quarta-feira, 30 de março de 2011

ARSENAL DO TRÁFICO NÃO VEM DE DENTRO DO BRASIL

Maioria das armas dos traficantes NÃO vem de dentro do País - Redação Carta Capital - 30 de março de 2011

CartaCapital acompanha com atenção os debates que se iniciaram na CPI das Armas da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Publicamos abaixo um e-mail enviada à redação pelo diretor nacional do CAC (Colecionadores, Atiradores e Caçadores) e membro da ONG Viva Brasil, Fabrício Rebelo. Ele contesta duramente a reportagem “Maioria das armas dos traficantes vem de dentro do país” publicada aqui, na qual o sociólogo, e integrante da ONG Viva Rio, Antonio Rangel Bandeira, fala sobre vários aspectos de seus 13 anos de pesquisa sobre o comércio e o tráfico de armas no Brasil. Rangel foi o primeiro a depor da CPI e participou da CPI das Armas no Congresso Nacional, concluída em 2006. Ele defende em sua entrevista a ideia de que a maioria das armas em posse de traficantes tem origem no Brasil. A ONG Viva Brasil não concorda com essa afirmação e se julga atingida por ela.

O debate está aberto. Ao longo das próximas semanas publicaremos outras opiniões sobre o assunto , que é de enorme relevância para a população brasileira.

“Estupefatos, tomamos conhecimento da matéria online intitulada ‘Maioria das Armas dos Traficantes Vem de Dentro do País’, na qual são veiculadas afirmações atribuídas ao senhor Antônio Rangel Bandeira, da ONG Viva Rio.

O teor das aludidas afirmações, como não raro se verifica com seu autor, são flagrantemente caracterizadas por absurdos inomináveis, frutos, ou de má-fé, ou de um desconhecimento profundo dos temas sob análise, especialmente no que concerne às atividades dos Colecionadores, Atiradores e Caçadores – CAC, leviana e irresponsavelmente ligados a supostas atividades do crime organizado.

Ao contrário do que levianamente afirma o representante da citada ONG, as atividades dos CAC são, atualmente, regidas por legislação dotada de grandiosa rigidez, cuja aplicação é alvo de fiscalização igualmente rígida pelo Exército Brasileiro, não se podendo conceber como possa alguém sequer cogitar a possibilidade de que um CAC se submeta a tais normas e fiscalização para fins delituosos. Seria simplesmente ilógico, subvertendo a mais elementar inteligência humana.

Para conseguir obter o registro como CAC, o interessado é obrigado a satisfazer diversos requisitos fixados em lei, a exemplo de comprovar capacidade técnica para o manuseio de armas, possuir ocupação lícita, a inexistência de antecedentes criminais ou processo penal, e mesmo a inexistência, sequer, de indiciamento em inquérito penal – isso mesmo, para o CAC não se aplica o princípio da presunção de inocência, pois o tão só indiciamento (mesmo sem condenação) já é suficiente para impedir o exercício da atividade.

Não bastasse isso, todos os trâmites burocráticos são altamente custosos, assim como os equipamentos utilizados para fins de coleção, tiro ou caça, e isso por conta, especialmente, dos tributos que incidem sobre tais equipamentos.

Adquirir uma arma como CAC é um processo lento, caro, intricado e rigidamente fiscalizado. Portanto, alegar que alguém possa se submeter a tamanha burocracia e fiscalização para transferir uma arma ao tráfico de drogas, como sugere o senhor Rangel, é um absurdo capaz de corar um monge pedra!

Como certamente desconhece o senhor Rangel – ou propositalmente omite -, todo CAC tem sua residência fiscalizada por oficiais do Exército Brasileiro, inclusive de forma inopinada, quando precisam ser apresentados todos os equipamentos possuídos e toda a correspondente documentação, coisa a que um criminoso jamais se submeteria.

Não bastasse isso, as alegações do aludido senhor igualmente subvertem a lógica financeira. Uma arma comprada legalmente por um CAC custa inúmeras vezes mais do que uma arma utilizada em atividades criminosas, normalmente oriundas de contrabando – ou será que o governo já oficializou a cobrança de impostos para as atividades delituosas dos bandidos?

Logo, como explicar que um CAC, por exemplo, gaste mais de seis meses para comprar um fuzil – que, por nossa legislação, sequer pode ser semiautomático -, nele despenda mais de dez mil reais – após o pagamento das licenças, impostos de importação, desembaraço alfandegário, etc. -, tenha ele vinculado ao seu nome sob toda a fiscalização que isso gera e, simplesmente, prefira transferi-lo à criminalidade, junto à qual seu custo não ultrapassa os cinco mil reais?
Por outro lado, as aquisições de equipamentos por CAC possuem limites quantitativos, simplesmente não existindo a “farra” de importação a que, novamente de modo leviano, alude o representante da ONG Viva Rio.

Aliás, seria interessante que esse senhor especificasse quais foram os “vários colecionadores” presos trazendo armas do Paraguai ou os “muitos traficantes” que se inscrevem em clubes de tiro para importar armas. Do contrário, através da matéria veiculada, estará ofendendo moralmente toda a categoria dos CAC, cuja ilibada conduta não se correlaciona, sequer ao longe, aos despautérios propalados irresponsavelmente pelo senhor Rangel.

Diante de tal desfile de absurdos, de pronto integralmente repudiados, e visando instruir vindouros procedimentos judiciais que serão adotados para a prevalência da verdade, o Movimento Viva Brasil, ONG que congrega dentre seus filiados diversos Colecionadores, Atiradores e Caçadores, os representando, vem a esse veículo de imprensa formalizar requerimento de direito de resposta, com idêntico espaço ao concedido ao representante do Viva Rio, com espeque no que dispõe a Constituição da República Federativa do Brasil (art. 5º, V).

Sem mais para o momento e no aguardo de resposta à presente, subscrevemos,”

Movimento Viva Brasil
Fabricio Rebelo – Diretor Nacional para CAC
www.movimentovivabrasil.org.br
diretoria.cac@movimentovivabrasil.com.br

AS ROTAS DA VIOLÊNCIA


Crime organizado. As rotas da violência. Como armas e munições chegam às mãos de bandidos brasileiros - Bruno Abbud - Revista Veja, 28/03/2011

Os contrabandistas desmontam as armas e enfiam as peças em bexigas de borracha, depois de besuntá-las com pó de café e graxa – truques utilizados para despistar os focinhos dos pastores alemães da PRF.

Em 26 de novembro passado, uma sexta-feira, um tiro de fuzil calibre 7.62 varou as costas, rasgou os intestinos, perfurou o pâncreas e atravessou o abdômen de Rogério Cavalcante, 34, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. O rombo provocado pela saída da bala não pôde ser costurado pelos médicos, por falta de pele. Seis meses antes, no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, assaltantes invadiram a joalheria Tiffany & Co e levaram 1,5 milhão de reais em jóias com a ajuda de pistolas 9 milímetros, escopetas calibre 12 e submetralhadoras. Há 32 dias, modelos idênticos foram utilizados por dez homens encapuzados para invadir a única agência do Banco do Brasil em Boninal, cidade de 13 mil habitantes a 513 quilômetros de Salvador, na Bahia. Os crimes aconteceram em horários diferentes, locais diferentes e de maneira diferente. Mas têm uma coisa em comum: as armas, todas elas comercializadas no mercado negro.

Finalizada em novembro de 2006, a Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou o tráfico de armamentos em todo o território nacional baseada em dados fornecidos pelo Ministério da Justiça e pela Polícia Federal concluiu que 66% do material bélico contrabandeado para o Brasil vem do Paraguai. “O principal corredor de armas é o Paraguai, não há dúvidas”, diz o deputado Paulo Pimenta, do PT do Rio Grande do Sul, que foi relator da CPI. De cada 100 armas em posse de criminosos brasileiros, 29 foram roubadas dentro do país (a maioria de funcionários de empresas de segurança) e 71 chegaram por contrabando, informa uma pesquisa da RCI First Security and Intelligente Advising, empresa de Segurança Privada sediada em Nova York, especializada em análise e gestão de risco, responsável pela construção da maioria dos 120 bunkers que existem hoje no Brasil. Dessas, 5% desembarcam por mar, vindas de outros continentes, 8% vêm da Bolívia, 17% do Suriname e a maioria absoluta, 68%, do Paraguai. Com 6,3 milhões de habitantes, o país, que em 1870 perdeu a guerra para a aliança formada entre Brasil, Uruguai e Argentina, agora importa uma quantidade de armas suficiente para equipar todos os integrantes da população.

Sem violar qualquer lei, 19 empresas paraguaias importam pistolas Glock da Áustria, fuzis AK-47 da Rússia, AR-15 dos Estados Unidos e metralhadoras genéricas da China – que têm coronha de plástico e com frequência apresentam defeitos funcionais que aborrecem os traficantes cariocas. De cada 100 armas que o Paraguai compra, 81 são importadas legalmente, revela a pesquisa. Devidamente embalado e registrado em notas fiscais, esse armamento chega em contêineres pelo porto de Paranaguá, no Paraná, conhecido por especialistas em segurança como o “porto do Paraguai”. Dali, o carregamento segue por estradas federais brasileiras até o Paraguai e é entregue às importadoras. O engenheiro Ricardo Chilelli, especialista em Segurança Internacional e diretor-presidente da RCI First, revela que, assim como os chineses monopolizam o contrabando de produtos piratas, os russos controlam o contrabando de armas no continente. “Isso faz com que as estatísticas de exportação se invertam”, conta. Só 17% das exportações de armas feitas pelo Paraguai acontecem dentro da lei. A imensa maioria, 83%, é fruto do contrabando.

Mas a máfia russa não comanda tudo sozinha, alerta o jurista Walter Maierovitch, ex-secretário Nacional Antidrogas no governo Fernando Henrique Cardoso. Especialista em criminalidade transnacional, Maierovitch informa que “as máfias russa, italiana, turca, e até facções brasileiras atuam em conjunto no tráfico de drogas e armas na América do Sul”. Embora criminosos estrangeiros dominem o vaivém de material bélico no continente, quem se arrisca nas travessias para o lado brasileiro nada têm de europeu. Nessa etapa, existem dois tipos de contrabandistas: aqueles que são encarregados apenas de cruzar a fronteira e os que, além disso, levam o carregamento até as principais capitais do país.

Na fronteira da paranaense Foz do Iguaçu com a paraguaia Ciudad Del Este, por exemplo, esses traficantes são brasileiros que costumam caminhar normalmente pelas ruas, vestem roupas amarfanhadas, usam óculos de grau e falam o tempo todo sobre os míseros 800 reais que ganhariam, em média, caso optassem por empregos regulares. Para garantir o salário maior, entram no Paraguai em busca de armas, mantêm fornecedores fixos e especializam-se no transporte dos produtos para o lado brasileiro. “Armas e drogas atravessam o Rio Paraná em canoas a remo e, na parte alta, em lanchas motorizadas”, informa o promotor Rude Burkle, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Foz do Iguaçu. Em solo brasileiro, outros contrabandistas cuidam da entrega das encomendas que, na maior parte das vezes, têm como destino São Paulo.

Tudo chega por terra. Ricardo Schneider, inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Foz do Iguaçu, conta que, antes de alcançar a capital, os contrabandistas desmontam as armas e enfiam as peças em bexigas de borracha (daquelas que enfeitam festas de criança) depois de besuntá-las com pó de café e graxa – truques utilizados para despistar os focinhos dos pastores alemães da PRF e os policiais de faro apurado. Também camuflam as armas em caminhões de abacaxi (por causa do cheiro forte), em carregamentos de carvão (que são enormes e dificultam a revista) e em cargas de peixe: se as portas do freezer ambulante forem abertas, os peixes correm o risco de apodrecer. Caso não encontrem vestígios de armas ou drogas, os policiais podem ter de pagar indenizações ao peixeiro ou multa se contaminarem o carregamento.

“Em automóveis, os esconderijos variam bastante”, adverte Schneider. “No Uno Mille, por exemplo, é comum esconder armas num fundo falso no porta-malas”. Em carros de outras marcas, enfiam as peças no tanque de gasolina para disfarçar o cheiro. Frequentemente serram a lataria, ocultam os armamentos, soldam o ferro e refazem a pintura – como fizeram há alguns meses dois paraguaios em um Mercedes Classe A na BR-277, presos perto de Cascavel, no Paraná. A dupla dizia que estava no Brasil para jogar golfe. Foram flagrados com um rifle Barret ponto 50, próprio para atravessar blindagens.

Olheiros a serviço de traficantes passam o dia monitorando postos policiais instalados nas estradas que ligam São Paulo ao Paraguai. “Como os policiais rodoviários andam todos fardados, é fácil identificar quantos têm no posto e quantos estão na rua”, adverte Schneider. Os criminosos localizam as viaturas e informam os comparsas por celular. Também telefonam para os postos para comunicar falsos acidentes. “É preciso acabar com a porosidade na fronteira”, diz Schneider. A porosidade é ainda maior em Mato Grosso do Sul. “Só dois homens da polícia militar circulam no lado brasileiro da fronteira de Coronel Sapucaia com Capitán Bado”, conta Ricardo Rotunno, promotor de Justiça de Amambai e ex-coordenador do Gaeco em Mato Grosso do Sul. “Lá não há delegados, agentes da Polícia Federal nem da Receita Federal”.

Algumas vezes, traficantes e contrabandistas denunciam suas próprias cargas em trânsito nas estradas brasileiras, conta Ricardo Chilelli. São carregamentos com drogas misturadas com produtos químicos e armas de pouca relevância para os bandidos. “Eles desviam a atenção da polícia”, diz o especialista. “Enquanto apreendem uma tonelada de maconha, por exemplo, um carregamento de 200 toneladas passa despercebido”. Aparentemente exagerados, os números são endossados pelo volume de armamentos apreendidos nos últimos anos pela PRF. Entre 2003 e 2010, 11.035 armas e 768.929 munições foram capturadas. Durante os primeiros 12 dias de ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, em novembro de 2010, no Rio de Janeiro, 518 armas foram apreendidas – entre elas 140 fuzis. O relatório de conclusão da CPI que investigou o tráfico de material bélico no Brasil informa que há 17 milhões de armas de fogo em circulação no país ─ 4 milhões em poder de criminosos.

As rotas do contrabando de armas são idênticas às do tráfico de drogas. “As propinas pagas por criminosos a policiais fazem com que os caminhos e os personagens sejam os mesmos”, diz Chilelli. A corrupção endêmica permite que um fuzil AK-47 seja alugado em São Paulo por diárias que variam de 500 a 800 reais. Na capital paulista, cinco quadrilhas fornecem o serviço de aluguel das chamadas “armas longas”. Um Fuzil Automático Leve (FAL) calibre 7.62 pode ser comprado por cerca de 45.000 reais – três vezes o preço negociado na fronteira com o Paraguai e com outros países da América do Sul (como mostra o Infográfico).

No Rio de Janeiro, o deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL, presidirá a CPI que, aberta em 14 de março, vai tentar descobrir como armas e munições chegam às mãos dos traficantes cariocas. Segundo Freixo, as investigações não devem se restringir aos problemas na fronteira com países vizinhos. “Há indícios de corrupção nas polícias e falta sincronia entre o Exército e as forças locais”, observa o deputado. Daqui a cinco meses a CPI deve ser concluída. E uma série de propostas será feita às autoridades. Em 2006, a CPI do Tráfico de Armas resultou “num conjunto de recomendações ao Poder Executivo e de projetos de lei”, diz o deputado e ex-relator Paulo Pimenta. “Todos os projetos estão em tramitação”. Concretamente, o pacote de propostas foi responsável pela criação de uma delegacia especializada em tráfico de armas e munições na Polícia Federal e pelo Projeto Especializado em Policiamento de Fronteira, o chamado Pefron – um tipo de policiamento específico que até agora existe em 11 cidades. É pouco se levarmos em consideração a dimensão do contrabando de armas que, nas mãos de criminosos, matam, causam sequelas irreversíveis e agridem a população com prejuízos incontáveis.

terça-feira, 29 de março de 2011

BM DISCUTE SEGURANÇA NA FRONTEIRA COM POLICIAIS DA ARGENTINA E DO URUGUAI

BM discute segurança fronteiriça com forças policiais da Argentina e do Uruguai - Portal da ASOFBM, 23/03/2011

Na quarta-feira (23/3), em Santana do Livramento, foi realizado o Encontro Internacional de Instituições de Segurança de Fronteira, ocasião que reuniu representantes da Brigada Militar,Policia de Missiones, Corrientes e Policia Nacional do Uruguai.

O evento aconteceu no Salão Nobre do Comando Regional de Polícia Ostensiva da Fronteira Oeste (CRPO/FO), e proporcionou um debate entre os participantes sobre a atuação das polícias em áreas de fronteira.

O encontro teve a presença do comandante-geral da BM, coronel Sérgio Roberto de Abreu, que fez a abertura e destacou a importância da integração entre os órgãos de segurança fronteiriça.

Também participaram do encontro o cônsul do Uruguai no Brasil, Ricardo Duarte Vargas, o chefe do Estado-Maior da BM, coronel Valmor Araújo de Mello, o comandante interino do CRPO/FO, tenente coronel Iguaraçú Ricardo da Silva, o comandante do 4º Batalhão de Policiamento em Áreas de Fronteira, tenente coronel Sérgio Flores de Campos, o jefe de Policia de La Provincia de Misiones, República Argentina, o Diretor General de Coordinacion e Interior de La Jefatura de Lá Policia de La Província de Corrientes Argentina, comisario general Benjamín Alberto Roa, o comisário General Sr José Alves, Comisário Inspector Luis Madera Diretor de Coordinacion Executiva Policia Nacional del La República Oriental del Uruguai, com su asiento na Ciudad de Rivera e Agente Consular Pedro Chaves da Silva representando a cônsul do Brasil no Uruguai.

segunda-feira, 21 de março de 2011

PATRULHANDO O RIO PARANÁ - PF APREENDE 9 EMBARCAÇÕES, 3 CARROS E MUITA MERCADORIA


Nove embarcações e três carros são apreendidos em Foz do Iguaçu, no PR - G1, 18/03/2011.

A Polícia Federal apreendeu nove embarcações e três veículos utilizados no transporte de mercadorias contrabandeadas do Paraguai, na madrugada desta sexta-feira (18), em Foz do Iguaçu (PR).

Durante patrulhamento no Rio Paraná, na região da Vila Portes e Jardim Jupira, os policiais encontraram os barcos carregados com pacotes de mercadorias, como equipamento de pesca, eletrônicos, alimentos, acessórios para bicicletas, roupas e cigarros.
As embarcações estavam nas margens do rio, onde três carros faziam o transporte dos produtos. Os contrabandistas fugiram quando a polícia se aproximou. Ninguém foi preso.

Os barcos e as mercadorias foram encaminhadas às Delegacia de Polícia Federal em Foz do Iguaçu (PR).

sexta-feira, 11 de março de 2011

ARSENAL DO TRÁFICO TINHA FUZIL BOLIVIANO E MUNIÇÃO DE VÁRIOS CALIBRES.

ARSENAL DO TRÁFICO - Apreendido fuzil com quadrilha - ZERO HORA 11/03/2011

Um arsenal usado para proteger o tráfico foi descoberto na manhã de ontem por agentes do Denarc em duas casas do bairro Stela Maris, no limite entre Alvorada e Porto Alegre. Entre os armamentos havia, além de espingarda e revólveres, um fuzil com as inscrições do exército da Bolívia. Três homens e uma mulher serviam de guardas para mais de 400 munições dos mais diversos calibres.

Conforme a investigação, as armas pertenceriam ao bando Bala na Cara, que atua no bairro Bom Jesus e tenta o domínio do tráfico na Vila Augusta, em Viamão. A suspeita é de que o fuzil boliviano tenha entrado no país com as drogas trazidas de outros países. A operação já resultou em oito prisões desde a semana passada.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - QUEM CONTROLA AS FRONTEIRAS? ONDE ESTÁ A NOSSA POLÍCIA DE FRONTEIRAS?

sábado, 5 de março de 2011

OS COIOTES NO BRASIL



Os coiotes no Brasil. Atraídos pelo desenvolvimento do País, imigrantes contratam atravessadores e pagam até US$ 10 mil para conseguir entrar ilegalmente no Brasil. Claudio Dantas Sequeira e Bruna Cavalcanti - REVISTA ISTO É, N° Edição: 2156, 04.Mar.11. Atualizado em 05.Mar.11

Todos os dias, em algum ponto dos 16,8 mil quilômetros da fronteira seca que separa o Brasil de seus vizinhos, um grupo de imigrantes entra ilegalmente no País. Incentivados pela imagem de potência emergente, esses clandestinos caem nas mãos de atravessadores estrangeiros e brasileiros, os chamados coiotes, que encontram por aqui um mercado cada vez mais promissor. Nos EUA, os coiotes são famosos por agir na fronteira com o México transportando pessoas de todas as partes do mundo. Por aqui, o fenômeno ainda é embrionário, mas tende a crescer. Áreas extensas e mal vigiadas, autoridades corruptas e uma lei frouxa tornam o trabalho de repressão praticamente inócuo. O caso do cidadão bengali Mohammad Belal Hossain, detido numa ação da PF no Acre, é exemplar. Escondido num hotel com outros oito ilegais que ele trouxe de Bangladesh, Belal preparava-se para levá-los a São Paulo. Preso em flagrante, pagou fiança de R$ 1,2 mil e desapareceu. A lei prevê pena de um a três anos de prisão para coiotes brasileiros e apenas a expulsão para agenciadores estrangeiros. Assim como o bengali, outros dois bolivianos e dois haitianos também foram detidos – e soltos horas depois – desde o ano passado no Estado.

O Acre, aliás, é a nova base de operação dos coiotes, como fica estampado no grupo de 214 haitianos que desembarcaram em Brasileia (AC) nos últimos meses. Fugindo da miséria e do cólera que assolam o Haiti, os clandestinos podem se transformar num imbróglio diplomático. Sob anonimato, um dos haitianos disse à ISTOÉ que pagou R$ 6 mil para sair de Porto Príncipe e chegar à Amazônia. O coiote, segundo ele, teria nacionalidade haitiana e contatos com policiais brasileiros. Fontes da PF confirmaram que a principal rota utilizada sai de Porto Príncipe e passa por Santo Domingo (República Dominicana), Quito (Equador), Lima e Cusco, no Peru. Ainda em território peruano, os coiotes levam os ilegais até Porto Maldonado e Iñapari. Daí, vão para Epitaciolândia ou Brasileia, por táxi, ônibus ou a pé. Alguns tentam atravessar pelo rio, em local de difícil fiscalização, e pela mata.

“Em esquemas mais organizados, os coiotes direcionam esses estrangeiros até o trabalho que irão realizar, geralmente subempregos na cidade de São Paulo, exigindo que trabalhem para pagar sua viagem”, diz o chefe da Coordenação-Geral de Polícia de Imigração da PF, Antonio Carlos Floriano Lessa. Segundo o delegado, a PF está tentando fechar o cerco aos coiotes através dos adidos policiais e da Interpol. O Itamaraty também tem realizado gestões junto ao governo do Peru e especialmente ao do Equador, que não exige visto de entrada da maioria dos países, facilitando a atuação desses atravessadores. “A maioria dos coiotes que atuam no Brasil faz parte de uma rede internacional, atuando principalmente no Exterior, o que dificulta as investigações”, afirma Lessa.

O esforço da PF, no entanto, parece desconsiderar a participação de brasileiros e agências de viagens que funcionam sob fachada no Brasil. A boliviana Constancia Gonzalves, 65 anos, cruzou ilegalmente a fronteira em agosto do ano passado com a ajuda da agência de turismo “Esmeralda”, que funciona num endereço descaracterizado na rua Coimbra, centro de São Paulo. No local, diariamente às 3h da madrugada, chegam ônibus lotados de bolivianos. “Paguei R$ 620 para trazerem ela”, afirma o filho Juan, que já vive no Brasil legalmente há duas décadas. Ele diz que o negócio foi acertado com o brasileiro de nome Willians, suposto proprietário da agência. À ISTOÉ, Willians disse que só transporta imigrantes com documentos.

Constancia, no entanto, conta que fez a viagem na companhia de duas filhas, uma neta e mais de uma centena de ilegais. O trajeto de Santa Cruz até São Paulo, com escala no Paraguai, levou uma semana, tempo que passou sem poder tomar banho ou se alimentar direito. No meio do caminho, foram obrigados a dormir em hotéis sem banheiro e até garagens de ônibus. Numa dessas paradas, havia mais de 200 pessoas na mesma situação. Constancia diz que teve de pagar fiscais da Polícia Federal para poder seguir viagem. “Uma vez à noite, nos fizeram descer do ônibus e caminhar até uma casa com dois quartos pequenos onde havia policiais. Todo mundo formava uma fila e tínhamos que pagar por um carnê que eles nos davam”, diz. Juan conta ainda que a mãe só foi “liberada” depois que a agência confirmou o pagamento da viagem. “Não sabia que minha mamita viria nessas condições. É muita humilhação.” Se nada for feito, a situação só tende a piorar.