quarta-feira, 8 de junho de 2011

CONTRABANDISTAS TINHAM AUXÍLIO DE POLICIAIS


OPERAÇÃO EM TRÊS ESTADOS. Contrabando de cigarros tinha auxílio de policiais - GUILHERME MAZUI, ZERO HORA 08/06/2011

Após um ano de investigações, a Polícia Federal desmontou uma quadrilha que comercializava todos os meses cerca de 5 milhões de maços de cigarros paraguaios no Rio Grande do Sul e Uruguai. O grupo contava com o apoio de policiais de Santa Catarina e Paraná.

Com a primeira prisão realizada na segunda-feira, em Santana do Livramento, a Operação Loki foi deflagrada na manhã de ontem, com 157 agentes federais, 36 homens da Força Nacional de Segurança Pública e 15 da polícia militar catarinense. A ação cumpriu 41 mandados de prisão nos três Estados do sul do país, 21 só em cidades gaúchas, como Frederico Westphalen, Santana do Livramento, Cruz Alta e Porto Alegre.

Coordenada pela PF catarinense, em Dionísio Cerqueira, até o final da tarde a ação havia prendido 38 suspeitos, entre eles dois policiais rodoviários do Estado do Paraná e cinco policiais militares de cidades do Oeste de Santa Catarina. Os três foragidos são gaúchos, de Frederico Westphalen, onde foram cumpridos 12 mandados. Os presos podem ser indiciados por formação de quadrilha, contrabando e descaminho.

Comprada em Ciudad del Eeste, no Paraguai, a carga entrava no Brasil por Foz do Iguaçu e, em comboios de carros, seguia para entrepostos em Francisco Beltrão e Realeza, municípios do Paraná. Após, os pacotes tomavam o destino do Rio Grande do Sul. Com a ajuda dos policiais, que recebiam propina para repassar aos contrabandistas informações sobre as barreiras de fiscalização, o cigarro chegava a Frederico Westphalen, principal base da organização no Estado.

– Em Frederico estava um dos mentores da quadrilha. A cidade funcionava um posto de distribuição, pois o foco do comércio do cigarro contrabandeado estava no Rio Grande do Sul e em Montevidéu – explica o delegado catarinense Ildo Rosa, integrante da operação, que, durante os 12 meses de investigações, já havia prendido mais de 30 pessoas em flagrante, apreendido pelo menos 36 veículos e 1,1 milhão de maços de cigarro.

Integrantes da quadrilha com dupla nacionalidade ou uruguaios faziam o cigarro entrar no país vizinho, conforme o delegado Alessandro Lopes, da PF santanense, que comandou as ações no Estado, e deflagrou paralelamente a Operação Comodoro II, visando a entrada ilegal de produtos uruguaios no Brasil, como CDs e DVDs, além de bebidas alcóolicas.


A trilha do esquema

- Em Ciudad del Este, a quadrilha comprava cigarros negociando em guarani. A mercadoria entrava no Brasil por Foz do Iguaçu, no Paraná.

- De Foz do Iguaçu, a carga era levada em carros para entrepostos como Francisco Beltrão e Realeza.

- Com ajuda de policiais rodoviários do Paraná e de policiais militares de Santa Catarina, o cigarro vencia as barreiras de fiscalização e entrava no Rio Grande do Sul. Próxima à divisa, Frederico Westphalen era o principal entreposto da carga no Estado.

- A mercadoria seguia para cidades gaúchas como Palmeira das Missões, Cruz Alta, Santa Maria, Rosário do Sul, Bagé, Santana do Livramento, Rio Grande, Cachoeirinha, Canoas e Porto Alegre.

- Parte dos carregamentos seguia para o Uruguai por Santana do Livramento e Aceguá, meios para chegar a Montevidéu.

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