uma obviedade" que as autoridades brasileiras tratam com desleixo e negligência. Atualmente estão "as portas abertas para o contrabando de entorpecentes", e para o tráfico de armas, munições, animais, pessoas e valores, diante de iniciativas superficiais, imediatistas, isoladas, "episódicas" e sem continuidade que favorecem a ação criminosa.

O editorial acerta em afirmar que "ações de combate ao crime em todo o país são comprometidas pela inexistência de uma política de segurança estratégica" e que o governo não observa que o "controle de fronteiras deve ser um princípio"

Concordo com a conclusão do Editorial que só "uma operação de fiscalização ostensiva, aliada a ações de inteligência e de colaboração com outros países, forças de segurança" possam tornar este controle mais eficientes e aumentar as apreensões de drogas em áreas limítrofes críticas e que é preciso "uma política estratégica, de Estado, com iniciativas permanentes de controle de fronteiras e programas que incluam não só a atuação da Polícia Federal, mas a essencial colaboração das Forças Armadas como forças auxiliares". Entretanto, saliento que a medida principal para o sucesso desta política de segurança nas fronteiras passa pela criação e instalação de uma POLÍCIA NACIONAL DE FRONTEIRAS para manter ligações entre as demais forças, estabelecer bases fixas e móveis e executar o patrulhamento ostensivo, discreto e repressivo permanente e contínuo ao longo das fronteiras, pelo comprometimento institucional da missão e pela permanência na vigilância das fronteiras do Brasil.

Daí sim veríamos sucesso no Projeto PEFRON

2 comentários:

  1. olá, me indicaram este blog como sendo possivel entrar em contato com a Força Nacional. Fiz o curso do PEFRON no Pará e desde entao espero uma possivel convocação. Fui informado ainda que existe uma grande necessidade de pessoal devido a desistencia de alguns que sao convocados mas que logo pedem desligamento. Sou investigador em MT e fiz o curso juntamente com o GEFRON mas outra informaçao da conta de que toda disponibilidade de vagas que sao enviadas, o comando do GEFRON nao passa aos membros deste. Por favor como faço para fazer parte da FORÇA?? Se houver vagas podem enviar diretamente para a diretoria da policia judiciaria civil de MT, pois somos eclipsados pelo atual comando GEFRON nesse sentido, que ao nao permitir que PMs sejam convocados acaba por prejudicar nós policiais civis com tal atitude. GRATO!!!

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  2. Odenil, Vou me informar a respeito. Mas adianto que sou contra o atual formato da PEFRON. A coisa vai funcionar quando criarem uma Polícia Nacional de Fronteiras abrindo concurso para preencher os quadros de nível superior e nível médio. A PEFRON é mais um instrumento superficial para ações pontuais. Apesar de estimular policiais civis e militares estaduais para entrarem nos seus quadros, cria divergências e falsas expectativas, já que a via política tem muita influência na indicação do candidato. Até agora não vi publicação de edital e concurso para a PEFRON e nem para a Força Nacional.

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